Brusque é uma das 12 cidades de Santa Catarina com mais casos de Aids

Taxa de detecção da doença na cidade é acima da média brasileira

Brusque é uma das 12 cidades de Santa Catarina com mais casos de Aids

Taxa de detecção da doença na cidade é acima da média brasileira

Brusque é uma das 12 cidades catarinenses que mais têm casos de Aids detectados. O alto índice preocupa as autoridades de saúde, que tem estancar uma epidemia da doença em todo o país. A Secretaria de Saúde do município prepara um planejamento para combater o problema.

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) também se alarmou com o índices brasileiros e brusquenses. Por isso, no dia 13 de junho, o prefeito Jonas Paegle assinou um documento com o órgão internacional comprometendo-se com o esforço de pôr um fim à Aids até 2030.

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Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de detecção da doença na cidade, em 2016, foi de 23,1 para cada 100 mil habitantes. O valor é considerado preocupante e fica acima da média nacional, que no mesmo ano foi de 18,5.

“Preocupa porque entre os municípios acima de 100 mil habitantes estamos entre os de maior transmissão, por isso todo o envolvimento”, afirma o secretário de Saúde de Brusque, Humberto Fornari. Segundo ele, há mais de 700 pessoas com Aids no município atualmente.

O alto índice de presença de HIV/Aids em Brusque é também um reflexo da realidade estadual. Segundo o Ministério da Saúde, Santa Catarina é um dos estados mais afetados pela epidemia – termo usado pela própria Unaids – em todo o território nacional.

A média de detecção catarinense é de 29,2 para cada 100 mil pessoas, bem acima da mediana nacional. Brusque fica um pouco abaixo, mas ainda em local de destaque negativo, entre as 12 cidades mais afetadas.

A mortalidade em decorrência da Aids também alarma as autoridades brasileiras e catarinenses. Segundo a Unaids, a taxa é de 7,6 para cada 100 mil pessoas nos 12 municípios com maior taxa de detecção, enquanto que a média nacional é de 6,0.

Metas ousadas
A Declaração de Paris estabelece o esquema 90-90-90. Significa que a meta estabelecida é que, até 2020, 90% dos casos de HIV sejam detectados, e desses, 90% devem estar em tratamento. Por fim, deste universo de tratamento, 90% deve ter a carga viral zerada.

De acordo com a Unaids, carga viral zerada significa que o índice de HIV no sangue apresenta valores indetectáveis. Isso é possível de ser alcançado se o infectado faz uso da terapia antirretroviral.

Fornari considera as metas ousadas, mas acredita que não é impossível alcançá-las dentro do prazo estipulado. Além da redução até 2020, a Declaração de Paris visa colocar um fim à Aids como uma ameaça à saúde pública até 2030.

Além de Brusque, assinaram a declaração: Balneário Camboriú, Itajaí, Florianópolis, São José, Palhoça, Criciúma, Lages, Jaraguá do Sul, Blumenau, Joinville e Chapecó.

Outras 30 cidades brasileiras, o Distrito Federal e o Rio Grande do Sul também assinaram a Declaração de Paris com a Unaids anteriormente. Juntos, todos os signatários somam uma população de 47 milhões.

Secretaria de Saúde definirá medidas

A secretaria deve colocar em prática uma série de medidas para que a prefeitura consiga cumprir as metas na Declaração de Paris. Uma das mais importantes, conforme Humberto Fornari, é ampliar o acesso ao diagnóstico.

Atualmente, já é possível realizar o teste rápido de HIV nas 23 Unidades Básicas de Saúde (UBS). Todavia, para fazê-lo é preciso agendar com antecedência de alguns dias.

Segundo Fornari, a pasta pretende disponibilizar os teste rápido em todas as unidades de saúde a qualquer hora, sem agendamento. A ampliação deve começar pela UBS do Santa Terezinha em breve, para depois ser levada aos outros postos.

Embora seja possível fazer o diagnóstico em qualquer UBS, a procura é bastante baixa. A Secretaria de Saúde quer mudar essa realidade, para que mais casos sejam detectados precocemente.

O diagnóstico inicial é peça-chave para controlar a epidemia, pois o infectado informado pode evitar transmitir para outras pessoas e se tratar. Fornari afirma que a detecção é a parte mais importante, mas também a mais cara para o poder público.

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Apesar do custo elevado para os testes, a Secretaria de Saúde pretende ampliar a oferta de testes rápidos. Além de levar às UBS, Fornari diz que uma ideia é que também sejam montadas tendas com testes em grandes eventos, como a Fenarreco.

Outra iniciativa a ser tomada no âmbito da Declaração de Paris é o aumento da oferta de medicação a quem já está diagnosticado. O município deve começar a disponibilizar os coquetéis em todas as UBS nos próximos meses.

“O paciente não precisará mais ir até o SAE [Serviço de Atendimento Especializado], vai poder ir até a UBS. Até para que se quebre a barreira do aidético, de que ele precisa ser tratado diferente”, diz o secretário de Saúde de Brusque.

O estigma de aidético é um dos pontos a serem quebrados pelas autoridades de saúde. O desafio é fazer a população entender que o avanço da medicina e das medicações permite que o portador da doença possa ter uma vida normal.

Quebrar o paradigma de aidético é importante para que as pessoas que forem expostas ao vírus não tenham medo de fazer o teste e buscar ajuda.

O terceiro pilar do planejamento da Secretaria de Saúde é o aumento da oferta da Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Esse tratamento é destinado a quem foi exposto ao vírus, para evitar contaminação.

O uso do PEP é comum entre profissionais de saúde. Médicos que se furam acidentalmente precisam utilizá-lo, a fim de evitar a contaminação, por exemplo.

O que muita gente não sabe é que o PEP também pode ser usado pela população em geral. O SAE de Brusque, na rua do Centenário, oferece esse tratamento. Porém, a procura é bastante baixa.

O PEP é indicado para quem foi ou suspeita ter sido exposto ao vírus. O atendimento é de urgência. É preciso buscar o serviço de saúde assim que possível e tomar a medicação por 28 dias ininterruptos, com acompanhamento médico.

O PEP já se provou eficaz na redução da taxa de infecção de HIV por relação sexual.

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