Brusquense completa maratona intensa na Amazônia na segunda posição entre os brasileiros

O atleta percorreu 254 quilômetros em prova realizada na floresta amazônica

Brusquense completa maratona intensa na Amazônia na segunda posição entre os brasileiros

O atleta percorreu 254 quilômetros em prova realizada na floresta amazônica

Após dez dias enfrentando os mais diferentes desafios – longas maratonas, calor insuportável e até a sede – o brusquense Jeferson Luis Prette cruzou a linha de chegada da Jungle Marathon e terminou na segunda posição entre os atletas do Brasil. No geral, Prette terminou em 16º entre 35 competidores, sendo que houve oito desistências pelo caminho.

O atleta percorreu 254 quilômetros carregando uma mochila de aproximadamente quinze quilos com tudo o que podia consumir no período da prova, realizada pela floresta amazônica. O desafio ainda se alternava entre solos secos, arenosos e extremamente quentes para a umidade dos igarapés amazônicos, testando a capacidade de adaptação e a preparação dos competidores.

Ao terminar a prova, carregando a bandeira de Santa Catarina nas mãos, Prette, de 23 anos, quebrou os próprios recordes. Contudo, ele afirma que não vai parar com os desafios extremos. “No ano que vem vou ir atrás de uma maratona no deserto do Saara, ou quem sabe no frio da Antártida”. Segundo o competidor, ele deve retornar para a Jungle Marathon, mas dessa vez para subir ao pódio. “Acredito que daqui uns dois anos eu volto para lá. Aí eu vou para vencer, para conquistar o título”, diz.

Desafios desde o começo

Já no primeiro dia de Jungle Marathon, que consistia basicamente na travessia de barco do rio Tapajós, os desafios começaram para Prette. Dividindo a embarcação com cerca de 40 atletas, o brusquense diz que teve dificuldade para dormir. “Nós tivemos que instalar nossas redes dentro do barco, e como eram muitas pessoas ficamos muito pertos um do outro. Dormi mal e desconfortável”, diz. O barco partiu meia noite de Alter do Chão e chegou em Santarém às 11h.
O sono foi compensado nos dois dias seguintes, os quais todos os atletas participaram de cursos de sobrevivência e também tiveram seus equipamentos verificados. A partir das 20h do terceiro dia de Jungle Marathon (3 de outubro), Prette e os demais competidores foram proibidos de comprar ou adquirir itens como alimentação ou água dos membros da comunidade local. “Dali em diante, eu só passaria com o que eu tinha dentro da mochila. Eu precisaria ser autossuficiente”, diz.

Medalha concedida a todos os que completaram a prova | Foto: Especial / Jeferson Prette
Medalha concedida a todos os que completaram a prova | Foto: Especial / Jeferson Prette

Para valer

O primeiro dia de provas, quarto dia da Jungle Marathon, começou com um grande teste de sobrevivência para os competidores. “Já mesclou tudo o que eu passaria dali em diante. Pântanos, igarapés, mata fechada e principalmente o sol forte”, diz o brusquense. Durante as provas, o atleta precisava passar por ‘check-points’, locais onde poderia descansar e até mesmo receber cuidados médicos se necessário.

A dificuldade aumentou no segundo dia prova, quando o peso da mochila ficou insuportável para o atleta de Brusque. Aos poucos, Prette deixou pelo caminho, para os membros das comunidades locais, alguns dos itens que carregava. Alimentos, itens para hidratação e capas de chuva foram abandonados, e a bolsa que pesava 18 quilos passou a pesar 15 kg. A água absorvida nos igarapés também potencializava o volume da mochila.

No quinto dia, o brusquense calculou mal a quilometragem que precisaria percorrer. Com isso, ficou sem água por um bom período enquanto caminhava. Ao chegar no check-point desidratado, os médicos não deixaram que o atleta prosseguisse sem um período de descanso. “Aí eu apaguei. Se não fosse essa parada para dormir, eu com certeza teria chego em melhores posições”, afirma.

Momentos difíceis

Todo o sofrimento que Prette teve nos primeiros três dias de prova não se comparou ao que o atleta passou na reta final. Apesar de começar bem a maratona de 127 quilômetros de corrida direto, houve momentos de tensão. “Sofri muito com o calor em uma parte da corrida. Eu precisava molhar os pés o tempo todo para não queimar com o tênis e também refrescar a cabeça, mas além disso tinha que cuidar para que sobrasse água para eu beber. Geralmente os check-points ficavam a cada 10 quilômetros, mas teve um que ficou a uma distância de 19 km do outro, o que quase me levou a exaustão”, afirma.
Mas Prette conseguiu superar a dificuldade e chegou no check-point para descansar e esperar os próximos dias de prova. A partir daí, o atleta não teve mais grandes dificuldades até cruzar a linha de chegada.

Solidariedade

Durante a corrida, Prette encontrou o belga Kévin Borremans, que vinha lutando pelas primeiras posições, mancando por ter torcido o pé. O brusquense perguntou se Borremans precisava de ajuda, mas ele negou. Enquanto descia um morro, Prette ouviu um grito do belga e não hesitou em voltar. “Eu carreguei ele até o próximo check-point, onde pode desistir da prova. Ele me mandou uma grande mensagem agradecendo por eu ter feito isso”, diz.

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