Tetracampeão municipal na década de 1990, a União não disputa o campeonato amador de futebol há quase 20 anos. O clube, porém, se mantém com sócios e uma estrutura organizada no Centro da cidade, com o campo sendo utilizado por outros times, além de academia e salão de festas.

A União surgiu em 1951, no Ribeirão Porto Franco. Os primeiros chutes aconteceram em um campo cedido por Ângelo Maestri, onde vários torneios foram realizados, inclusive com a presença de equipes de Nova Trento e os reservas do Carlos Renaux, de Brusque.

A partir de 1963, a União se mudou para a rua Francisco Vicentini, no Distrito Industrial, em terreno cedido por Fantino Pavesi. Sete anos depois, o clube se estabeleceu no local que está até hoje, com a aquisição de uma área para a construção do campo no Centro e, posteriormente, da sede social.

Membros da família Paloschi, Vilmar, Xiro, Wilson, Valdecir, assim como Paulão e Cristovão Maestri, entre outros, tiveram papel fundamental na construção da sede e também na estruturação do time que teve sucesso nas décadas de 1980 e 90, e até hoje mantêm sua ligação com a União.

Wilson Paloschi e Isais Pedrini com um dos troféus conquistados pela União | Foto: Arquivo pessoal

Participações encerradas

Tesoureiro do clube atualmente, Leandro Colombi chegou a jogar pela União em dois campeonatos municipais no final da década de 1990. Ele assumiu a carteira de sócio do pai, que vinha com o clube desde os primeiros anos de fundação.

Na década de 1990, no momento do auge do esporte da União, nomes importantes do esporte de Botuverá, como Odenildo José Leoni e Salésio Xavier, chegaram a organizar o futebol amador do clube.

Colombi conta que, depois disso, porém, ninguém teve iniciativa para montar o time, que ficou de certa forma abandonado, e acabou deixando de disputar os campeonatos.

“Atualmente, os times buscam jogadores de fora. Para a União, perdeu um pouco o foco, quando começou a envolver dinheiro também. Gostaríamos de fazer nosso time com o pessoal do Centro”, diz o presidente da associação há pouco mais de três anos, Cristiano Pozzi.

Nido e a União

Odenildo José Leoni, o Nido, teve o seu restaurante na União entre 1999 e 2013, onde também fazia a manutenção do campo, da sociedade e cuidava do time para campeonatos, além de ter cuidado do ginásio que fica ao lado. “A partir do momento que me desliguei do futebol profissional, montei uma empresa de eventos e o restaurante. Fui convidado para cuidar da sociedade deles”, conta.

Ele também acredita que a falta de identificação dos jogadores com os times do bairro contribuiu para o fim da equipe. “Depois que começaram a pagar jogadores, perdeu um pouco a graça aqui na cidade e na região. De quase 20 times que tínhamos, foi para dez, nove. Quem se destacava, acabava indo para o outro para ganhar um dinheirinho. Não era mais uma coisa do bairro”.

Dificuldades atuais

No fim de 2019, a diretoria da União investiu cerca de R$ 80 mil para reformas do salão. A intenção era um espaço maior como benefício ao associado. Logo após o fim das obras, porém, veio a pandemia. 

Por conta disso, o quadro de sócios diminuiu quase dois terços: de 200 para 70. Pozzi conta que a academia do clube, que tem quase 100 alunos, é o que sustenta atualmente a estrutura.

“Estamos hoje equipados para atender nosso associado com o campo de futebol, que a gente mantém roçado, com estrutura de iluminação, as redes. Só cobramos uma taxa mínima para a manutenção. O salão, quando é locado para o associado, a mesma coisa, uma taxa de limpeza. Mas a academia é o que está movimentando a associação e fazendo o nome da União ficar”.

Leandro Colombi e Cristiano Pozzi são responsáveis pela União atualmente | Foto: Bruno da Silva

A diretoria deu sequência a um trabalho iniciado por seus antecessores para a melhora da estrutura da sociedade, que ficou por um período com um vácuo de comando após a mudança de local do famoso restaurante do Nido.

“Sempre tivemos uma boa estrutura. Por muitos anos, a maioria dos jogos dos campeonatos eram disputados aqui. As finais dos campeonatos também eram direcionadas para cá, a estrutura era melhor, podia atender mais o público, o campo era melhor, tinha alambrado”, conta.


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