Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

​A indústria têxtil em Brusque – Parte VIII: Schlösser

Rosemari Glatz

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​A indústria têxtil em Brusque – Parte VIII: Schlösser

Rosemari Glatz

A Gustav Schlösser & Filhos foi a terceira grande empresa têxtil a iniciar operações em Brusque e se consolidar no mercado, depois da Renaux e da Buettner. Foi fundada em 1911 por Gustav Schlösser, um tecelão de Lodz, e por seus dois filhos, Hugo e Adolph.

Mas a relação dos Schlösser com a indústria têxtil data de séculos, e a história da família se assemelha com a de outras inúmeras famílias de tecelões que mudaram a história econômica de Brusque e do Vale do Itajaí-Mirim.

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Os Schlösser – auslandsdeutsche
A família Schlösser é originária de Rothenburg, na Silésia (Rothenburg in Schlesien) e se dedicava ao ramo têxtil como fabricantes de tecidos de lã. Fazia parte dos chamados “auslandsdeutsche”, assim chamados os imigrantes alemães que estavam estabelecidos em território polonês.

Geograficamente, a família de Gustav Schlösser veio da Polônia, que, naquela época, era província da Rússia. Eles faziam parte de um grupo de tecelões da Silésia que haviam sido atraídos pelo governo russo para iniciar a atividade têxtil em Lodz, Ozorków, Zgierz e adjacências, e estavam lá radicados desde o final do século XVIII.

A atração de pequenos fabricantes e tecelões para a Polônia
No século XVIII, os silesianos já eram considerados pioneiros têxteis de alto gabarito, que procuravam expandir suas experiências como mão de obra qualificada.

A Polônia oferecia boas perspectivas de sobrevivência e futuro desenvolvimento da indústria têxtil, atraindo profissionais do ramo têxtil. Verificou-se uma forte tendência para a imigração, apoiada pelo próprio governo da Prússia.

O deslocamento de pequenos fabricantes e tecelões de lã centralizou-se na região de Ozorków-Zgierz-Lodz, e em outras pequenas cidades dessa região.

O enorme desenvolvimento da indústria têxtil facilitou a abertura do mercado russo para tecidos, um mercado ainda inexistente no império dos Czares. No fim do século, essa região tornou-se grande núcleo da indústria têxtil da Polônia, sendo considerada a mais importante da Europa.

A emigração dos Schlösser de Rothenburg para a Polônia
Gottfried Schlösser, avô de Gustav Schlösser (precursor da Schlösser em Brusque), nasceu em 1789, na cidade de Rothenburg, no tempo em que a Silésia pertencia ao Reino da Prússia.

Gottfried, motivado pelo enorme desenvolvimento do ramo têxtil na Polônia, se radicou em Ozorków, primeira cidade fabricante de tecidos do Reino. Naquela época, cada mestre era considerado “fabricante de tecidos”, ocupando-se da produção até a venda do tecido. O fio de lã era fiado manualmente.

Em 1820, quando Gottfried Schlösser emigrou, a cidade de Ozorków contava com 403 teares manuais, produzindo 4.000 peças de tecido. Quando, em 1829, nasceu Karl Wilhelm Schlösser (pai de Gustav Schlösser), Ozorków recebeu a visita do Czar da Rússia, Alexandre I, pois Ozorków era considerada a primeira cidade têxtil na Polônia.

A migração dos Schlösser dentro da própria Polônia
Após muitos anos de permanência em Ozorków, vislumbrando melhores oportunidades, a família Schlösser se mudou para a cidade de Zgierz, próxima de Ozorków, e distante apenas 10 km de Lodz.

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A cidade era considerada um importante centro têxtil, com tradição histórica desde o ano de 1404. Em função da fabricação de tecidos de linha mais nobre, Zgierz apresentou ótimo desenvolvimento econômico, compatível, inclusive, com o desenvolvimento de Lodz.

E foi nesse bom momento econômico que, em 1860, nasceu Gustav Schlösser, filho de Karl Wilhelm Schlösser. Naquele ano, em Zgierz havia 116 fabricantes de tecidos de lã e 32 de tecidos de algodão, 5 fiações de lã e algodão e várias tinturarias. Tinha 12 mil habitantes e, destes, um terço eram alemães.

Continua na próxima semana.

Fonte: Documentos sobre a origem da família fornecidos por Marcus Schlösser à autora.

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