Quem nunca pensou tal coisa. Pensar nos políticos como sendo psicopatas naturais. E parece tão certo. Não é?

Insensível, manipulador, explorador, impenitente e arrogante – esses são os traços a diagnósticar no psicopata.

E enquanto os políticos não são assassinos em série reais, há muitos cumprimentam amigavelmente com uma mão e com uma faca na outra.

Em agosto passado, o psicólogo de Oxford Dr. Kevin Dutton classificou vários líderes pelos seus traços psicopatas usando uma ferramenta psicométrica padrão, o “Inventário de Personalidade Psicopata – Revisado”.

O Dr. Dutton encontrou que Donald Trump estava acima de Adolf Hitler, mas ficou um pouco atrás de Idi Amin, Saddam Hussein e Henrique VIII. Ele também encontrou Hillary Clinton entre Napoleão e Nero.

No final, o Dr. Dutton concluiu que um toque de psicopatia nos nossos líderes não era uma coisa assim tão ruim – isso lhes dá as ferramentas de que precisavam para orientar seus eleitores em tempos difíceis.

A descoberta espalhou-se por todo o lado. Histórias semelhantes vêm emocionando os leitores há anos. Os problemas são estes: a ciência não é tão rigorosa quanto precisa ser, a psicopatia se confunde com a criminalidade e cada um de nós tem a capacidade de psicopatia.

Nick Haslam é professor de psicologia na Universidade de Melbourne. Ele garante que os pesquisadores já argumentaram que os psicopatas são um grupo distinto de pessoas malévolas, separadas do resto de nós – mas é amplamente aceito que a psicopatia está em um continuum.

Continua dizendo que todos temos inteligência social, o que significa que todos temos a capacidade de manipular e explorar os outros.

Uma vez que a psicopatia não é mais entendida em termos de criminalidade impiedosa, ela se transformou na ideia do psicopata bem-sucedido, das pessoas que exploram seus traços psicopáticos para prosperar no mundo político e corporativo.

Haslam disse que alguns políticos podem mostrar traços psicopáticos mais altos, outros não. Mas ele sugere que muito do seu comportamento pobre, mesmo moralmente defeituoso reflete a natureza do trabalho, que exige e recompensa o cálculo, a manipulação e o exercício do poder nu.

Somos rápidos demais para atribuir comportamento às disposições das pessoas e demoramos muito para atribuí-las às circunstâncias deles.

A Dra. Katarina Fritzon é Professora Associada do Programa de Psicologia Forense da Bond University. Ela disse que a maior parte da pesquisa que fala sobre “psicopatia de sucesso” usa amostras de estudantes ou amostras gerais da comunidade usando instrumentos de autorrelato.

Fritzon disse que a ferramenta Psychopathic Personality Inventory (Inventário de Personalidade Psicopata) usada na pesquisa da Universidade de Oxford era bem vista, mas que na sua pesquisa encontram uma tendência para essa medida inflacionar a taxa de características psicopáticas.

Talvez a coisa mais interessante sobre psicopatia seja esta: você pode ser um psicopata completo e nem mesmo saber disso.

Em outubro de 2005, o neurocientista James Fallon estava estudando os exames cerebrais de serial killers, como parte de um projeto de pesquisa na Universidade da Califórnia em Irvine. Observou então baixa atividade em áreas dos lobos frontal e temporal ligados à empatia, moralidade e autocontrole.

A conclusão era então que apesar de nunca ter matado, agredido alguém severamente ou estuprado alguém, esses baixos comportamentos nos lobos frontais não estariam ligados à psicopatia.

Contudo, testes genéticos para comportamento agressivo, no entanto, confirmaram a verdade: sua linhagem familiar incluía sete supostos assassinos. E, na verdade, ele sabia ser motivado pelo poder e manipular os outros. Os membros da família também relataram que ele não tinha empatia.

Ele colocou sua relativa inofensividade em ser amada e protegida quando criança. Fallon disse que agora tenta ser mais cuidadoso e sensível aos sentimentos dos outros.