Que ano pesado…. Quando não é morte, é cassação… quando não é impeachment, é divórcio. E não são divórcios comuns, que não assustam mais ninguém. Quando celebridades “perfeitas” anunciam que deixaram de ser a cara metade de seus digníssimos, o mundo reage e parece que desacredita um pouquinho mais na existência do amor.

Foram dois anúncios de divórcio retumbantes, com diferença de poucos dias. Primeiro, William Bonner e Fátima Bernardes. Depois – e pior – Brad Pitt e Angelina Jolie, o casal dos contos de fadas de Hollywood.

O casal nacional causou reações fortes, focalizadas na separação em si. Se houve traição, maldade e mágoas pesadas, os envolvidos não trouxeram a público, não alimentaram as paixões da audiência. Afinal, são anos de treinamento na escola global de jornalismo, que não permite que expressões faciais “editorializem” a notícia. Para assuntos da vida real, se duvidar, é um treinamento mais eficiente do que os das escolas de teatro.

Já o fim de Brangelina levou a reações histéricas. É como se tivesse sido anunciado o fim da instituição do casamento, o fim do amor formal, o fim do mundo. O casal perfeito deixou de ser casal e, portanto, não podemos mais acreditar na perfeição.

Pior, a culpa passou a ser atribuída ao até então príncipe encantado. A primeira fofoca, depois do furo dado pelo site TMZ, dizia que o pivô da separação teria sido a atriz Marion Cotillard, que teria se envolvido com ele nas filmagens de Aliados (filme com lançamento programado para o começo de dezembro)– meio que repetindo o roteiro de Sr e Sra. Smith, que uniu o casal Brangelina e acabou com o casamento de Pitt com a namoradinha da América, Jennifer Aniston, não necessariamente nesta ordem. O filme, aliás, até entrou na programação de um canal por assinatura, rapidinho. O mundo é dos oportunistas. Aí, a trama se adensa: a atriz francesa estaria grávida do companheiro de elenco. Tudo devidamente desmentido, com direito a textão de Cotillard no Instagram, em que ela garante, em tom bem indignado, que encontrou o amor da sua vida anos atrás, que ele é o pai de seu filho e do bebê que está a caminho. Para os tabloides de fofocas, é claro, o que importa é vender, é ter acesso. A verdade não costuma ser tão picante quanto a mentira bem roteirizada.

Depois, a coisa toda ficou ainda mais espantosa: quem imaginaria que Brad Pitt seria acusado por violência verbal e física contra os filhos do casal? Tabloides falam em uso de álcool, drogas, em investigação do FBI e que, depois das agressões que aconteceram em um voo particular da família, Angelina pediu imediatamente o divórcio.

Até aí, desculpe o cinismo, é mais ou menos o de sempre. Celebridades lavando a roupa suja em público e seus fãs tomando partido, sem querer saber onde a verdade está escondida. Vimos isso meses atrás com Johnny Depp. Agora, com Brad Pritt. Nossos ídolos são monstros fora de controle? Na guerra dos tabloides e dos leilões de testemunhas, só dá para ter uma certeza: a gente não sabe de nada.

madame tussauds
no Twitter do famosérrimo museu de cera Madame Tussauds, as estátuas de Angelina Jolie e Brad Pitt deram “um passinho para lá”, depois da separação. O irreconhecível que agora está fazendo o papel de muro entre eles é Robert Pattinson, em seu melhor papel desde Crepúsculo.

 

Tudo fica um pouco mais claro (ou será que não?) depois de uma entrevista do assessor de imprensa (aquelas pessoas especializadas em manter o ritmo de comunicação entre a imprensa e seus contratados… no caso, as celebridades) Rob Shuter, no site da Elle americana. Aí a gente vê que as entrelinhas são muito mais significativas do que nós, mortais comuns, podemos imaginar. É uma novela dentro da novela, em que assessores trabalham em uma versão “variedades” dos “centros de comando” que fazem a gestão de crises de governos e de políticos em campanha. Quem controla a versão, controla a opinião pública. E joga com a nossa cabeça de fã, de público, criando ondas de amor ou de indignação. Mas a gente quer acreditar, não é?

Resumindo um jogo de estratégias de ataque e defesa, o expert diz que Jolie manipula a mídia com maestria, desde a escolha do site que “descobriu sozinho” os papeis de divórcio, logo depois do fechamento dos tabloides de celebridades, dando mais controle da versão dos fatos para ela. Em resposta, Pitt deu uma entrevista à revista People, que tem reputação de não deturpar o que é dito nas entrevistas. Ou seja, pelo olhar do especialista, tudo o que o TMZ divulgar, é a versão que a atriz quer ver pública. O que, pelo que podemos ver até agora, inclui uma queimada de filme épica de Pitt. Se justa ou não… talvez a gente saiba nos próximos capítulos.

 

No final das contas, que time você prefere? O #teamingenuidade ou o #teamcinismo?

 

avatar bia

 

Claudia Bia – jornalista e não fã de Brangelina