3 de outubro de 1960: 97,72% dos eleitores foram às urnas
Depois de três mandatos consecutivos, Mário Olinger, Anibal Diegolli e Carlos Moritz, a UDN, buscava uma nova vitória, com Ciro Gevaerd. Seus adversários, o médico Dr. Chico Dall’Igna, pela aliança PTB/PSD e Carlos Boos pelo PRP. Os 90 dias de campanha foram marcados por estratégias de ataques aos candidatos feitos pela imprensa, grandes comícios e centenas de cabos eleitorais.
Ciro Gevaerd tinha o prefeito Carlos Moritz como o principal trunfo eleitoral. Sua gestão era bem avaliada pela população. Outro trunfo era o candidato Carlos Boos, vereador do PSD e que fora para o PRP, 5 meses antes da eleição, num acerto com a UDN, em troca da emancipação do bairro Guabiruba, em caso de vitória de Ciro Gevaerd. Os ataques ao Dr. Chico eram centrados numa frase “Dr. Chico é comunista. Prefeito comunista não.”
Dr. Chico Dall’Igna era populista, tinha o apoio dos sindicatos, de boa parte dos empresários, sobretudo das empresas Renaux e de toda a imprensa, ou seja, dos jornais O Município e o Rebate e da Rádio Araguaia. Na época o mais respeitado jornalista de Brusque era Jaime Mendes. Na edição de 1º de outubro do jornal O Município ele publicou sua coluna com o último parágrafo dizendo: “Por mais que o propaganda udenista diga o contrário, não podemos acreditar que o povo esteja satisfeito e querendo a continuidade desse governo de ódio, de persefuições, de favoritismo e desonestidade; a não ser se beneficiaram deles. Repetimos aqui a frase do Padre Godinho: A PRIMEIRA VEZ A CULPA É DE QUEM ENGANA. A SEGUNDA É DE QUEM SE DEIXA ENGANAR. Já os ataques pessoais ao candidato Ciro Gevaerd eram centrados as filas em frente ao Tabelionato do qual Ciro era o titular. Dizia-se que as escrituras eram feitas de forma gratuita.
Carlos Boos passou os 90 dias de campanha visitando os colonos de todo o município e passou de casa em casa no bairro Guabiruba. Nas visitas aos colonos, a maioria de descendência alemã, a conversa na língua germânica girava em torno da vida na roça e das historias contadas por ele, que era um grande contador de causos. No final das visitas Carlos Boos tirava um envelope do bolso, recheado com um bom dinheiro e presenteava a Dona Frida. Sempre que possível colocava o envelope dentro da blusa da corada Frida. No bairro Guabiruba, nas visitas em todas as casas a conversa terminava com o pedido: “Se não quiser votar em mim, então vote no Ciro Gevaerd. Só não vote no Dr. Chico porque ele é comunista e votar em comunista é pecado mortal.”
No dia 3 de outubro, abertas as urnas, o resultado mostrou que a estratégia da UDN com a candidatura de Carlos Boos, deu muito certo. Ciro Geverd venceu a eleição com 4.889 votos; Dr Chico fez 4.188 votos e Carlos Boos fez 2.481 votos. Em junho de 1962 foi cumprida a promessa: Guabiruba se tornou município e Carlos Boos foi o primeiro prefeito eleito.
