Brusque sofre com a falta de vacinas contra meningite

Unidades Básicas de Saúde não possuem mais vacinas; Ministério da Saúde não tem previsão de reposição

Brusque sofre com a falta de vacinas contra meningite

Unidades Básicas de Saúde não possuem mais vacinas; Ministério da Saúde não tem previsão de reposição

A vacina meningocócica C, que combate a meningite, está em falta há meses em diversos estados do Brasil. Em Brusque, a situação é a mesma, com crianças que já passaram dos três meses, a idade mínima para aplicação da vacina, e ainda não receberam a sua dose.

A Prefeitura de Brusque não recebeu nenhuma estimativa do Ministério da Saúde sobre quando a situação será normalizada, e praticamente todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) já tiveram estoques esgotados.

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Em 27 de julho, o Ministério da Saúde emitiu nota oficial afirmando que a situação estaria regularizada em agosto. Foi alegado que a causa seria o atraso das entregas pelo laboratório produtor, a Fundação Ezequiel Dias. Na mesma nota, consta que as entregas são feitas de forma reduzida, bem abaixo da necessidade dos municípios.

A vacina Meningocócica C (conjugada) faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, sendo administrada aos três meses e aos cinco meses, com reforço até os quatro anos de idade.

Bruna Muniz Dalagnoli, moradora do bairro Jardim Maluche, tem um bebê de cinco meses que não recebeu sequer a primeira dose, necessária já aos três meses de idade. Ela percebeu a falta da vacina na UBS do bairro São Pedro desde julho.

“Liguei na Policlínica, e após várias idas e vindas no ‘postinho’, me informaram que não tinha previsão e nem fila de espera para se cadastrar. Comecei a ficar preocupada, porque já houve caso de óbito por meningite na região. Então a médica sugeriu que eu pagasse a vacina em clínica particular caso eu tivesse condições”, relata.

Em clínicas privadas, o valor da dose gira entre R$ 300 e R$ 400.

Edivana Lehmann levou seu bebê com dois meses para tomar as vacinas necessárias na UBS do Planalto, e descobriu que a meningocócica C está em falta há pouco mais de um mês. Há uma lista de espera para assim que as doses chegarem. É possível procurar a vacina em outras unidades fora do seu bairro, mas a prioridade é para aquelas que moram nas proximidades.

Mães de bebês com idade para receber a dose da meningocócica C relataram a O Município faltas da vacina no Centro, São Pedro, Rio Branco e Planalto. Há relatos de que não há em nenhuma UBS brusquense. O mesmo ocorre em Guabiruba.

O secretário de Saúde de Brusque, Humberto Fornari, reconhece o problema. No entanto, não é a pasta que tem capacidade para resolvê-lo, uma vez que as vacinas são obrigatoriamente fornecidas pelo Ministério da Saúde.

Ou seja, não é possível adquiri-las de forma alternativa, como acontece com diversos tipos de medicamentos. A medida possível é fazer filas de espera da vacina para estabelecer prioridades de atendimento, como recomendado pelo Ministério da Saúde.

“Recomendamos que sejam deixados os dados para contato, para que a Unidade de Saúde possa fazer a fila e iniciar a chamada para quando o abastecimento das vacinas voltar a ser feito. Sabemos da situação, que é difícil. No ano passado já ocorreu com outra vacina.”

Em nota divulgada ontem ao jornal, o Ministério da Saúde afirma que a distribuição da meningocócica C está sendo normalizada. Em Santa Catarina, entre janeiro e setembro, foram recebidas sendo 198,4 mil doses. A pasta chegou a realizar uma consulta à Organização Pan-americana de Saúde (Opas) sobre a possibilidade de adquirir esta vacina de um produtor internacional. Foi informado pela Opas que não há outro laboratório com capacidade de produção para atender a demanda do Brasil. Ou seja, há a dependência da Fundação Ezequiel Dias.

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No documento, é relembrado que “o Ministério da Saúde, por meio Central de Armazenagem e Distribuição de Insumos Estratégicos (Cenadi), envia mensalmente doses de vacinas aos estados, que são responsáveis pela distribuição aos municípios, de acordo com as necessidades locais”.

A vacina faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, sendo administrada aos 3 meses e aos 5 meses, com reforço aos 12 meses. Para crianças que não receberam o reforço aos 12 meses, a vacina poderá ser administrada até os 4 anos de idade. Os adolescentes de 12 e 13 anos também deve ser vacinados, com dose única que serve também como reforço.

Procura aumenta na rede particular
Com a falta da vacina na rede pública, famílias que têm condições financeiras suficientes buscam as clínicas particulares. A vacinadora e técnica em enfermagem da Magna Serviços de Saúde, Elaine Bieseck, explica que a rede particular serve uma porcentagem mínima de vacinas.

“Estas faltas existem de tempos em tempos na rede pública. Mas a procura da vacina contra a meningite é tanta nos últimos meses que a preocupação é que a falte vacina para nós também”, relata. No entanto, a clínica aplica a vacina meningocócica ACWY, mais abrangente, que imuniza contra a meningite dos grupos A, C, W-135 e Y.

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