Baile de debutantes: ao som de valsas vienenses
O baile de debutantes foi um acontecimento bastante aguardado por muitas jovens brusquenses, nos anos 60, 70, 80. Ao completar seus quinze anos, era costume as meninas-moças serem apresentadas à sociedade como forma de dizer: ei-las assumindo seu lugar de destaque . Acontecia o baile de gala num dos clubes da cidade, com orquestras ou bandas contratadas para a ocasião. Convites distribuídos, a data agendada costumava ser entre os meses de julho a outubro. Sempre aos sábados. O traja era de gala: vestidos longos para as mulheres e smokings para os homens.
As candidatas exibiam seus belíssimos vestidos brancos e longos. Alguns assinados por costureiros famosos, outros, por locais. Mas surpreendiam pelas criações com bordados em pérolas, lantejoulas. Tudo em tecidos nobre, como cetim, tule, organza.
Os clubes possuíam palcos e deles, eis que surgiam as estrelas da noite. Depois de anunciadas pelo apresentador oficial, o momento mágico: os pais as esperavam na descida da escada e ambos desfilavam pelo salão. Sob aplausos de uma sociedade que as recebia com a alegria e entusiasmo.
Chamadas por ordem alfabética, completavam um círculo no salão, esperando as tão sonhadas valsas vienenses, cujas músicas acalentavam muitos sonhos. Pais, padrinhos e convidados especiais bailavam, enchendo de leveza o ambiente.
Os bailes de debutantes, em Brusque, aconteciam em três clubes: Clube Atlético Carlos Renaux, Clube Esportivo Paysandu e Sociedade Esportiva Bandeirante. Às vezes, chegava a ter 40 meninas-moças. Em outras, 20. Nessas ocasiões costumavam convidar debutantes de cidades próximas, como Blumenau, Itajaí e Florianópolis. E haviam os convites impressos, detalhando nomes, filiação.
Os jornais locais (O Rebate, já extinto e O Município) imprimiam cadernos que acompanhavam as edições do final de semana do baile, com fotos das garotas e madrinha. As fotos, clicadas por fotógrafo profissional, eram em preto-e-branco e eternizavam rostos jovens, repletos de expectativas.
Para a ocasião do baile, uma madrinha assumia um papel de destaque: ela se envolvia com a organização não só do evento, mas proporcionava às afilhadas encontros especiais como chás da tarde, passeios, um mimo (poderia ser uma joia). Tudo para tornar a ocasião eternamente especial.
O que dizer da preparação de outros itens, como cabelos e maquiagem? Uma verdadeira corrida aos salões de beleza da Nina, Nair e d. Valéria, citando as proprietárias de salões no centro, as quais atendiam desde madrugada, sem hora marcada.
Tudo isso para, chegando a noite, compensar. Nem todos tinham carros particulares. Essa era outra corrida contra o tempo, pois na maioria das vezes o taxista fazia diversas viagens levando debutante e seus familiares.
Em que momento tais bailes acabaram? Houve ocasiões em que a diretoria de algum clube tentou promover. Mas nem os vestidos longos, os smokings, os vestidos brancos foram convincentes o suficiente para que as valsas vienenses ressuscitassem uma época. Talvez porquê, tenham se tornado pouco atrativos para uma modernidade que evoluiu muito rápido. Nada mais de gala e glamour: hora da praticidade.
Ah! Para encerrar: era costume os vestidos permanecerem nas salas de visitas das famílias, a fim de serem devidamente apreciados. Afinal o investimento havia sido grande e ao exibi-los para amigos, vizinhos e parentes, a debutante ainda poderia ganhar mais um presente, tão comum em tais ocasiões…
