Brusque perde quase 30% de assinantes de TV fechada em cinco anos
Pouco mais de 11 mil pessoas assinam o serviço no município, segundo dados da Anatel
A TV por assinatura vive um momento de queda no Brasil. O serviço que chegou a ter 19.526.316 milhões de clientes em setembro de 2015, fechou setembro de 2019 com 16.080.682, queda de 17,8%. Em Brusque a diminuição no número de assinantes foi ainda maior, chegando a 27,31%.
O total de clientes das operadoras da cidade em janeiro de 2015 era de 15.295. Foi registrando queda ano a ano até chegar a 12.260 em janeiro do ano passado e atingir 11.117 assinantes em agosto de 2019.
Mais do que os efeitos da crise econômica brasileira, um fator parece pesar ainda mais na queda de assinantes da TV fechada: o crescimento dos serviços de streaming, como Netflix e Amazon Prime Video.
Novos tempos
Cleiton Marcos de Oliveira, mestre em Educação e professor nos cursos de comunicação da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), diz que as pesquisas na área apontam para uma mudança de comportamento da população.
“Não temos pesquisas oficiais, os referenciais teóricos sobre o assunto são sempre sobre artigos científicos, novas pesquisas, até as que orientamos nas universidade, em questões pontuais, mas o que a gente vê é uma mudança de comportamento social devido ao baixo tempo para assimilar o conteúdo”, diz o professor.
Segundo ele, as demandas de trabalho aumentaram muito nos últimos anos, levando a uma mudança na forma com que ocorre o consumo de televisão.
“As pessoas se envolvem em trabalhos nas suas empresas ou como funcionários e o tempo para assimilar o conteúdo audiovisual está mais enxuto”, completa.
Isso faz, na avaliação do professor, com que as pessoas comecem a preferir esses serviços, nos quais escolhem o que e quando assistir, no lugar de pagar por serviços de televisão tradicionais, em que não há essa opção, pois existe uma programação pré-estabelecida.
Ainda assim, alerta o especialista, a maior parte das procuras ocorre por programas e nomes conhecidos.
De acordo com o professor, as pesquisas apontam que os novos hábitos vão alterar a programação da televisão tradicional.
“Tenho a impressão que a comunicação ao vivo será muito voltada ao esporte e aos grandes acontecimentos. Mas aquela instantaneidade de programação de auditório ou entretenimento tende a deixar de existir.”
Em longo prazo, porém, os consumidores sentirão o outro lado da moeda, na visão do especialista. As pessoas que estão deixando de pagar pela TV por assinatura, considerada cara, e migrando para serviço de streaming com mensalidade mais barata, verão uma inversão de cenário.
Ele alerta que elas pagarão ainda mais do que hoje, porque precisarão de um número maior de assinaturas para acessar diferentes programações e ter um panorama maior de opções de entretenimento.