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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

“A apuração ainda não acabou?”

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

“A apuração ainda não acabou?”

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Um dos fatos que saltam aos olhos, ao observar o processo eleitoral dos Estados Unidos, é a demora na apuração dos votos. O resultado final oficial pode levar dias ou semanas. E não está imune a contestações. Em eleições apertadas, em que o eleitorado está dividido quase ao meio, como a atual, a demora deixa a todos muitos nervosos e cria a tentação da judicialização.

Abaixo da linha do Equador, um país quase tão grande quanto os Estados Unidos, com áreas remotas de difícil acesso, escassamente povoadas e metrópoles com milhões de habitantes consegue apurar suas eleições presidenciais em um tempo bem menor. E, até agora, sem qualquer prova efetiva de fraude.

Claro, não dá pra fazer uma comparação simples. Nos Estados Unidos não se trata apenas de votar no presidente. É preciso eleger senadores e deputados de cada estado e ainda votar em várias questões, que variam de estado para estado: em vários deles se perguntou este ano, por exemplo, sobre a liberação, ou não, da maconha. São apresentadas questões sobre política educacional, administração pública, enfim, é uma cédula com muitas linhas.

E lá é permitido votar pelo correio, usando um formulário especial e envelope que garante a autenticidade e preserva o anonimato. E em vários estados é possível votar antes do dia da eleição, tanto pelo correio quanto presencialmente. São fatores importantes para facilitar o voto, quando o voto não é obrigatório, mas a participação popular é fundamental para a legitimidade das escolhas.

Menos de 1% dos votos é dado em cédulas de papel contadas manualmente. A maioria dos votos em papel são escaneadas e transformadas num arquivo, para serem contadas digitalmente. O mesmo ocorre com os votos que chegam pelo correio. Cerca de 30% dos votantes (estatística de 2008) usam máquinas semelhantes às usadas no Brasil, algumas da quais também imprimem o voto num papel.

Os brasileiros que, por costume, menosprezam suas próprias conquistas e automaticamente acham que países “do primeiro mundo” fazem tudo certo, deveriam pensar melhor. No caso específico do sistema eleitoral, a prática e a história têm mostrado que o Brasil administra muito bem esse problema. Uma apuração rápida é a melhor prevenção contra fraudes e contra interferências indevidas no processo.

Normas federais, com um tribunal específico unificando o processo, ajudam a transparência, a fiscalização e a execução. Nos Estados Unidos cada unidade da federação tem leis específicas, o que adiciona problemas no caso de eleições nacionais.

O uso de um sistema informatizado (que começou em Brusque, é bom não esquecer) eficiente e igualmente padronizado é fundamental para dar agilidade e confiabilidade ao processo. As suspeitas de que seja fácil alterar o resultado ou que haveria uma pretensa “impossibilidade de auditar”, são em parte amplificadas por descontentes com o resultado. Mas, como todo sistema, sempre há espaço para aperfeiçoamentos. Só não se deve cogitar de um retrocesso. Estamos à frente. Captar e contar os votos dos brasileiros é o menor dos nossos problemas. Na verdade, nesse quesito somos um sucesso internacional que teve, no seu nascedouro, a participação desta valorosa cidade de Brusque.

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