Após superar o câncer de mama, paciente cumpre promessa e se torna voluntária em Brusque
Marli Carminati atua no brechó e se prepara para fazer o juramento e se tornar integrante oficial da Rede Feminina
Marli Carminati atua no brechó e se prepara para fazer o juramento e se tornar integrante oficial da Rede Feminina

Em 2016, a vida de Marli Carminati, 66 anos, mudou completamente. Durante um banho, ela percebeu um nódulo em sua mama. O hábito do autoexame, que sempre cultivou, foi essencial para a descoberta precoce do câncer.
“A mamografia é importante, mas o exame de toque é mais rápido de detectar. Tem mulheres que não têm esse hábito, e isso é fundamental”, afirma.
O impacto inicial foi devastador. “Na hora a gente perde o chão”, relembra. Foram dias difíceis após o diagnóstico até encontrar apoio na Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brusque, onde foi acolhida pelas voluntárias.
“Eu fiquei alguns dias muito mal, não sabia o que pensar, por onde começar. Você fala para as pessoas e cada uma tem uma opinião. A minha filha que me incentivou a procurar a Rede e lá eu tive todo esse acolhimento”.
Ainda em agosto daquele ano, Marli optou pela mastectomia da mama esquerda. Não precisou de quimioterapia, mas passou pelos cinco anos de tratamento com medicação e acompanhamento médico semestral. “Os três ou quatro dias que fiquei no fundo do poço foram suficientes para me fazer renascer. Depois da cirurgia, ganhei uma força tão grande que quis ser forte por mim e pela minha família para enfrentar tudo”.
Foi durante o período pós-cirurgia que Marli fez um juramento a si mesma: se ficasse bem após os cinco anos obrigatórios de tratamento, dedicaria parte de sua vida ao voluntariado na Rede Feminina, entidade que tão bem acolheu e a ajudou a superar este momento tão difícil de sua história. E assim aconteceu. Há cerca de três anos e meio, ela atua no brechó da instituição, onde já era vista com naturalidade pelas demais voluntárias devido ao seu perfil comunicativo e de vendas.
Marli participa da escala do brechó duas vezes por mês, mas sempre que necessário substitui colegas. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 13h30 às 16h30, e todo o valor arrecadado é destinado ao apoio das pacientes em tratamento, custeando desde exames até deslocamentos para Blumenau.
Quando tem oportunidade de conhecer pacientes recém-chegadas à Rede, Marli também faz questão de acolher, e compartilhar sua história, mostrando que é possível superar a doença e viver a vida normalmente após o momento de turbulência.
Neste Outubro Rosa, a promessa feita durante o tratamento ganha ainda mais significado. Marli está pronta para se doar ainda mais pela causa e para a entidade. “Vou fazer o juramento oficial da Rede. Já visto o jaleco, já me sinto voluntária, mas quero assumir esse compromisso perante Deus, retribuir tudo o que recebi e ajudar ainda mais outras mulheres como fui ajudada. Estou muito ansiosa por esse dia”, conta.
Para ela, o trabalho voluntário é uma forma de devolver o carinho e o acolhimento que recebeu no momento mais difícil da vida. “O câncer não é morte. Nós que já passamos por isso mostramos que é possível vencer. Muitas vezes, um abraço, um olhar ou uma palavra de conforto valem mais do que qualquer coisa. Sei o quanto isso faz a diferença, e aqui na Rede encontramos esse conforto que tanto precisamos, além de toda a ajuda com os exames e cirurgia”.
Quase 10 anos após o tão temido diagnóstico, Marli resume o que a experiência lhe ensinou: “Perdas materiais a gente supera, mas quando a saúde é afetada, não tem preço que pague a cura. Hoje dou muito mais valor à vida. Quero dedicar meu tempo, enquanto tiver saúde, para ajudar as mulheres que chegam até a Rede. Esse é o meu compromisso”.
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