Apoiado pelo pioneiro Henrique Dirschnabel, Carlos Boos foi o segundo prefeito de Guabiruba. Nascido na localidade de Guabiruba Norte, no município de Brusque, no dia 13 de dezembro de 1905, é filho de Paulo Boos e Anna Boos.

Ele teve grande influência no processo de emancipação do município, sendo um dos vereadores de Brusque na época em que organizou um abaixo-assinado para o desmembramento de Guabiruba e Botuverá, processo que deu origem à criação do novo município.

De acordo com Aurinho Silveira de Souza, assessor da Câmara de Vereadores de Brusque na década de 1960, e atualmente chefe de gabinete da prefeitura, o município de Guabiruba foi criado por conta das aspirações de Carlos Boos, e surgiu após a derrota dele como candidato a prefeito de Brusque.

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Boos foi vereador em Brusque em quatro mandatos, ocupando todos os cargos na mesa-diretora do poder Legislativo. Chegou a ser presidente da casa em 1960, ano de comemoração do centenário da cidade, antes de assumir a prefeitura de Guabiruba.

Carlos Boos foi vencedor nas primeiras eleições municipais para prefeito e vereadores de Guabiruba, que aconteceram no dia 7 de outubro de 1962. Ele foi eleito pelo Partido Social Democrático (PSD), derrotando Arcênio Wippel (UDN) e Aniberto Kohler (PTB).

O segundo prefeito de Guabiruba exerceu seu mandato a partir do dia 31 de janeiro de 1963 a 31 de janeiro de 1969. Assim como Dirschnabel, ele desempenhou sua função sem a figura do vice-prefeito.

Carlos Boos em sessão na Câmara de Brusque; ele foi peça importante na emancipação de Guabiruba | Foto: Arquivo grupo Curto Fotos Antigas de Guabiruba

Carlos Boos é lembrado por diversos feitos durante seu governo. No seu mandato, foi construída a ponte Governador Celso Ramos, a primeira em concreto armado do município, além da construção do primeiro posto de saúde de Guabiruba, de acordo com registros históricos.

Também foi ele o responsável pela implantação da eletrificação rural das localidades Guabiruba Norte, Guabiruba Sul, Guabiruba Baixa, rua São Pedro, Pomerânia, entre outras; e ainda conseguiu realizar a reforma do sistema de eletrificação do município.

O ginásio Ministro Raul Scheffer foi construído e instalado em prédio próprio durante a administração de Boos, que reformou também diversas escolas municipais.

Professor formado, Boos lecionou no bairro Águas Claras e também na Escola Estadual de Guabiruba Norte Alta. Posteriormente, ele doou àquele estabelecimento de ensino um terreno, além de conseguir, com a ajuda dos lavradores, construir um prédio de alvenaria para a escola que ainda hoje existe.O segundo prefeito era muito ligado à igreja, tendo sido catequista e capelão na Capela de Guabiruba por 35 anos, entre 1925 e 1960. Foi membro efetivo do Coral de Guabiruba por vários anos, além de ser “fabriqueiro” na Capela – uma espécie de voluntário, encarregado de auxiliar nas tarefas necessárias.

Muito antes de sequer cogitar ser prefeito, começou, em 1929, as chamadas “Santas Procissões”, destinadas à oração e à penitência, as quais partiam da Escola de Guabiruba Norte Alta e dirigiam-se à Capela do Centro, hoje Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Boos dirigiu essas procissões durante quatro décadas inteiras. Além disso, durante mais de cinco décadas, ele realizou trabalhos de sepultamento e o transporte de doentes para as cidades de Brusque, Blumenau, entre outros municípios.

Depois de uma vida dedicada à política e à religiosidade, o ex-prefeito faleceu em 7 de março de 1977, e foi sepultado no cemitério de Guabiruba Norte. Carlos Boos é homenageado com o seu nome em duas ruas: no bairro Aymoré, em Guabiruba, e no bairro Limeira, em Brusque.

O Instituto Carlos Boos, sem fins lucrativos, foi criado em 2005, junto ao lançamento do livro contando sua história: “Carlos Boos nunca soube dizer não!”, escrito por Saulo Adami e Tina Rosa, que foi lançado em 2005, ano do centenário de seu nascimento.

O instituto foi criado por iniciativa de filhos e netos, com o objetivo de manter a sua história viva. Quem administra atualmente são os netos de Boos, após os falecimentos de Otto e Anselmo, filhos do ex-prefeito.

A família mantém muitas fotos, arquivos, diplomas, móveis e ainda o casarão no bairro Aymoré. Além disso, também está guardada a primeira patrola do município.

“Ele foi um batalhador na emancipação de Guabiruba. Ele foi quatro vezes vereador de Brusque, mas muito atuante na sociedade guabirubense, como professor e presidente de cooperativa. Essas histórias têm que ser preservadas”, conta Aguinaldo Luiz Kormann, neto de Carlos Boos.

A casa não está aberta para o público, porque dois filhos de Boos ainda moram lá, mas a intenção é de que futuramente seja disponibilizada para visitações.


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