A história do clube e do bairro Ourinho se confundem. Antes de sequer ser construída a igreja no local, o time já tinha iniciado suas atividades e se mantém até hoje. O primeiro registro oficial foi feito só em 2005, mas os primeiros chutes foram dados na década de 1940.

Atual diretor esportivo do Ourinho, o vereador Victor Wietcowsky foi o responsável por ir a fundo na história do clube. Em 2005, quando assumiu a presidência, conversou com vários de seus antecessores mais antigos, incluindo seu avô, para saber mais sobre a origem da equipe.

“Em 2005, quando assumi como presidente, uma turma jovem entrou, eu e mais três amigos da mesma idade, tinha na época 19 anos, a gente decidiu registrar o clube. Durante todo esse período, nada ficou documentado”.

Ele descobriu que não se sabe a data exata do pontapé inicial do clube, mas que foi por volta de 1940. Naquela época, existiam muitas famílias na área, que ainda pertencia ao município de Vidal Ramos. Isto motivou a criação de um segundo clube, originário do primo mais velho, o vizinho Ourífico.

“Até as cores do Ourífico e Ourinho são parecidas. Desde o começo, sempre teve amizade, mas também uma rivalidade”, conta.

Time do Ourinho no campeonato municipal de 1995 | Foto: Arquivo pessoal

De início, os integrantes do Ourinho jogavam em qualquer “pasto mais plano” que encontrava, até que, em 1966, por doação de um morador, um campo adequado foi instalado, mas com muito esforço da comunidade.

“O atual campo foi quando Kiko Barni cedeu uma parte do terreno para fazer um campo. Os antigos contam que, na época, ele riu porque não tinha como fazer um campo na área, que era uma plantação de arroz. Era um local mais baixo e alagado. Eles tiveram que, na força da enxada, da zorra e dos animais, trazer barro para aterrar e ir nivelando. Era menor do que é hoje, mas foi graças a essa doação que foi feito. O nome é estádio Pedro Barni em homenagem ao pai do Kiko”.

“Marca registrada é a amizade”

A maioria dos troféus que o Ourinho tem são de torneios, focava mais nisso. Wietcowsky  conta que, até 1981, a área ainda pertencia a Vidal Ramos e o time não participava dos campeonatos municipais em Botuverá, focava em participação em torneios, Ele destaca que o auge do time foi na década de 1990, quando mais ganharam troféus nesses torneios.

Recentemente, o Ourinho ficou afastado de torneios por um tempo, para focar nos campeonatos. Isto não durou muito porque, segundo Wietcowsky, o clube estava “perdendo a identidade”. 

“Os clubes do interior fazem trocas de participação nos eventos, um ajuda o outro. Como nós não fazemos torneio desde 2008, então também não participávamos dos outros. Quando começamos a fazer o evento da polenta com galinha então começamos a ir em torneios para os clubes virem no nosso evento”.

Equipe de veteranos do Ourinho em 1997 | Foto: Arquivo pessoal

O time, então, colocou no projeto, desde 2018, que participaria de todos os torneios de Botuverá, Leoberto Leal, Vidal Ramos, Imbuia e Presidente Nereu. “A gente pega a barraca, com dois, três carros e vamos para o torneio. Tocamos violão, jogamos baralho. A gente vai para se divertir, muitas esposas e crianças vão junto”.

Nos campeonatos municipais de campo, o Ourinho não chegou a classificar entre os quatro primeiros, mas tem um título na categoria veteranos, em 2017, e uma conquista de sub-17 em 2011, ambos de futsal. Wietcowsky destaca que, para o clube, o mais importante é a participação e a interação da comunidade.

“A marca registrada do clube é a amizade. A alegria é colocar a gurizada para jogar. A gente faz até um certo serviço social. A maioria dos jogadores são novos, coisa que você vê pouco ultimamente. O princípio para jogar lá é participar de torneios, dos amistosos, estar sempre junto. Nunca fomos de contar com atletas desconhecidos, que vão lá só para fazer o campeonato”, explica.

Para custear os gastos, desde 2016, o clube realiza um evento de polenta com galinha, substituindo o costelaço que era feito anteriormente. Na primeira edição, 190 pessoas participaram, enquanto na última, em 2019, esse número passou de 350.

“Só temos campo e vestiários, o que temos de gasto é para manter o campo, confecção de uniformes. As despesas com viagens, confraternizações, como a gente tem intimidade, a gente se acerta na hora. No fim de ano, sempre fazemos uma confraternização. O que a gente arrecada no evento, a gente gasta para manter o pessoal unido”.


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