Existem aqueles filmes premiados, reconhecidos, que todo mundo tem que assistir, para alimentar a cultura cinematográfica. E existem aqueles que se encaixam na nossa memória emocional mais infantil (mesmo que já fôssemos bem crescidinhos quando os vimos pela primeira vez) e que viram itens de colecionador naquela mistura feliz que chamamos de cultura pop.

A gente começa a remexer nos filmes de 1988, hoje, por esta última categoria, que pode muito bem ser chamada de filmes da Sessão da Tarde.

88 foi o ano de lançamento de algumas figurinhas fáceis da época, como Cocktail, Sem Licença para Dirigir, Jovens Pistoleiros, Willow e Big – Quero ser Grande. Mas… Tom Cruise, Tom Hanks, Emilio Estevez e Val Kilmer que me perdoem, minha seleção pessoal de “filmes com pipoca” daquele ano passa por outros atores e histórias. Vamos?

Os Fantasmas se Divertem

Beetlejuice! Beetlejuice! Beetlejuice! Impossível não falar três vezes o nome do personagem principal deste filme delicioso sem ter um pouco de medo de que ele apareça na sua vida, para… “causar muita confusão”, evidentemente.

O filme de Tim Burton (com Alec Baldwin, Geena Davies, Winona Ryder e todo um elenco perfeito) talvez seja o melhor de toda a carreira de Michael Keaton – que no ano seguinte incorporaria um Batman questionável (Batman sem queixo, como assim?), pelas mãos do mesmo diretor. Uma continuação consta no IMDb… mas parece ser um projeto que Burton não prioriza. Talvez seja melhor assim.

Curiosidade: o filme está em primeiro lugar entre os títulos do ano, no mesmo IMDb. Merecidamente, concorda?

 

Uma Cilada para Roger Rabbit

Uma parceria perfeita: produção de Steven Spielberg e direção de Robert Zemeckis (que tinha conquistado o mundo três anos antes, com De Volta para o Futuro). Junte a isso a técnica maravilhosa que mistura animação e live-action  – algo que já havia encantado muitas vezes, de Gene Kelly dançando com o ratinho Jerry em Marujos do Amor (em 1944!) às cenas mais inesquecíveis de Mary Poppins (1964) e uma história, personagens e elenco primorosos – Bob Hoskins e o próprio “Doc BrownChristopher Loyd e… temos aqui um dos melhores filmes de 1988. Que, por sorte, pode ser visto hoje sem parecer datado. Experimente!

 

Elvira, Rainha das Trevas

Que me perdoe quem acha que Elvira não poderia estar no mesmo patamar dos dois filmes aí acima, já que é um filme de baixo orçamento e sem pretensões de ser grande cinema. São exatamente essas características, mais o carisma total de Cassandra Peterson (quem? A própria Elvira, pessoa desatenta!) que tornam o filme uma joia entre os favoritos da Sessão da Tarde. Com sua estrutura de gibi, sua mistura de terror e humor, sua falta de comprometimento com qualquer rótulo e suas pitadas de humor adulto, Elvira se transformou em ícone de uma época. Quem nunca viu, que veja agora mesmo.

Esta é Cassandra Peterson, a atriz por trás de Elvira.

Duro de Matar

Cabe um pouco de ação nesta Sessão da Tarde? Claro que sim! Especialmente o primeiro filme da franquia que transformou Bruce Willis em superastro – ok, ele já havia capturado a atenção das massas com seu detetive destrambelhado David Addison Jr na série A Gata e o Rato. Mas nada se compara a ao indestrutível John McClane, sua personalidade irônica e sua capacidade de transformar qualquer situação em algo a seu favor.

Mesmo tendo outros filmes inesquecíveis em sua filmografia (hello, Pulp Fiction!) Willis não se livrou nunca mais do personagem – já conseguiu não morrer em sua pele cinco vezes! Dá até para entender que ele tenha sido escalado para o remake de Desejo de Matar, no lugar que já foi de Charles Bronson. De alguma forma, os personagens guardam alguma semelhança.

Imensidão Azul

A listinha de destaques também ganha seu representante mais elegante, mais poético e… menos pop, na acepção mais básica do termo. O filme do francês Luc Besson, sobre a rivalidade entre dois adeptos do mergulho livre, é de uma delicadeza tão profunda que a gente até estranha ter feito tanto sucesso, na época.

 

Semana que vem tem mais…