BRDE injetou mais de R$ 60 milhões na região de Brusque para o financiamento de 28 projetos

Um dos últimos empréstimos foi feito para o primeiro hospital oftalmológico do município

BRDE injetou mais de R$ 60 milhões na região de Brusque para o financiamento de 28 projetos

Um dos últimos empréstimos foi feito para o primeiro hospital oftalmológico do município

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) financiou projetos que totalizaram R$ 63,1 milhões entre os anos de 2013 e 2015. Os dados de 2016 ainda não foram divulgados. Os números são relativos aos municípios de Brusque, Guabiruba e Botuverá, e foram levantados a pedido do Município Dia a Dia.

O montante é considerado elevado pela direção da instituição. No entanto, a crise financeira também atingiu o banco, que viu o seu volume de crédito cair. Segundo o levantamento, foram 28 projetos de pequeno e grande portes financiados entre 2013 e 2015.

Em 2015, O BRDE financiou dois projetos pequenos e um de grande porte em Brusque – o que totalizou R$ 8 milhões. Um ano antes, período pré-crise, o volume foi maior. Foram R$ 19,9 milhões para oito projetos de Brusque – um para grande empresa e os outros sete para pequenos negócios.

Em 2013, as três cidades juntas receberam R$ 35,2 milhões. Seis projetos de pequenas empresas e produtores de Botuverá foram atendidos com R$ 2,8 milhões; três projetos de micro e pequenas empresas de Guabiruba receberam R$ 632 mil; Brusque recebeu naquele ano R$ 31,7 milhões para oito projetos de empresas de todos os portes.

Relevância de Brusque

A crise financeira afetou o ritmo de empréstimos do banco, entretanto, de forma indireta, afirma Nivaldo Presalino Vieira, gerente regional do BRDE para o Norte catarinense e Vale do Itajaí.

“O entendimento que tem que se ter é que o banco trabalha basicamente com projetos de investimento. A empresa que vai investir na ampliação ou na produção fica mais receosa num cenário de crise”, diz Vieira.

Segundo o gerente, o nível de financiamento tem caído ano a ano por causa da diminuição do procura, mas a capacidade de fomento do BRDE permanece a mesma.

O BRDE atua em todas as regiões de Santa Catarina, inclusive com crédito rural, mas Brusque se destaca nesse contexto. As indústrias têxtil e metalúrgica necessitam de financiamentos constantes para manter os parques fabris competitivos.

“A região de Brusque é uma das mais dinâmicas do estado, muito importante para os financiamentos do banco. A indústria, na minha região, representa em torno de 70% do crédito”, afirma o gerente.

Brusque se apresenta como um dos maiores mercados para o BRDE porque tem a nona maior economia de todo o estado. O seu Produto Interno Bruto (PIB) atingiu R$ 5,39 bilhões em 2014, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O PIB de Guabiruba ultrapassou, pela primeira vez na história, a marca de R$ 1 bilhão. E Botuverá, com cerca de 5 mil habitantes, tem um PIB de R$ 237 milhões.

Os números revelam a força industrial nos três municípios, por isso, quando a crise atingiu a indústria, naturalmente, a quantidade de financiamentos feito no BRDE caiu exponencialmente.

Mudança de foco

Economistas, empresários e especialistas já alertam há algum tempo que o Brasil passa, pouco a pouco, por um processo de desindustrialização. A indústria nacional passou muito tempo sem se modernizar e perdeu competitividade no cenário internacional, sobretudo diante dos asiáticos.

Hoje, por exemplo, em muitos casos é mais interessante trazer peças automotivas da Coreia do Sul do que adquiri-las em Brusque, onde existem pelo menos três grandes empresas do ramo. Essa situação tem empurrado a economia nacional para outros segmentos, como serviços.

É por isso que o BRDE também tem dado mais ênfase a outras áreas, fora a indústria de transformação. “Trabalhamos com crédito de médio e longo prazo voltado ao segmento produtivo, seja indústria, comércio, agricultura, o banco trabalha com diversos segmentos. Mas recentemente temos dado mais atenção à inovação”, afirma o gerente regional do banco.

Vieira afirma que setores como tecnologia da informação, saúde, infraestrutura e serviços têm demandado um volume “interessante” de recursos e isso recupera, em parte, as perdas ocasionadas pela baixa na indústria.


Banco financiou parte do primeiro hospital oftalmológico de Brusque

O BRDE teve papel fundamental para que o Hospital de Olhos de Brusque (HOB) – o primeiro do município – pudesse sair do papel. A clínica, localizada na avenida Otto Renaux, conta com equipamentos de ponta.

O hospital foi idealizado pelos médicos Katia Bottós, Juliana Bottós, Rosely Bottós, Julio César Bottós e Mauro Leite. Rosania Ferreira também faz parte do corpo clínico. Eles já atuavam com uma outra clínica. Júlio está em Brusque desde a década de 1980.

Juliana conta que sempre foi um sonho da família conseguir viabilizar a construção da clínica própria. Eles juntaram as suas economias e pegaram o restante emprestado do BRDE.

A oftalmologia é uma área bastante tecnológica da medicina, por isso exige um alto investimento em equipamentos. E no caso do HOB os aparelhos adquiridos são de ponta, na sua maioria, importados.

Médica Juliana Bottós é uma das idealizadoras do HOB - Crédito: Marcos Borges
Médica Juliana Bottós é uma das idealizadoras do HOB – Crédito: Marcos Borges

Projeto

A médica conta que a família começou a mexer diretamente com a criação da clínica há mais de dois anos. Neste período, tiveram de correr atrás dos engenheiros, arquitetos e outros profissionais para aprovar todas as licenças com o poder público para o empreendimento.

“O BRDE só aceita trabalhos com todos esses critérios. Então, a clínica foi idealizada com critérios rigorosíssimos. São poucos locais na região que têm essa estrutura, principalmente na parte do centro cirúrgico”, diz Juliana.

Segundo a médica, o BRDE avaliou não só a parte financeira da obra, mas também a sua viabilidade no contexto geral da cidade. Os técnicos analisaram se Brusque precisava, de fato, de um hospital oftalmológico.

Com mais de 120 mil habitantes, o município ainda não contava com uma estrutura desse porte. O BRDE considerou esse ponto e aprovou o projeto. “O BRDE faz a avaliação da viabilidade do projeto. Não pode ser nem muito grande nem muito pequeno, tem que ser na medida certa para o que a cidade precisa”, diz Juliana.

Estrutura e o futuro

A diretoria do HOB idealizou a clínica com os mais altos padrões de qualidade, diz Juliana. Até mesmo o odor dos ambientes foi pensado para proporcionar o conforto aos clientes. O material usado nos móveis também é especial para hospitais, pois evita contaminações.

O Hospital de Olhos de Brusque tem três andares. Os consultórios dos médicos ficam num andar. Há, ainda, o centro cirúrgico, no meio do edifício e um outro andar que está desocupado e será usado no futuro.

A ideia da diretoria do Hospital de Olhos é alugar o centro cirúrgico para outros médicos. A estrutura comporta também outras especialidades. O centro é independente do restante do prédio justamente para proporcionar essa possibilidade para os outros profissionais.

Segundo Juliana, com uma estrutura de grande porte, é preciso rentabilizá-la. A locação do espaço para outros médicos é uma maneira, mas os planos para o futuro são maiores.

A médica conta que, mais adiante, existe a possibilidade de expandir o último andar. Ele tem capacidade para receber até cinco leitos hospitalares, além de todo o aparato auxiliar. Com isso, passaria de clínica para um hospital dia.

“Seria o primeiro hospital dia da região. O paciente poderia operar de manhã e ficar internado. Tem vários procedimentos que o paciente não precisa dormir no centro cirúrgico”, afirma Juliana.


Conheça o BRDE

O BRDE é uma autarquia única no Brasil, pois é gerida por três estados (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Cada um é dono de um terço do banco, que tem por objetivo fomentar o desenvolvimento econômico na região Sul.

O BRDE atende empresas de qualquer porte. São duas formas de acessá-lo: um técnico do banco atende periodicamente na Associação Empresarial de Brusque (Acibr) ou o interessado pode procurar as cooperativas de crédito.

Vieira explica que projetos menores, geralmente até R$ 500 mil, podem ser viabilizados nas cooperativas. Os maiores são feitos diretamente com o BRDE. Na região, a Sicredi, Viacredi, Sicoob e Unicred, entre outras, são conveniadas.

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