A primeira professora brusquense
No começo, todos eram estrangeiros. Tinham vindo de longe, do outro lado Atlântico para povoar as terras que um dia foram habitadas pelo solitário ermitão Vicente Só. Austríaco, era o fundador da Colônia Brusque, o Barão de Schnéeburg. Alemães, eram os 55 imigrantes pioneiros, assim como os demais que foram chegando em turmas para ocupar os seus lotes coloniais.
De origem germânica, não eram somente os colonos de machado e enxada nas mãos a labutar na terra prometida. Foram também os primeiros carpinteiros, marceneiros, alfaiates, ferreiros, médicos, agrimensores e o pastor. Brasileiros mesmo, só alguns funcionários, os policiais e um ou outro perdido no meio de uma comunidade que mais parecia um pedaço da Europa se levantando no sul do Brasil.
Também veio de longe, muito longe, da fria e gélida Suécia, a primeira professora, a baronesa Sofia Augusta von Knörring. Chegou ao Brasil muito antes da fundação de Brusque. Seu marido Eduardo sofria de grave doença pulmonar e veio em busca uma possível cura no clima tropical do nosso país. Viveram algum tempo na Colônia Dona Francisca, no Rio de Janeiro e no Desterro, com seu marido sempre lutando contra a doença.
Pois foi na capital da Província que ela recebeu o convite do Barão de Schnéeburg para ser a primeira professora primária de Brusque. A data certa da inauguração da escola não se conhece. Mas, com certeza, aconteceu em 1861, logo após um ano de fundação da Colônia e deve ter sido bastante festejada pelos poucos moradores da sede.
Anos depois, sua neta a retratou como uma professora amada pelas suas alunas e dedicada à missão de ensinar. Não deve ter exagerado. Um historiador sem vínculo de parentesco, foi mais além no reconhecimento do mérito da primeira professora brusquense. Escreveu que “por trinta e quatro anos consecutivos, atendeu dona Augusta aos seus deveres de mestra, ensinando com carinho, mais como verdadeira mãe do que simples professora de primeiras letras”.
Aposentada após mais de trinta anos de magistério, Augusta Knörring transferiu-se para Blumenau, a fim de passar os últimos anos de sua vida em Blumenau, ao lado de sua única filha, Matilde e netas. Faleceu em 1898. Embora católica, sua sepultura encontra-se no cemitério evangélico da vizinha cidade, em meio aos ciprestes e casuarinas que, ao sopro dos ventos, balançam e gemem de tristeza, indiferentes à história dessa extraordinária mulher que cruzou o oceano para educar as primeiras meninas brusquenses.
Por tudo isso, nesta data em que se comemora o Dia do Professor, não podemos esquecer da primeira professora brusquense, Sofia Augusta Knörring, que veio de tão longe para dar os primeiros passos da história da nossa educação.
Aos professores que ensinam as crianças e jovens brusquenses de hoje e aos mestres aposentados, como é o caso de minha esposa Ana Maria, Parabéns pela data.
