Mãe é começo e fim, chegada e partida. É assim que o músico Bruno Moritz Neto, de 34 anos, define a dimensão do sentimento que nutre pela matriarca Cristina Moritz, 56, nascida em Blumenau, mas criada em Brusque desde os 3 anos de idade.

Aposentada do setor farmacêutico, Cristina viu que o filho tinha talento musical ainda quando era bebê. A inquietude e a paixão pelos instrumentos, em especial o acordeão, eram claros em Moritz, que só se acalmava com eles em mãos.

“O Bruno era um menino levado e alegre, pulava, ia na casa dos vizinhos. Com 3, 4 anos, dava sinais de que seguiria nessa área. Quando achava algum instrumento, tocava, tocava, abria, desmontava. Ele chegava a sentar na escadinha da farmácia (empreendimento familiar no Centro de Brusque) e tocar”, conta a mãe.

Aprendi com a minha mãe não só o que ela me ensinou, mas o que a via fazendo: a ética em tudo o que se faz, essa fibra moral.

Bruno Moritz

Sem talento para esportes e para as profissões que a maioria dos familiares escolheu: farmácia e engenharia, Moritz teve influência do seu pai, que tocava flauta e piano, mas não chegou a estudar, diferentemente do filho, que para se tornar acordeonista, compositor, arranjador e produtor musical – trabalhos que exerce com maestria hoje -, estudou piano, violão, violino, flauta transversal, trombone, trompete, contrabaixo e bandolim.

Além disso, aos 17 anos, para se aperfeiçoar ainda mais na profissão que escolheu, Moritz foi estudar em São Paulo, onde cursou Música na Universidade Livre de Música Tom Jobim (ULM) e Composição e Regência na Universidade de São Paulo (USP).

Os dez anos seguintes a sua saída de Brusque seriam de muita saudade para Moritz e sua mãe. Como sempre foi muito apegado à família, a distância era algo que mexia com os sentimentos do jovem, porém, a determinação, valor que Cristina ensinou para o filho desde pequeno, foi fundamental para superar a ausência física.

“A maior dificuldade que enfrentamos até hoje foi ficarmos longe nestes dez anos. Doía toda a vez que ele se despedia, pois sabia o quanto era apegado conosco e alegrava a casa. Mas na época não tinha professor de acordeão em Brusque”, lembra a mãe, que tem orgulho em dizer que o filho é uma pessoa que se cobra bastante, é correto e honesto.

Para ela, a maior alegria é ver Moritz batalhando e trabalhando, pois sabe que nada cai do céu. “A felicidade de uma mãe é ver os filhos felizes e sei que ele é feliz”.

O músico, que também é professor de acordeão e realiza diversos shows pelo Brasil, vê a matriarca quase que diariamente, já que ambos moram no Centro de Brusque. Os encontros servem para reforçar o amor, talvez um pouco tímido, mas muito verdadeiro que nutrem um pelo outro.

“Se algo dá errado, a gente corre para a mãe. Se algo dá certo, a gente corre pra mãe também. É difícil definir mãe, é o nosso ponto de partida e de chegada. Aprendi com ela não só o que ela me ensinou, mas o que a via fazendo: a ética em tudo o que se faz, essa fibra moral”, afirma Moritz.

Música para ela
Em um domingo de Dia das Mães, há 15 anos, em que não pôde estar com Cristina e a saudade falou mais alto, Moritz fez uma linda música instrumental, no piano, para a matriarca.

“Eu sempre penso na mãe com essa música. Eu morava em São Paulo e naquele fim de semana era para ter um show, no entanto, foi adiado e vir para Brusque ficou inviável. Eu fui em um restaurante e todos os filhos almoçavam com suas mães, e eu estava sozinho. Então fui para casa, sentei no piano e saiu a música”, conta o músico brusquense.

Assista ao vídeo com a canção que Bruno Moritz fez para a sua mãe Cristina: