Antropóloga brusquense trabalhou por 47 anos no Museu Nacional, destruído por incêndio

Instituição do Rio de Janeiro preservava acervo bicentenário com cerca de 20 milhões de itens

Antropóloga brusquense trabalhou por 47 anos no Museu Nacional, destruído por incêndio

Instituição do Rio de Janeiro preservava acervo bicentenário com cerca de 20 milhões de itens

Atingido por um incêndio na noite de domingo, 2, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, possuía cerca de 20 milhões de itens em seu acervo. Fundado em 1818, o museu completou seu bicentenário em agosto deste ano e é a instituição científica mais antiga do país. Antes de abrigar o Museu Nacional, o Palácio de São Cristóvão foi a residência das famílias real portuguesa e imperial brasileira.

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Há pelo menos três anos a instituição esteve funcionando com orçamento reduzido, devido à crise que atingiu a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que administra o museu. Para reabrir uma das salas mais importantes do acervo, que abriga o dinossauro Dino Prata, o museu anunciou uma “vaquinha virtual” para arrecadar recursos junto à comunidade, com uma meta de R$ 100 mil.

Dentre o acervo, estavam o fóssil humano mais antigo já encontrado no Brasil – batizado de Luzia -; a coleção egípcia, que começou a ser adquirida por Dom Pedro I; coleções de paleontologia, que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro encontrado em Minas Gerais; a coleção de artefatos greco-romanos da imperatriz Tereza Cristina; e peças que começaram a ser reunidas ainda durante o período imperial.

Museu fica na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, e foi residência da família imperial | Tânia Rego/Agência Brasil

De caráter acadêmico e científico, era o abrigo de muitos itens de pesquisa e de mais de 200 anos de história do Brasil e do mundo. Em nota, o diretor do Museu Nacional, Alexandre Keller, afirma que ainda não foi possível mensurar os danos totais ao acervo, mas que o momento é de união e reconstrução: “Precisamos mobilizar toda a sociedade para a recuperação de uma das mais importantes instituições científicas do mundo”.

Uma vida de dedicação
A antropóloga brusquense Giralda Seyferth dedicou muitos anos de sua vida ao trabalho no Departamento de Antropologia do Museu Nacional. Falecida no ano passado, aos 74 anos, ela ingressou no museu em 1970, ainda como auxiliar de ensino. Esteve vinculada à instituição até o fim de sua vida, quando atuava como professora colaboradora dos programas de pós-graduação em Antropologia Social e em Arqueologia do Museu Nacional/UFRJ.

A pesquisadora, filha mais velha de uma família de sete filhos, saiu de Brusque ainda jovem para estudar. Na área da Antropologia, atuou principalmente nos temas da colonização, imigração, imigração alemã, nacionalismo e racismo, sobre os quais publicou livros e artigos.

Brusque, sua cidade natal, foi objeto de estudo de Giralda tanto em seu mestrado quanto no doutorado. As pesquisas etnográficas desenvolvidas por ela no Vale do Itajaí-Mirim “ofereceram instrumentos para compreender os processos de constituição, as formas de organização e as estratégias de reprodução desta sociedade de imigrantes-camponeses, envolvendo desde problemas de transmissão de patrimônio e organização societária, até referenciais de identidade de grupo”, como escreveram seus alunos em homenagem póstuma, publicada na revista Carta Capital.

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O incêndio
O fogo começou por volta das 19h30 de domingo, 2, e foi controlado na madrugada de segunda-feira, 3.

As causas do incêndio estão sendo investigadas pela Delegacia de Repressão a Crimes de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, da Polícia Federal, que irá averiguar se foi um ato criminoso ou não.

O trabalho dos bombeiros foi dificultado devido à falta de água no local, e foi necessário retirar água do lago da Quinta da Boa Vista para ajudar a controlar as chamas.

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