Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Ano Litúrgico e revisão da vida

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Ano Litúrgico e revisão da vida

Pe. Adilson José Colombi

A sociedade e a cultura atuais nos convidam, a todo instante, a viver o momento presente. Viver do imediato. Possivelmente, não dar tanta importância à continuidade. Pois, a própria cultura vive da fragmentação, dos instantes, dos momentos. Esses passam. E com que rapidez! Vai-se a “caça” de outros momentos, outras sensações instantâneas.

Alguns até proclamam aos quatro ventos: “Não há felicidade! Há momentos felizes!”. Assim, vai se construindo uma vida feita de “momentos”. Não há uma preocupação ou, melhor dizendo, uma ocupação com a continuidade de um projeto de vida. Isto é, com um desenvolvimento, um crescimento na qualidade do viver. Contenta-se com o provisório, com efêmero, com passageiro, com perecível.

Para quem quer viver a proposta da Boa Nova do Reino, como cristão (ã), este estilo de vida não lhe traz a verdadeira satisfação de vida. Ao contrário, tira-lhe a força própria da Proposta de Vida do Evangelho, roubando-lhe a capacidade de transformação e de renovação constante na maneira de viver.

A espiritualidade cristã, ao longo de toda a sua História, sempre apresentou como um instrumento muito apreciado, para resolver essa fragmentação da vida: a revisão de vida. Os santos e as santas sempre se serviram dela, para justamente, aperfeiçoar seu modo de seguir o Mestre Jesus e, assim, realizarem-se como pessoa humana e viverem sua vocação fundamental: a vocação à santidade. Essa prática, sem dúvida, é válida ainda em nossos dias.

Próximo domingo iniciamos mais um Ano Litúrgico da Igreja. O Ano Litúrgico da Igreja nos oferece a oportunidade de realizar a revisão de nossa vivência da fé ao longo dos vários tempos litúrgicos: Advento/Natal, Quaresma/Páscoa/Pentecostes, Tempo Comum. Ver novamente nossas opções, nossas atividades, nossas vitórias e nossos fracassos, individuais e comunitários, não para nos deprimir, nos machucar, mas, para nos recompor e recomeçar a caminhada da fé, no novo ano litúrgico, com ânimo renovado.

O novo Ano Litúrgico é um recomeço. É um recomeço sem perda da continuidade, porém, no caminhar no seguimento de Cristo, único Caminho, Verdade e Vida. Nossa vida de fé não pode ser atomizada, fragmentada, dispersa. O seguimento de Mestre Jesus, pelo discípulo (a) tem seu projeto de vida, definido pelo Evangelho do Reino de Deus e com a permanente assistência da Igreja, como seu sinal e instrumento de realização no tempo e no espaço.

Deus pelos acontecimentos diários vai fazendo seus convites, tanto para o cristão (a) ou para a comunidade cristã, para ser seu parceiro (a), nesta grande empreitada de construir um mundo sempre mais justo, solidário e fraterno. Os acontecimentos são o sinal de Deus que me chama.

Para isso tenho que compreender sua linguagem para estabelecer um diálogo frutífero, para familiarizar-se com sua maneira de pensar e de agir, seu modo de viver. Para tanto, necessito sempre mais de conhecer sempre mais a fundo a Proposta de Vida, trazida por Jesus.

Com efeito, será ela que vai ser o meu guia na condução da revisão de vida. Isto é, se meus pensamentos, gestos, palavras, atitudes, opções tiveram como inspiração os valores do Reino de Deus. Por isso para que minha revisão de vida seja bem sucedida, necessito frequentar com assiduidade a Palavra de Deus, sobretudo, o Evangelho.

Para o discípulo (a) do Mestre Jesus, a participação ativa e atuante nas atividades pastorais e, sobretudo, nas celebrações litúrgicas da comunidade cristã, ao longo do Ano Litúrgico, oferece-lhe as condições necessárias para a construção da vida que, certamente, poderá dar bons frutos.

A revisão da vida de fé, possivelmente, diária ou frequente, como também a que é realizada ao final de cada Ano Litúrgico, são instrumentais indispensáveis para uma vida de fé, para que tenha continuidade e, portanto, para que não sofra estagnação e acomodação ou fragmentação e descontinuidade.

Pelo contrário, são uma “injeção de ânimo” e uma “renovação de espírito”, numa Sociedade e numa Cultura que não primam por convicções e compromissos contínuos e são propensas a apatias e a busca do efêmero.

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