Brusque registra queda de 26% na negativação de cheques

Levantamento realizado pela CDL vai na contramão da pesquisa nacional divulgada pela Serasa Experian

Brusque registra queda de 26% na negativação de cheques

Levantamento realizado pela CDL vai na contramão da pesquisa nacional divulgada pela Serasa Experian

Pesquisa do Serasa Experian mostra que a proporção de cheques devolvidos no Brasil por falta de fundos atingiu 2,66% em março, o maior índice registrado desde 1991. No entanto, em Brusque, este cenário é diferente.

De acordo com levantamento realizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Brusque no sistema do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), a pedido do Município Dia a Dia, no primeiro trimestre de 2016 houve uma queda média de 26% no registro de negativação de cheques no município em relação ao mesmo período do ano passado.

O gestor executivo da CDL, Carlos Eduardo Vieira, explica que quando um associado da entidade recebe um cheque sem fundo do cliente, ele tem a possibilidade de abrir o sistema do SPC e registrar o CPF do cliente e o cheque que voltou como negativado. “O nosso levantamento é com base nos dados desses registros. É diferente da pesquisa da Serasa Experian que é feita dentro dos bancos, na hora da compensação. Por isso, os dados podem diferir da pesquisa do Serasa”.

O levantamento da entidade que representa os lojistas de Brusque também mostra que o cancelamento da negativação do cheque no sistema cresceu 14% no mesmo período em Brusque. “Tivemos mais pessoas que procuraram saldar esse cheque que foi negativado este ano em comparação com o ano passado”.

Para ele, os dados do município com relação ao cheque são positivos. “Tivemos uma queda no número de negativações e um aumento na busca pelo pagamento desta dívida. Isso é extremamente positivo”, diz.

No entanto, o gestor da entidade ressalta que um dos fatores que podem ter contribuído para a queda na negativação dos cheques no município pode ser a falta de registro dos associados no sistema do SPC. “Muitas vezes os empresários optam por não negativar o cliente e tentar fazer com que ele salde a dívida, então isso não entra para os registros”.


Uso do cheque é cada vez menor
Outro fator que pode ter contribuído para a queda no número de negativações de cheque no município é o uso cada vez menor desta forma de pagamento. “Hoje, a utilização de cheque está em queda na cidade, ele está sendo substituído pelo cartão”.

Por outro lado, os estabelecimentos que aceitam cheque estão cada vez mais restritos. “Geralmente, os empresários aceitam apenas cheques de pessoas conhecidas. E aí, o problema de cheque sem fundo também acaba diminuindo por isso”, destaca.

Em Brusque, um dos estabelecimentos que só aceitam cheques de clientes antigos é o posto Dakota. O responsável pelo financeiro do posto, Milton Floriani, afirma que o estabelecimento aceita apenas cheques de clientes antigos que estão cadastrados no sistema. “Normalmente são clientes que pagam mensalmente, e aí usam cheque. Mas a maioria dos clientes já usa o cartão. Nós aceitamos a maioria das bandeiras”.
Com isso, o número de cheques que retornam ao posto porque estão sem fundos também é muito pequena. “Ainda acontece, mas não é frequente”.

Outro local que restringe o uso do cheque é o Mercado Dell’Agnolo, no bairro Dom Joaquim. O gerente do estabelecimento, Márcio Dell’Agnolo, afirma que o local só aceita cheque de clientes conhecidos. “Ainda existe o pagamento em cheque, mas estamos restringindo mais. Aceitamos quando o cliente recebe o salário com cheque, por exemplo, e vai fazer compras para trocar, porque é de empresa, é mais uma segurança, mas de pessoa física, só aceitamos sob consulta”.

Com esses cuidados, o gerente ressalta que o local está há quase dois meses sem receber um cheque sem fundo.

Já no Supermercado Bistek, o gerente Evandro Bez afirma que o pagamento com cheque é comum, principalmente porque o estabelecimento oferece prazo de até 70 dias para descontar. No entanto, o número de devoluções também é maior. “Tem que fazer o cadastro aqui na loja e só então aceitamos o cheque. Também não aceitamos cheques de terceiros, e mesmo assim temos muito problema”.

De acordo com ele, nos últimos meses, o número de cheques sem fundos repassados ao estabelecimento cresceu. “Tivemos um aumento na devolução e também na procura pelas compras em cheque. Acredito que isso se deve a situação econômica e então a pessoa acaba passando o cheque”.

A pesquisa do Serasa Experian

Na avaliação do primeiro trimestre de 2016 entre as regiões do país, a liderança de devoluções, segundo a pesquisa da Serasa Experian, foi do Norte, com 4,75% de cheques devolvidos no período. O Sudeste foi a região que apresentou o menor percentual de devoluções entre janeiro e março de 2016: 2,00%.

Já entre os estados, o Amapá liderou o ranking de cheques sem fundos nos primeiros três meses do ano, com 18,27% de devoluções. Na outra ponta da tabela, São Paulo foi o estado com o menor percentual de cheques devolvidos (1,84%).

Na Região Sul, a devolução de cheques em março deste ano foi de 2,32% do total de cheques compensados, maior que a devolução de 2,01% registrada em fevereiro. Em março do ano passado, a devolução de cheques pela segunda vez por falta de fundos na Região Sul havia sido de 2,19% do total de cheques compensados.

Em Santa Catarina, a devolução de cheques em março de 2016 foi de 2,22% do total de cheques compensados, maior que a devolução de 1,90% registrada em fevereiro. Em março do ano passado, a devolução de cheques pela segunda vez por falta de fundos em Santa Catarina havia sido de 2,20% do total de cheques compensados.

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