Atacarejos ganham cada vez mais espaço na região de Brusque

Duas das principais empresas têm planos de expansão para os próximos anos

Atacarejos ganham cada vez mais espaço na região de Brusque

Duas das principais empresas têm planos de expansão para os próximos anos

Visto com resistência por muitos consumidores há alguns anos, o atacarejo caiu no gosto dos moradores da região de Brusque. Das três empresas que atuam no setor na cidade, duas têm planos de expandir a marca e registram crescimento acima dos 10% até aqui neste ano – resultado que vai na contramão da maioria dos segmentos da capenga economia nacional.

O velho ditado de que deve-se enxergar a oportunidade em meio à crise foi seguido pelo atacarejo. Quando a situação nacional piorou e o consumidor viu o seu poder de compra reduzir, as lojas que misturam o preço do atacado com o atendimento de varejo viraram uma alternativa viável.

Vanessa Gnoatto, moradora do bairro Águas Claras, diz que é preciso saber aproveitar o que há de melhor no atacarejo e no supermercado tradicional. “Tem coisas que são mais baratas no atacarejo, mas outras não são”, explica.

Como a família de Vanessa é pequena, somente ela, o marido e o filho, ela deixou o hábito de fazer a compra do mês. Em vez disso, adquire os produtos conforme a necessidade, e aproveita as ofertas do atacarejo e do supermercado.

No caso de produtos que não estragam, ela prefere pegar mais de três, quando possível, para aproveitar os descontos. “Comprar em quantidade, no atacarejo, vale a pena”, afirma a moradora do Águas Claras.

Crescimento exponencial
Inaugurada em janeiro de 2016, a loja do Fort Atacadista chegou à cidade exatamente no momento em que o atacarejo ganhava mais espaço. Os números mostram que mais gente fez como Vanessa.

A loja de Brusque do Fort Atacadista registrou crescimento de 18% na comparação do primeiro semestre deste ano com o de 2016. “O Brasil teve um cenário econômico meio complicado, ainda assim a loja tem boa performance. Direcionamos para a loja o que temos de melhor em condições comerciais, para atender fornecedores e consumidores”, afirma João Pereira, vice-presidente comercial e de marketing do Grupo Pereira, detentor da bandeira Fort Atacadista.

O Otto Atacarejo, que conta com duas lojas em Brusque, também tem registrado crescimentos sucessivos. De janeiro a dezembro de 2016, cresceu 30% em vendas, segundo o proprietário Alcir Otto.

“A gente ganhou muito com a crise, porque quando temos poder aquisitivo mais baixo, damos mais valor”

A crise financeira é, de fato, um dos motivos do descobrimento do atacarejo por parte dos brusquenses. Mas a resposta para o bom momento vivido pelo setor passa por uma reformulação lenta que vem acontecendo. Na comparação de vendas até julho deste ano com 2016, o Otto também viu suas vendas aumentarem na casa dos 15%.  “A gente ganhou muito com a crise, porque quando temos poder aquisitivo mais baixo, damos mais valor. Como o atacado trabalha de forma agressiva com preço, com descontos, as pessoas utilizam o dinheiro de um jeito melhor”, avalia Otto.

Lojas melhores
Há cinco anos atrás, os atacarejos não eram tão atrativos visualmente. Eram lojas, acima de tudo, funcionais, mas não eram bonitas. “Mas isso mudou. Hoje são lojas modernas, inspiradas no modelo americano. Esse ambiente de compra também é muito importante”, diz o vice-presidente do Grupo Pereira.

O perfil de público também mudou de lá para cá, avalia o executivo. Antes, eram famílias de menor poder aquisitivo. Hoje, a clientela é diversificada. As marcas mais compradas no Fort, por exemplo, são as líderes de mercado, o que, na avaliação de Pereira, demonstra que os mais ricos descobriram que podem comprar o mesmo produto do supermercado no atacarejo.

O proprietário do Otto diz que, atualmente, não existe um público homogêneo. A estratégia, no caso, é oferecer variedade de produtos, para todo tipo de consumidor. E apostar no preço. Para o empresário, o principal diferencial do atacarejo está no custo mais baixo.

Expansão
O país começa a ensaiar sair da crise. Alguns economistas já fazem prospecções de recuperação a partir de 2019. Mas os atacarejos querem aproveitar o momento e já planejam expandir.

O Otto Atacarejo já tem duas lojas na cidade e, em breve, irá inaugurar uma terceira, em Gaspar. Uma das unidades de Brusque é o Otto Klein, no Santa Terezinha. Há planos de expandir o estabelecimento para que fique do mesmo porte da matriz, no Centro 2.

“Temos um projeto de expansão de rede, queremos chegar até 2019 na quinta loja. Vimos que a cidade próxima com mais potencial para o nosso negócio é Gaspar”, explica Otto.

“A marca tem um planejamento de, nesse primeiro semestre de 2018, entrar com mais lojas no cinturão de cidades de Brusque, Blumenau e Itajaí”

A bandeira Fort Atacadista também estará mais presente na região. Na avaliação de Pereira, a loja de Brusque tem condições físicas e de pessoal de atender os municípios vizinhos.

Mas o grupo empresarial já tem agendadas as inaugurações de novas lojas no estado: em Porto Belo, no litoral, e Chapecó, no Oeste. “A marca tem um planejamento de, nesse primeiro semestre de 2018, entrar com mais lojas no cinturão de cidades de Brusque, Blumenau e Itajaí”, diz.

Setor bate recorde de faturamento

De acordo com o ranking da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), feito pela Nielsen, o segmento de atacarejo ultrapassou R$ 250 bilhões de faturamento em 2016. O número representa o forte crescimento do ramo, que faturava R$ 159 bilhões há apenas 11 anos.

O número de lojas também tem crescido bastante, com o Nordeste à frente de todas as regiões do país. Mas o Sul, junto com o Centro-Oeste, é a região que mais cresce no segmento.

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