Brusque goleia Juazeirense (BA) e conquista acesso histórico à Série C do Brasileiro

Júnior Pirambu, Fio e Thiago Alagoano marcaram os gols da vitória por 4 a 0

Brusque goleia Juazeirense (BA) e conquista acesso histórico à Série C do Brasileiro

Júnior Pirambu, Fio e Thiago Alagoano marcaram os gols da vitória por 4 a 0

O Brusque conquistou o acesso à Série C do Campeonato Brasileiro, goleando a Juazeirense (BA) por 4 a 0 em dia repleto de festa. Júnior Pirambu marcou aos 25 e aos 38 minutos do primeiro tempo, Fio e Thiago Alagoano marcaram na segunda etapa, escrevendo uma das mais belas páginas da história quadricolor. A equipe enfrenta o Ituano nas semifinais da Série D.

A festa antes
Os jogadores e a comissão técnica do Brusque saíram do hotel Veneza, na avenida Lauro Müller, onde estavam concentrados, rumo ao Augusto Bauer. No caminho, passaram por um corredor de torcedores que buscavam incentivar a equipe. Uma linda festa, com sinalizadores, rojões e a voz da torcida quadricolor. Dentro do estádio, os mais precavidos já estavam a postos. Faltando mais de uma hora para o início da decisão, o Augusto Bauer estava quase lotado.

O implacável Júnior Pirambu
O Brusque partiu para cima da Juazeirense na primeira etapa, com suas características clássicas. A Juazeirense começava buscando contra-ataques, mas não conseguia encaixar as jogadas. O Cancão também repetiu o erro do Boavista (RJ) no Augusto Bauer: tentava matar tempo, com o goleiro Gleibson demorando para repôr a bola em jogo.

Aos 25 minutos da primeira etapa, em ataque pela esquerda, Thiago Alagoano consegue chutar bem de dentro da área, girando o corpo. A bola bateu na zaga, e o árbitro Marcelo de Lima Henrique apitou pênalti sem titubear. A Juazeirense reclamava da marcação, pelo toque ter sido quase à queima-roupa.

Júnior Pirambu, que não tinha nada a ver com as reclamações, cobrou com perfeição, deslocando Gleibson, goleiro que tem costume de defender os tiros da marca da cal. Bola para a esquerda, goleiro para a direita, gol e o Augusto Bauer em festa. A desvantagem brusquense estava, naquele momento, acabada.

Com o gol, a Juazeirense passou a se abrir, buscando mais ataques. As jogadas passavam por Clébson e Tony Galego, iniciando geralmente com Iran. O Cancão teve algumas faltas próximas à área, mas não conseguiu levar perigo.

O quadricolor, por outro lado, conseguiu. Depois de boa combinação entre Fio e Thiago Alagoano, uma bola alçada na área deixou Júnior Pirambu em condições para subir entre a marcação e cabecear com categoria, no canto esquerdo de Gleibson. O Brusque já tinha o resultado necessário aos 38 do primeiro tempo.

Golpes de misericórdia
A Juazeirense foi guerreira na segunda etapa. Buscou fazer uma pressão no início do segundo tempo, com a entrada de Nino Guerreiro. Mas jamais conseguiu ameaçar a vantagem do Brusque, não pôde passar pela forte defesa quadricolor. Quando conseguia, Zé Carlos fazia defesa seguras.

O Brusque foi inteligente e responsável em sua postura, e assim conseguiu matar o jogo. Aos 17 minutos, em boa jogada pela esquerda, em contra-ataque, Aírton cruzou para Fio, que, livre, cabeceou firme, só cumprimentou para levar o placar a 3 a 0.

Quando Zé Carlos precisou sair, lesionado, o goleiro Dida fez ótima defesa em cobrança de falta do zagueiro Emerson. O dia era quadricolor, e a bola não iria entrar. Não havia entrado nos três jogos anteriores no Gigantinho. Não seria agora.

O jogo manteve a mesma dinâmica. Aos 38 da segunda etapa, Jefferson Renan partiu para cima de Cesinha na ponta direita, fez o drible, invadiu a grande área e passou para quem vinha de trás. Era Thiago Alagoano, que fechou a conta e encerrou a luta pelo acesso à Série C.

Sem forças para reagir, a Juazeirense se esforçou para marcar o de honra. Nem isto pôde. O Brusque escreveu uma página linda de sua história, com uma festa espetacular da torcida quadricolor. Depois de 31 anos, quando o recém-fundado Brusque participou da terceira divisão nacional, em 1988, o retorno ocorreu em grande estilo.

A festa depois
Sem invasão de campo, como pedido pelo clube no sistema de som minutos antes do fim do jogo, a festa quadricolor se estendeu. Os nomes dos ídolos eram cantados pelo estádio, e jogadores e comissão técnica foram acompanhados de seus familiares no campo.

A operadora de usinagem Bruna Portaluppi dos Santos, de 20 anos, torce para o clube há cinco. Ela é de Caçador, e afirma que estava esperando pelo acesso. “Esperávamos há um tempo por tudo isso. Estamos muito felizes. Torço pro clube há uns cinco anos. Acho que o clube vai melhorar cada vez mais daqui para frente”, comenta.

O empresário André Petermann, de 33 anos, é torcedor do Brusque praticamente desde que nasceu. Ele diz que foi ao Augusto Bauer já sabendo do acesso, e não segurou o otimismo, coberto também por fantasia e delírios de felicidade. “Mas não sabia que seria um placar tão elástico. Vamos ser campeões da Série D, depois da Série C, aí vamos para a B, vamos ser campeões da B, aí vamos para a Série A. O Luciano [Hang, dono da Havan, patrocinadora master do Brusque] vai trazer o Cristiano Ronaldo e o Messi pra jogar aqui, e vamos ser campeões mundiais. É um momento de alegria para todos da cidade.”

Renato Francisco Galitzki, de 56 anos, é morador do bairro Steffen e apostou na véspera que a partida seria 4 a 0. Assim, deve ganhar duas caixas de cerveja. “Eu sabia que não seria difícil demais. Aconteceu o que eu esperava. Espero que a diretoria continue com o trabalho e que a cidade se una ao Brusque. Quando o time está bem, a torcida comparece. Com o estádio novo, esperamos que o time fique sempre lá em cima.”

Waguinho Dias
A coletiva de Waguinho Dias chegou a ser interrompida por um banho misturado com água, gelo e cerveja que o elenco do Brusque lhe deu, “invadindo” o restaurante do Augusto Bauer. Com as homenagens devidamente prestadas, a entrevista seguiu normalmente.

“Eu tinha a convicção de que iríamos vencer, pela nossa atuação na partida de ida e pelo que conhecemos do adversário em campo, além da confiança do torcedor. Não imaginei que fossem quatro [gols]”, comentou o técnico, que completa 56 anos nesta terça-feira, 23.

“É muito importante entrar na história de um clube como este. Ainda não conquistamos um título, mas este acesso é como se fosse. Hoje, o Brusque está numa Série C, sendo comentado em todo o Brasil.

Para o técnico, o jogo que deu a impressão de que o Brusque estava maduro para subir foi a vitória por 1 a 0 sobre o Gaúcho (RS), em Passo Fundo, na fase de grupos. Na opinião de Waguinho, foi a vitória mais difícil. “Depois quando vencemos o Boavista por 3 a 0, ninguém mais nos seguraria”, comenta.

O técnico, que já marcou seu nome na história do Brusque, destaca que o clube precisa continuar crescendo, com um estádio próprio e com cada vez mais identificação com o torcedor. “A partir deste crescimento, não tenho medo em dizer que o Brusque será uma das maiores potências de Santa Catarina. Se hoje temos cinco, e o Joinville hoje não está bem, o Brusque que assumir esta quinta posição e depois buscar mais.”

Fala, artilheiro!
No evento com torcedores na Havan, realizado nesta sexta-feira, 19, Júnior Pirambu respondeu pergunta de um torcedor que queria marcar dois gols na decisão no Augusto Bauer. Foi justamente o que ocorreu.

“É uma felicidade imensa. É como se fosse um acesso de um time da minha cidade. Já me considero da cidade, já amo muito aqui. Fiz o que faço nos treinos, com fé, dando meu máximo. O grupo fez isto. Só penso agora na semifinal e em uma possível final, buscando o título.”

Quem é que sobe?
Brusque, Manaus (AM), Ituano (SP) e Jacuipense (BA) disputarão a Série C em 2020.

*colaborou Eliz Haacke


Brusque 4×0 Juazeirense
Campeonato Brasileiro – Série D
Quartas de final – volta
Domingo, 21 de julho de 2019
Estádio Augusto Bauer
Público pagante: 4.296
Renda: R$ 88.500

Brusque: Zé Carlos (Dida 30′-2ºt); Edílson, Ianson, Cleyton, Aírton; Ruan, Thiago Alagoano, Romarinho; Jefferson Renan, Fio (Thiago Henrique 19′-2ºt) e Júnior Pirambu (Zé Mateus 23′-2ºt).
Técnico: Waguinho Dias

Juazeirense: Gleibson; Rodrigo Ramos, Emílio, Emerson, Cesinha; Waguinho, Iran, Clébson; Ewerton (Nino Guerreiro-int), Tony Galego (Jeam 17′-2ºt) e Gustavo Balotelli (William Santos 23′-2ºt).
Técnico: Maurílio Silva

Trio de arbitragem: Marcelo de Lima Henrique (RJ), auxiliado por Rodrigo Figueiredo Correa (RJ-FIFA) e Carlos Henrique de Lima Filho (RJ)

Gols: Júnior Pirambu (28′-1ºt e 38′-1ºt), Fio (18′-2ºt) e Thiago Alagoano (38′-2ºt).

Cartões amarelos: Fio, Zé Mateus, Jefferson Renan, Ruan e Thiago Alagoano; William Santos, Emílio e Iran

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