Brusque: capital nacional dos negócios de moda

Delegação de empresários de vários países participa de evento no município

Brusque: capital nacional dos negócios de moda

Delegação de empresários de vários países participa de evento no município

“Meus negócios são com São Paulo, mas foi uma surpresa tremenda quando, no caminho do aeroporto, vi por todas as partes publicidade de confecções. Uau! De onde apareceram essas indústrias que eu não sabia que existiam?”, afirma a empresária Cristina Van der Veen, proprietária Black Skimmer Swimmer, do Chile.

A fala da empresária chilena resume o objetivo do Encontro Internacional de Moda, realizado em Brusque nesta segunda e terça-feira, 3 e 4: mostrar o potencial do segmento têxtil catarinense – e brusquense – para os empresários estrangeiros.

Cristina veio para Brusque junto com outros oito empresários do Equador, Bolívia, Peru, Estados Unidos, Colômbia e Paraguai para o Encontro Internacional. A grande maioria não tinha conhecimento profundo sobre a cadeia têxtil de Santa Catarina e agora passa a ver o estado com outros olhos, como possível fornecedor.

“Creio que no estrangeiro o que se conhece é São Paulo. Moda praia é no Rio e se acabou. Não há mais nada. É uma grande e grata surpresa”, sintetiza a empresária Cristina.

A marca dela vende moda praia para os chilenos. Os produtos são desenhados no Chile, fabricados no Brasil e vendidos no país de origem.

A escolha por fabricar no Brasil deve-se à qualidade internacionalmente reconhecida da lycra brasileira, explica Cristina. Já acostumada a negociar em São Paulo, a empresária busca novos fornecedores no estado.

A brasileira Patrícia Lacognata é proprietária da Couture Trading, a maior distribuidora de produtos brasileiros nos Estados Unidos. A companhia, que tem sede na Flórida, compra de fornecedores, armazena e revende para lojistas americanos espalhados pelo país.

“A razão pela qual estou buscando novas marcas é que estamos lançando o primeiro marketplace de moda brasileira, onde os fabricantes têm o seu próprio espaço. Cadastram os produtos e podem vender para o mundo todo”, explica a empresária.

Patrícia já conhecia Santa Catarina, mas isso não a impediu de ficar surpresa com o potencial do estado e da região de Brusque. “Já vim uma vez, já conhecia, mas conheço apenas uma das empresas que vão estar desta vez no evento. Percebo que tem que explorar mais porque sempre que vim encontrei novas empresas”.

A companhia de Patrícia pode ser a porta de entrada para muitas indústrias e confecções da região. Com 70 marcas, dentre elas grandes nomes como Morena Rosa e as do Grupo AMC, ela pode ser o meio-campo para que os produtos fabricados por aqui vistam os americanos.

“O mercado americano para produtos brasileiro tem muito potencial. O produto brasileiro tem uma qualidade muito boa. O nosso maior obstáculo é o preço mais elevado, o tempo de produção e a quebra de entrega. Se as fábricas conseguirem acoplar esses três fatores, fica bem mais fácil para a gente conseguir importar”, diz Patrícia.

Ficou claro nas apresentações dos empresários que a maioria não conhecia Santa Catarina e ficaram surpresos com a região. Rita Conti, empresária de Brusque e membro da diretoria da Fiesc, comemora as falas deles.

“Eles não conheciam o estado de Santa Catarina, eles ficam muito no eixo Rio-São Paulo e não conhecem um estado tão rico e produtor. Fiquei muito honrada e feliz de ter conseguido oportunizar isso aos empresários”.

Programação extensa
Esta é a primeira edição do Encontro Internacional de Negócios de Moda, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e do Sindicato do Vestuário de Brusque e região (Sindivest).

Nesta segunda, a delegação estrangeira participou de uma reunião na sede da vice-presidência regional da Fiesc, no Centro Empresarial, Social e Cultural de Brusque (Cescb). Foram apresentados dados econômicos e de infraestrutura do estado à comitiva, que depois visitou o Senai e empresas da cidade.

O objetivo ao levar a delegação para o Senai é mostrar que a Fiesc e o empresariado catarinense investe em inovação e tecnologia. Fator importante avaliado pelos investidores estrangeiros.

Nesta terça, a delegação receberá mais de 30 empresas de vários municípios do estado para fechar negócios. Serão 112 encontros já agendados que ocorrerão no Cescb ao longo do dia.

Encontro quer introduzir cultura de pensar globalmente

Ainda que estejamos em 2018, ainda há muito chão a ser percorrido pelas fábricas e indústrias de Santa Catarina e de Brusque no que se refere à internacionalização. Por isso a Fiesc aposta em eventos como este, em parceria com entidades como a CNI e a Apex Brasil.

Maria Teresa Bustamente, presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, diz que a ideia é implantar uma cultura nova. “Nosso programa de internacionalização é para que as empresas pensem em internacionalizar, não exportar ou importar, o que queremos é que pensem internacionalmente”.

Pensar de forma global faz com que muitas portas se abram e também se evite problemas de concorrência. Hoje, qualquer empresa pode ser a concorrência.

Rita Conti diz que a internacionalização é benéfica para as empresas porque abre portas, gera dividendos e traz equilíbrio financeiro. Ter um mercado externo também é fundamental para que crises internas não sejam tão letais para os negócios.

Quando a empresa tem uma fatia importante de sua atividade no exterior, a crise interna é atenuada. Da mesma forma, ao ter atuação doméstica forte, corre menos risco de quebrar no caso de uma crise internacional.

Rita afirma que algumas empresas de Brusque já exportam ou importam, mas muitas ainda querem entrar neste nicho. “Muitas empresas que se cadastraram têm essa prática, mas muitas locais ainda não. Vamos dar todo o suporte e podemos evoluir muito neste sentido”, diz a empresária, que também é presidente do Sindivest, apoiador do evento.

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