João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Bibliotecas da minha vida

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Bibliotecas da minha vida

João José Leal

Em Tijucas, não havia biblioteca pública e não me lembro de alguma, mesmo no colégio, onde fiz o Primário. Quando estudava no Curso Clássico do Instituto de Educação Dias Velho, passei a frequentar a biblioteca do estado, situada ao lado da Catedral. Nem a proximidade com o templo nem sua padroeira Santa Catarina ajudavam. Estava alojada num velho prédio, seus arquivos, prateleiras e mesas muito mal cuidados, o acervo pequeno e desatualizado. Realmente, era uma pobreza.

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Mesmo assim, causou-me forte impressão as grandes encadernações de jornais antigos, editados em diversas cidades do interior, desde o final do século 19. Tijucas tinha conhecido seu primeiro jornal, em 1885. Ao longo das décadas seguintes, muitos outros periódicos foram publicados, registrando fatos importantes da vida política, econômica e social da cidade. Infelizmente, poucos foram os exemplares preservados e arquivados no alto daquela estante, que causou grande emoção no coração de um jovem tijucano.

Na Faculdade de Direito, pouco frequentei sua precária biblioteca. Os livros eram antigos e ultrapassados. O jeito era economizar e comprar livros para não ser reprovado nas disciplinas de cada ano.

Numas férias de dezembro, fui contemplado com uma bolsa para um curso no Rio de Janeiro, que já havia perdido sua condição de capital da república. Porém, lá continuava a histórica e bela Biblioteca Nacional. Fundada por Dom João VI, instalada num imponente edifício de arquitetura neoclássica, muitas vezes ali estive para leitura e pesquisas. Então, pude conhecer uma grande biblioteca, com seu acervo classificado entre os maiores do mundo. A partir daí, ficou o hábito de frequentar ou visitar bibliotecas.

Já formado, muito viajei por esse mundo sem porteira. Muitas bibliotecas visitei, as maiores e mais conhecidas da Europa. A grandiosa Biblioteca Nacional da França, em Paris, que já impressiona por ser a continuação de uma anterior, fundada em 1368. É muito tempo, é muita história e um oceano de livros, documentos, mapas e informações.

Outra beleza de biblioteca é a da Faculdade de Direito de Coimbra, com sua magnifica arquitetura interior, estantes ricamente decoradas e lombadas douradas de seus livros. Por ali, passaram brasileiros famosos em busca do saber jurídico, num tempo desta nossa nação-colônia sem Universidade. Hoje, são muitos os turistas brasileiros que visitam Coimbra e sua mais conhecida instituição universitária.

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Mas, tudo muda nesta vida de dialética inexorável. Estamos vivendo um novo tempo dominado pela informática, que colocou nas nuvens do mundo virtual todo o acervo do conhecimento humano. Sua poderosa e infinita teia de comunicação virtual permite o livre acesso a cada ser humano interessado em saber, seja o que for. É triste, as bibliotecas estão correndo o risco de serem transformadas em museus da cultura impressa em papel.

Há alguns anos aposentado, passo boa parte do tempo na biblioteca de minha casa, com suas prateleiras de madeira, repletas de livros. Mas, sempre ao computador.

Lembrei de escrever esta crônica para homenagear o bibliotecário, profissional que admiro, pelo seu dia, ontem comemorado.

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