Amianto deixa de ser comercializado por empresas de Brusque

Santa Catarina foi o oitavo estado a banir a produção do minério no Brasil neste ano

Amianto deixa de ser comercializado por empresas de Brusque

Santa Catarina foi o oitavo estado a banir a produção do minério no Brasil neste ano

Santa Catarina baniu definitivamente o uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto em sua composição. Em Brusque, há pelo menos dois anos empresas do segmento não comercializam mais produtos derivados da fibra mineral.

Procurados pelo Município Dia a Dia, o Archer Materiais de Construção, a loja Breithaupt e a Brusque Material de Construção afirmam que ainda há procura, principalmente por telhas e caixas d’água, no entanto, os estabelecimentos optaram em não vender mais produtos com amianto. O vendedor da Breithaupt, Jean Marcos Maciel, conta que há dois anos, como medida preventiva, a loja decidiu parar de trabalhar com os materiais.

Ele diz que hoje a empresa vende a marca Multilit – que produz telhas de fibrocimento e policarbonato. “No começo os clientes eram mais resistentes, até porque as telhas sem amianto umedecem mais do que as outras. Mas aí explicamos que a durabilidade é a mesma e que o material não faz mal à saúde”.

A administradora da Brusque Material de Construção, Camile Beatriz Werner, diz que havia muita procura por chapa de amianto para o telhado, no entanto, há cinco anos a empresa deixou de vender o produto. “Quando as pessoas pedem com amianto falamos que causa malefícios à saúde e acabam compreendendo com facilidade”. No local são disponibilizados telhas da marca Eternit, sem amianto.

O vendedor Dickson Sidnei Rosa Filho, da Archer, também afirma que há pelo menos dois anos não trabalham mais com amianto e que a maior procura é por telhas e raramente por caixas d’água. “As pessoas nem procuram mais pois sabem que faz tempo que não vendemos”.


SC é o oitavo estado a banir a produção de amianto

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) aprovou na semana passada o projeto de lei 179.5/2008, que proíbe o uso de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto ou outros minerais que tenham fibras de amianto na sua composição.

Santa Catarina é o oitavo estado a banir a fibra, após iniciativas semelhantes serem aprovadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso, Minas Gerais e Amazonas.

“Por mais de 8 anos, este debate do banimento do amianto vem ocorrendo não só na Alesc, mas em diversos municípios catarinenses como Joinville, Criciúma, Itapema e Florianópolis, onde ocorreram diversas audiências públicas e seminários, que se transformaram em verdadeiras batalhas campais, onde defensores do amianto se apresentaram com seus exércitos para combater estas iniciativas de pôr fim à chamada catástrofe sanitária do século 20”, afirma Fernanda Giannasi, consultora especialista em meio ambiente do trabalho e representante da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea).

Segundo a especialista, a maior opositora ao banimento do amianto era a única fábrica do estado, situada em Criciúma. No entanto, desde novembro de 2015 renunciou ao uso da fibra, firmando Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho, que pôs fim ao uso do material.


Exposição à fibra mineral pode causar doenças

A exposição ao amianto está relacionada à ocorrência de diversas patologias, malignas e não malignas. Entre as principais doenças, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca) está o câncer de pulmão, de laringe, do trato digestivo e de ovário.

O amianto também causa asbestose – gerada pela deposição de fibras de asbesto nos alvéolos pulmonares, que provoca uma reação inflamatória, seguida de fibrose e, por conseguinte, sua rigidez, reduzindo a capacidade de realizar a troca gasosa, promovendo a perda da elasticidade pulmonar e da capacidade respiratória com sérias limitações ao fluxo aéreo e incapacidade para o trabalho. Além disso, a exposição ao minério pode ocasionar o mesotelioma – uma forma rara de tumor maligno, mais comumente atingindo a pleura, membrana serosa que reveste o pulmão, mas também incidindo sobre o peritônio, pericárdio e a túnica vaginal e bolsa escrotal.

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