Almanaque da Vida Polaca – 1

Almanaque da Vida Polaca – 1

Maria do Carmo Ramos Krieger

Em 1999, por ocasião dos 130 anos de imigração polonesa para Brusque, organizei o Almanaque da Vida Polaca, um compêndio que foi publicado em fotocópias e distribuído. Na ocasião cerca de 20 pessoas apresentaram a leitura pessoal sobre o tema imigração polonesa, formando uma coletânea de textos diversificados, dividindo seu conhecimento. Alguns dos autores eram nomes conhecidos pelos estudos que já realizavam. Outros estreavam como escritores. Todos, porém, enriqueceram o Almanaque, numa proposta diferenciada.

Honrou com sua colaboração o então Cônsul da Polônia em Curitiba, Marek Makowski que citou.

“No estado, os principais pontos de referência polônicos começam em Brusque como sendo lugar histórico e berço da imigração polonesa no Brasil. Seguem Itaiópolis, Altoparaguaçu, Papanduva, Criciúma, São Bento do Sul, Rio Vermelho, Rio Natal e Bateias de Baixo, como grandes aglomerações de descendentes de poloneses. Finalmente a capital Florianópolis, na qual se pode contar com o trabalho e a significativa contribuição dos numerosos professores, empresários, artistas e intelectuais de descendência polonesa”.

O geógrafo e professor Nilson Cesar Fraga destacou que “o imigrante europeu contribuiu positivamente para o desenvolvimento econômico de Brusque, conferindo-lhe características próprias, tais como o grande número de indústrias, com forte vinculação com o povo colonizador. Ao fixarem-se em solo brasileiro, os imigrantes trouxeram experiência e conhecimentos técnicos industriais que, aliados ao trabalho, formaram a base do capital industrial brusquense e catarinense. Nesse contexto destaca-se a importância do elemento polonês que, em 130 anos, incorporou-se ao mosaico étnico-cultural e econômico de Brusque, ajudando na ocupação e formação socioeconômica da terra barriga verde”.

Já o geólogo e professor Luiz Fernando Krieger Merico escreveu: “poloneses que aqui chegaram por volta de 1870, encontraram uma terra que era, certamente, graciosa e linda. Deve-se dizer, porém, que era uma terra hostil. A exuberante Floresta Tropical Atlântica, a maior biodiversidade do planeta, encontrava-se em grande parte preservada. O primeiro desafio foi, portanto, abrir caminhos e estabelecer-se em meio à floresta tropical”.

O historiador e escritor Aloisius Carlos Lauth lembrou: “Os imigrantes poloneses, em número de 94 pessoas, chegaram à colônia em agosto de 1869. Os anglo-americanos estavam já em debandada, em razão das péssimas condições de vida. O assentamento deu-se na linha colonial de Sixteen Lots, ocupado anteriormente pelos ingleses. Embora a demarcação, o lote era fraco em benfeitorias e culturas. Não havia o comprometimento da presidência da Província em fornecer instrumentos agrícolas e sementes para o plantio. Em pouco tempo, também os poloneses começaram a reclamar da situação e iniciaram o movimento de êxodo, seguindo os passos de Sebastião Edmundo Wos Saporski. A transferência se dá para os terrenos nos arredores de Curitiba”.

Empresário e pesquisador, Nazareno Dalsasso Angulski recordou que “os poloneses constituíram um grupo étnico minoritário no estado e que esse grupo foi pouco pesquisado e destacado pelos historiadores, esquecido muitas vezes pela classe política em geral. A maioria desses imigrantes procediam da Alta Silésia, Prússia Ocidental e da Grande Polônia. Valorizavam sobretudo três coisas: a religião, a pátria e a cultura, e se preocupavam muito em alfabetizar seus filhos”.

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