O fruto não cai muito longe do pé. Não é à toa que do ventre de uma mulher simples e guerreira nasceu o maior ídolo do tênis brasileiro e um dos maiores do mundo. Alice Thümmel Kuerten, 68 anos, nascida em Blumenau e criada em Brusque até os 17 anos, é mãe de Gustavo Kuerten, o Guga, hoje com 40 anos.

Em Brusque também nasceu sua vó, Olga Schlöesser – grande incentivadora de sua carreira -, que faleceu no Hospital e Maternidade de Brusque (HEM) em abril do ano passado.

Assistente social e presidente do Instituto Guga Kuerten (IGK) desde 2000, em Florianópolis, Alice é uma mãe orgulhosa dos seus três filhos: Rafael, o mais velho, Guga, o do meio e Guilherme, o caçula, falecido em 2007.

Os bons valores e costumes sempre nortearam a relação familiar e foram indispensáveis para o sucesso dos “meninos de dona Alice” em todas as esferas da vida. “Eu ensinei a humildade, o respeito e a consideração com as pessoas. Também ensinei que fossem educados e não esquecessem dos limites, pois o mundo não é feito só para nós e sim para um monte de gente. A minha liberdade termina onde começa a do outro. Também insisti para que fossem perseverantes e nunca desistissem dos seus sonhos”, diz.

Minha mãe sempre foi uma das minhas principais incentivadoras. Considero ela uma heroína que conseguiu superar dezenas de desafios.

Guga Kuerten

Quanto à Guga, a mãe, que também jogou tênis de forma amadora, inclusive na Sociedade Esportiva Bandeirante, em Brusque, é só elogios: “Ele é um filho exemplar e o que tinha de marcante na sua infância era querer imitar o mais velho, o Rafael. Ele é um menino de garra, que queria sempre lutar e ganhar”, conta Alice, que recorda que o tenista vivia com a raquete nas mãos desde os quatro anos. Aos seis ele disputou a primeira competição.

O começo da carreira do filho não foi fácil. Com oito anos, Guga perdeu o pai, Aldo Kuerten, vítima de um ataque cardíaco. Mesmo com poucos recursos e patrocinadores, a assistente social foi guerreira e nunca mediu esforços para que Guga realizasse o seu sonho de jogar. E foi o que aconteceu: todo o incentivo e amor da matriarca e dos irmãos foram essenciais para que o maior tenista brasileiro conquistasse o mundo.

“Nós passamos por alguns momentos difíceis. A morte do Aldo, o começo da carreira e depois a morte do meu filho Guilherme, mas nunca ficamos distantes”, afirma Alice. Atualmente, os encontros de mãe e filho, regados a cafezinhos, são no escritório do IGK. Claro que lá o contato é mais profissional, porém, é possível trocas de afetos, que se estendem aos encontros de família.

“O Guga viaja muito e no escritório o contato é profissional. Mas frequentemente ele me chama para comer uma pizza e os meus netos vem uma vez por semana comer na minha casa”, conta.

Alice Thümmel Kuerten é presidente do Instituto Guga Kuerten/IGK/ Divulgação

Para Alice, ser mãe é um cargo de muita responsabilidade e a possibilidade de poder contribuir com a humanidade. “É muito lindo ter essa chance, contribuir com toda a civilização, de um ser que vem de você, que leva alguma coisa de você. No entanto, não é só por no mundo, tem que conviver, criar. É um dom divino que não tem qualificação, é lindo demais, é muito sublime ser mãe”.

Heroína
Falar de dona Alice para Guga é muito especial. Em diversas entrevistas ele é carinhoso e não mede palavras para demonstrar seu amor à mulher que lhe deu à vida e esteve ao seu lado em todos os momentos de sua carreira.

“Minha mãe sempre foi uma das minhas principais incentivadoras. Considero ela uma heroína que conseguiu superar dezenas de desafios”, diz Guga.