Da edição da última semana, apresentei o leitor o projeto “Conhecendo Lageado Alto Sobre Duas Rodas”. Alguns leitores contribuíram com a proposta, informando que, além dos pontos turísticos já descritos no artigo, existem em Lageado Alto outros locais maravilhosos, conhecidos por poucos, a exemplo da “Pedra Furada” e a “Pedra Enorme”, caprichos da natureza que ainda preciso conhecer para escrever sobre eles. Outros leitores pediram maiores detalhes a respeito da futura Associação Visite Guabiruba – AVIGUA, pois tem interesse em participar dela. Fiquei feliz com a participação e o interesse da comunidade. É assim que deve ser.

Conforme já dito, projetos relacionados ao incremento da atividade turística requerem apoio técnico, parcerias, educação, comprometimento e envolvimento da comunidade. Em Administração, utiliza-se a técnica do Benchmarking, que consiste no processo de busca das melhores práticas que conduzem ao desempenho superior. De forma simples, podemos dizer que o Benchmarking consiste em observar, examinar e aprender como outra organização realiza uma atividade para, com base nesta experiência bem-sucedida, melhorar a nossa atividade. Esta é a matriz de trabalho empregada pelo Projeto Rotas do Itajaí.

O modelo proposto para a futura Associação Visite Guabiruba – AVIGUA –  e que também pode ser utilizado por outros municípios com grande potencial turístico como Botuverá, Brusque e Nova Trento, dentre outros -, foi inspirado no modelo bem-sucedido da Associação Visite Pomerode – AVIP. Constituída em 2009 por representantes de empresas que acreditaram no associativismo para o sucesso do negócio e que o concorrente é um parceiro e não um inimigo, já em 2013 a entidade foi agraciada com o Prêmio Top Turismoda Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB –SC), com o case Passaporte Turístico”. Em 2015, a associação foi novamente agraciada com o prêmio Top Turismo com o case “Osterfest”. Tecnicamente, pode-se dizer que a experiência e o modelo da AVIP – calcado no associativismo -, são uma boa referência para o turismo na região de Brusque, o que justifica sua escolha.

O associativismo corre em nossas veias. Utilizado desde os tempos de Roma, em nosso passado recente foi um modelo muito utilizado nas regiões colonizadas por imigrantes alemães e italianos, que se juntavam para construir e manter as escolas, por exemplo, visto que o poder público não dotava as comunidades de escola e tampouco pagava os professores. Tanto a construção quanto a manutenção eram integralmente pagas pelas famílias. Este associativismo, que tinha como objetivo satisfazer as necessidades coletivas e alcançar o bem comum, passava pelo investimento em educação para a evolução e o crescimento das pessoas e da comunidade.

A prática associativa consiste na organização voluntária de pessoas. É pilar fundamental na construção de vida em comunidade, eixo de qualquer política de desenvolvimento que favorece a democracia e a cidadania. Ela nos empodera, aumenta nossas forças, pois juntos somos mais fortes. Infelizmente, ao longo dos últimos 80 anos, paulatinamente, a prática do associativismo tem sido sufocada no Brasil. Talvez nem todo o território brasileiro tenha conhecido e praticado o associativismo, mas aqui fazíamos isso com maestria, e estamos esquecendo, pois praticamos pouco. E esta é uma área em que teoria sem prática não leva a lugar nenhum.

Agora, mesmo aqui muitos não sabem o que é associativismo. Não sabem como funciona, não imaginam a força que tem e, por ignorar, não promovem, não participam, não se envolvem. Enquanto isso, permitimos que os outros conduzam nossa vida, nosso destino, a bel prazer. Mas podemos mudar isso. Chamar para nós a responsabilidade, assumir e fazer acontecer. Somente assim mudaremos o país, e não ficando à margem do processo, sem se envolver, sem se responsabilizar, sem fazer nada – só criticando e reclamando. Enquanto isso, outros fazem – mas fazem o que eles querem, e não o que nós queremos. Para fazer o que nós queremos, nós mesmos precisamos fazer. Isso é associativismo!