Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Aos poloneses, pois: Nazdrowie!

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Aos poloneses, pois: Nazdrowie!

Rosemari Glatz

O polonês é um povo com tradição de emigrar há séculos, primeiro em busca do pão; depois por motivos políticos e/ou econômicos. Os países que receberam o maior número de imigrantes foram os Estados Unidos, a antiga União Soviética, a França, a Alemanha e o Brasil. Foi neste contexto que em agosto de 1869 chegaram em Brusque os primeiros poloneses, que se instalaram na Colônia Príncipe D. Pedro e ali permaneceram cerca de dois anos, quando transmigraram para o Paraná.

Desentendimentos com outros imigrantes e alguns desmandos relacionados à administração oficial da Colônia permitiram que a atuação de dois líderes – Saporski e Zielinski -, conseguissem alcançar a fronteira do Estado vizinho, onde os poloneses de Brusque deram início à imigração polonesa que, mais tarde, deslanchou no processo imigratório polaco.

A colônia polaca
Em 2017, Brusque continua abrigando uma pequena colônia de descendentes poloneses e, notadamente, os Walendowsky dela fazem parte. Foram eles que criaram e estão à frente da Fundação José Walendowsky, presidida atualmente por João Paulo Walendowsky, responsável por promover o Evento Cultural Polonês. E, em sua homenagem, compartilho um pouco da história de Luis Walendowsky – um descendente de polacos que fez nome e teve sua história escrita por Maria do Carmo R. K. Goulart e publicada na Revista Blumenau em Cadernos (1989).

Luis Walendowsky: a história contada por um descendente
Luis era filho de Francisco Walendowsky e Anastácia Witikosky, ambos imigrantes da Polônia. Francisco imigrou de Tomazow no fim da década de 1880 e, em Brusque, foi morar com a família no bairro Limeira. A mãe de Luis, Anastácia, era de outra região da Polônia e, quando a família Witikosky chegou, primeiro foi para Ijuí (RS), onde permaneceu por um tempo antes de vir para Itajaí, de onde seguiu rio acima, de canoa, até o Ribeirão do Ouro (Botuverá).

Os Witikosky foram morar com outros imigrantes de origem polonesa. Havia bugres na região e, para impedir a invasão de elementos, os colonos fizeram um cerco de taipa. Estavam armados e dividiam com outros imigrantes poloneses e italianos a segurança da sua família. O local era montanhoso e, nas palavras de Luis: “onde tem morro tem polaco e italiano, pois polaco gosta de morro porque capina em pé, e italiano porque gosta de capinar abaixado”.

Aprendeu a falar português na escola, pois até então Luis só conversava em polaco. Dos 12 aos 18 anos trabalhou na Fábrica Renaux como tecelão. Também foi marceneiro em Tijucas e Florianópolis. Em 1924, voltou a trabalhar na Renaux em Brusque, então como marceneiro – profissão que exerceu por 16 anos na mesma empresa. Ao deixar a Renaux, montou a sua própria oficina e, da trajetória de operário a patrão, passou a produzir lançadeiras – marca característica do seu trabalho. Casado com dona Sofia, Luis fez da marcenaria sua profissão de vida e, do seu nome, uma história de trabalho.

Eram muitas as lembranças de Luis, mas uma tinha especial destaque: ele contava que, quando tinha 17 anos, haviam cinco bicicletas na cidade, sendo que a quinta era dele. Com os outros irmãos, marcavam hora para que cada um pudesse andar um tempo e colocavam uma sineta na bicicleta para chamar a atenção das moças! E, a maior aventura? Irem até Cabeçudas de bicicleta só para olharem o mar!

Nazdrowie!
Entre os poloneses, “Nazdrowie” significa brindar à saúde. E é o que desejo aos descendentes de polacos em comemoração aos 148 anos de imigração. “Nazdrowie” também para o Sr. João Antonio Covastky e esposa que, gentilmente, nos brindaram com sua companhia no 11º Evento Cultural Polonês. Que venha o próximo! ​

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