José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Arriverderci, Battisti!

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Arriverderci, Battisti!

José Francisco dos Santos

No inicio de 2011, escrevi um artigo intitulado “Um país de bandidos?”, em que criticava duramente a decisão de Lula, como último ato de seu segundo mandato como presidente, de conceder asilo político ao terrorista italiano Cesare Battisti. Ele fora condenado na Itália à prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas, entre 1977 e 1979, quando militava pelo Partido Comunista Italiano e fazia parte de um grupo terrorista denominado “Proletários Armados pelo Comunismo”. Foragido, perambulou por vários países, até vir para o Brasil em 2004. Por aqui ele tinha vários amigos no poder, uma vez que partilhava a mesma ideologia petista.

A decisão do governo brasileiro de conceder-lhe asilo político, como se fosse um perseguido de um país ditatorial, gerou graves problemas diplomáticos com a Itália, e o Brasil adquiriu a pecha, na Europa, de esconderijo de bandidos.

Ora, quando um país vive uma ditadura, como a Venezuela atual, em que políticos de oposição são presos e condenados pelo simples fato de não beijarem a mão do ditador, conceder asilo a uma pessoa dessas é um ato de decência. Mas para um condenado por assassinato, num país de democracia consolidada, com o direito à mais ampla defesa, isso é um acinte, um desrespeito, uma tremenda grosseria diplomática. Em 2011 eu escrevi que a “ação entre amigos” que envolveu Lula, Tarso Genro (então ministro da Justiça), Eduardo Suplicy (amicíssimo do criminoso) e o STF havia comprometido a credibilidade do Brasil, oficialmente declarado, pela caneta presidencial, como a Pasárgada, do poema de Manuel Bandeira.

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Pois bem, como a roda gira, mesmo que fique emperrada por algum tempo, eis que os tempos de Pasárgada estão se dissipando. Jair Bolsonaro, ainda candidato à presidência, já havia declarado que iria extraditar Battisti no primeiro dia de seu governo. Michel Temer, que até então havia ignorado o assunto, aproveitou a consolidação da vitória de Bolsonaro e se antecipou, assinando a extradição em 14 de dezembro.

Desde então, o terrorista estava foragido. No último sábado, no entanto, foi preso pela Interpol na Bolívia e ontem, segunda-feira, chegou a Roma, para, finalmente, após quarenta anos, cumprir a pena a que foi condenado.

Retorno ao meu artigo de 2011. Escrevi à época que a desmoralização do país com o asilo de Battisti era apenas mais um capítulo do abandono da ética, que fazia com que o cidadão honesto se sentisse um fraco e um tolo, num país cujas leis protegem bandidos e caloteiros e que via o governo federal mergulhar na mais sórdida lamaceira de sua já pouco inspiradora história.

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Agora que temos a oportunidade de recomeçar, nos damos conta do imenso abismo a ser escalado, com o crime organizado infiltrado por todos os cantos. Será que de fato conseguiremos deixar de ser um país de bandidos? Saber que Lula e Battisti agora estão presos é um grande alento. Mas o desafio é avassalador!

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