Tem anos em que a gente leva susto atrás de susto com a morte de ídolos jovens. E tem anos em que são os mais velhos, aqueles que a gente lamenta mais do que se surpreende, que deixam o nosso mundinho. 2018 está sendo um desses.
Esta semana perdemos Tom Wolfe, um monstro do jornalismo e da literatura norte-americanos… e do mundo. Morreu aos 88 anos, na segunda-feira passada. Mas mesmo essa semana de intervalo não foi suficiente para que a gente deixasse essa morte para lá.
No mínimo, temos que agradecer e aplaudir os livros dele que tivemos a chance de ler. No meu caso, a introdução ao estilo vivíssimo se deu pela ficção, pelo que talvez seja o livro mais conhecido de Wolfe, A Fogueira das Vaidades. Um daqueles livros que arrancam, sem dó, nossa visão inocente do mundo. A história ganhou uma adaptação mediana para o cinema (aquela com Tom Hanks e Bruce Willis, com direção de Brian De Palma), mas é no livro que ela brilha. Aproveite para ler ou reler agora mesmo, homenageando Tom Wolfe.
O segundo livro que tive a sorte de ler, escrito por ele, foi O Teste do Ácido do Refresco Elétrico. Desta vez, é uma longa reportagem, totalmente não ficcional, mas tão cativante quanto o melhor dos romances. Wolfe acompanha a trupe de Ken Kesey (o autor do livro que rendeu o filme O Estranho no Ninho) em suas “festas” de difusão do LSD, nos anos 60 californianos. Uma aula de História, captada ao vivo e mantida intacta para sempre.
Ainda bem que a obra permanece.