“A gente entende que o clube é da comunidade”, resume Rogério Comandolli, tesoureiro do Grêmio do Lageado de Fora. O clube, que leva o nome e as cores do Grêmio de Porto Alegre, surgiu na década de 1970 movido pela paixão pelo futebol de moradores do bairro. Desde então, os vizinhos contribuem para que a equipe e sua estrutura se mantenham firmes.

O Grêmio tem a maior estrutura física da cidade, com mais de 600 metros quadrados, onde são realizados casamentos, batizados e festas organizados pelos moradores, além dos eventos tradicionais do clube.

O clube é famoso pelo seu torneio, que reúne dezenas de times, sempre em janeiro, e também um baile de Páscoa – ambos organizados há mais de 30 anos. Além deles, uma nova tradição vem crescendo no clube: o costelaço, que surgiu em 2014 e já teve seis edições.

Costelaço do Grêmio realizado em 2017 | Foto: Divulgação

Importância do bairro

A origem do clube é baseada na paixão de amigos pelo esporte, que se reuniam na propriedade de Miguel Resini durante o fim de semana para se divertirem. Depois de um tempo, em 1979, moradores do bairro se mobilizaram para construir seu campo de futebol com apoio da prefeitura, que era comandada por Zenor Sgrott, à época. 

A prefeitura executou a terraplanagem nas terras de Aléssio Pavesi e Hercílio Comandolli, enquanto a comunidade foi a responsável pelo plantio do gramado.

“Praticamente todos se envolveram quando a gente construiu a sede, primeiro de madeira. Quando reformulamos, cerca de 30 pessoas ajudaram a colocar as placas novas de grama”.

Oficialmente, o clube passou a existir em 1986, com Marino Dalabona como presidente. Naquela época, a primeira diretoria foi formada e o Grêmio passou a disputar os campeonatos municipais de futebol de campo com participações mais expressivas, principalmente a partir da década de 1990.

“Aquelas crianças que começaram na década de 1980, com incentivo do seu Dalabona, atingiram o auge na década de 1990, quando começamos a ficar entre os melhores”. O Grêmio foi campeão municipal duas vezes, em 2002 e 2007, e foi vice em outras duas oportunidades.

Atualmente, o Grêmio conta com um gramado reformulado, isolado com alambrado, e uma sede com galpão e cozinha equipada, onde realizam os eventos sociais. Tudo isso foi conquistado com muito esforço da diretoria, mas também pelo apoio das pessoas do bairro.

“Tudo batalhado junto com a comunidade e os empresários, por uma diretoria atuante para manter a estrutura funcionando. A gente depende de favores e também de muito trabalho. Também já tiramos dinheiro do nosso bolso, assim como todos os clubes da região. Vamos tentando manter a tradição”.

Interação das equipes no último torneio realizado no clube, em 2020 | Foto: Divulgação

Resistência

O Grêmio se reestruturou e adaptou para continuar realizando torneios, algo que já foi comum entre os clubes de Botuverá, mas que foi se perdendo ao longo do tempo. Apesar disso e de toda a organização e tradição, hoje o clube sofre para conseguir completar o número de inscrições de jogadores para os campeonatos municipais.

“Temos uma dificuldade enorme de conseguir jogadores. Os jovens não querem mais jogar futebol e quem ainda está envolvido tem entre 45 e 50 anos, não têm mais fôlego para jogar campeonato. É muito difícil conseguir 20 pessoas para ter esse compromisso”.

Equipe do Grêmio em torneio no Cinema, em Vidal Ramos, em 2017 | Foto: Divulgação

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