No
último dia 31 de março (ou 1º de abril, segundo versão não oficial),
“comemorou-se” o aniversário do golpe militar de 1964, que depôs o governo do
presidente João Goulart e deu início à série de presidentes advindos das forças
armadas, que perduraria até 1985. Durante os anos em que durou esse regime,
muitos foram os movimentos revolucionários organizados pela “esquerda”, para
tentar derrubar o governo militar. Da parte dos militares, a repressão não foi
branda, e houve muitas mortes, de lado a lado, com destaque, é claro, para a
tortura de presos e o desaparecimento de militantes de esquerda. Em 1979, no
governo do presidente João Baptista Figueiredo, foi decretada a anistia geral
para os crimes praticados durante o regime, o que possibilitou a volta de
políticos exilados, a liberdade partidária e o recomeço da democracia, muito
embora as primeiras eleições diretas depois do regime militar só viessem em
1989.

Recentemente,
foi criada a chamada “Comissão da Verdade”, para investigar casos de violação
de direitos humanos durante a ditadura, retroagindo as investigações até o ano
de 1946. A comissão tem o apoio e a propaganda de figuras ilustres, e parece
ter sido criada para manter viva a lembrança da ditadura militar. Por inúmeras
vezes, nos últimos tempos, tenho ouvido e lido notas esparsas, em vários
espaços da mídia, ecoando casos antigos de desaparecidos e alfinetando a
ditadura.

A
princípio, não me oponho a esse tipo de investigação, mas tenho me inquietado
com o fato de que muitos desses que apoiam e divulgam a tal comissão sejam fãs
incontestes de Fidel Castro e do regime cubano. Tal contradição não poderia
passar incólume. O regime socialista cubano tem um currículo de repressão,
mortes e desaparecimentos de fazer inveja a muitos facínoras da história. Perto
de Fidel, o General Emílio Garrastazu Médici, o presidente militar mais “mão
pesada” da nossa ditadura, não passa de um menino traquina. Mas a nossa
“esquerda” não se cansa de endeusar o eterno “comandante”. A falta de
democracia e de liberdades fundamentais, que persistem até hoje na “ilha”,
sequer são mencionadas por aqui.

Se
observarmos o ambiente político das décadas de 1960 e 1970, no Brasil, veremos
que a resistência ao regime militar se fazia, na sua imensa maioria, por grupos
de formação marxista, admiradores de Lênin, de Mao Tsé Tung, de Che Guevara e
Fidel Castro. Com certeza eles não combatiam o regime militar em nome da
democracia, mas na intenção de implantar aqui um regime infinitamente pior que
o que tínhamos.

A
verdade é fundamental, mas precisamos buscá-la com mais coerência. Durante a
ditadura, as universidades foram dominadas pelos marxistas e, até hoje, a
cultura está impregnada dessa ideologia de esquerda. Muito embora Marx tenha
sido um pensador fraco, que fez inúmeras análises equivocadas e que suas
previsões nunca tenham acontecido, seus seguidores têm uma capacidade infinita
de não conseguir enxergar esses erros. Quando leem a história a partir dos pressupostos
marxistas, mostram apenas um lado – o que lhes interessa mostrar – e isso é a
raiz do que chamamos de ideologia, e não de verdade. Quando a verdade for
realmente nosso grande objetivo, teremos dado um passo gigante. Por ora, penso
que ainda não é o caso.