Candidato à Prefeitura de Brusque pelo PSB, Ciro Roza fala de suas propostas e situação jurídica

"Se for prefeito, não deve passar de nove secretarias", diz Ciro Roza

Candidato à Prefeitura de Brusque pelo PSB, Ciro Roza fala de suas propostas e situação jurídica

"Se for prefeito, não deve passar de nove secretarias", diz Ciro Roza

Travando uma batalha judicial para garantir a viabilidade de sua candidatura, o ex-prefeito Ciro Roza (PSB) tenta retornar ao cargo que já exerceu em três oportunidades. Ele é o primeiro entrevistado pelo Município Dia a Dia, conforme ordem definida por sorteio, realizado na presença de assessores dos candidatos.

“As forças políticas estiveram correndo cada qual separadamente, o que nos enfraquece em termos de representatividade”, afirma o candidato, na primeira pergunta a ele direcionada, a qual não tratou especificamente disso, mas da situação jurídica de sua candidatura.

Ciro chegou bem humorado para a entrevista, agendada às 15h de terça-feira, 31. Às 14h52, ele já aguardava na recepção, acompanhado de apenas um assessor. Uma raridade, em época de eleição, quando candidatos costumam trazer sempre uma tropa ao seu lado. Falou durante 46 minutos e, ao sair, deixou intacto o copo de água que lhe foi oferecido. Na saída, mais uma vez reiterou sua situação judicial complicada: “A Justiça não é uma ciência exata, onde dois mais dois são quatro”.

Nessa entrevista, Roza fala, além disso, sobre sua propostas, na disputa pela Prefeitura de Brusque, a ser encerrada, nas urnas, em 2 de outubro. Entre os assuntos, ele adianta ser contrário à privatização total do Samae, mas fala em “empresa de economia mista”.

O candidato também critica seus sucessores, após ter deixado a prefeitura, em 2008, por terem falhado no projeto de viabilizar o prolongamento da avenida Beira Rio, no bairro Santa Terezinha. Na maior parte de suas respostas, como de costume, fala em retomada de ações realizadas quando governo Brusque.


Viabilidade da candidatura

Com sete pedidos de impugnação de sua candidatura, Ciro Roza ainda enfrenta uma condenação judicial, geradora de inelegibilidade, a qual seus advogados tentam reverter no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele, no entanto, afirma que o jogo, na Justiça, ainda não acabou. “Ao entrar no site do TSE, não tem nada que me impede [de ser candidato]. Mas isso não impede que outros entrem com ações [de impugnação]. Mas isso cabe à Justiça, uma decisão judicial a gente cumpre, claro que tem os recursos, porque a Justiça não é uma ciência exata”.


Participação privada no Samae

Em entrevistas recentes, Roza mencionou o interesse em estimular de participação privada no Samae, para implantação do tratamento de esgoto. Ele ressalta, porém, que não se trata de privatizar a autarquia.

“Participação privada é uma coisa, público-privada é completamente diferente. Em 2006 tínhamos um projeto, e já na oportunidade se falava na busca de parcerias”, afirma.

“Tínhamos um projeto de uma empresa de economia mista, porque o controle não pode sair do município, mas nada impede de buscar parceiros”.

Segundo o candidato, existem recursos, a fundo perdido, que podem ser buscados para viabilizar parceria público-privada.

“Por que não se destina esses recursos para empresa pública? Porque acontece isso que se viu na Petrobras: vira uma estrutura praticamente sem controle, e começa a se desviar recursos. Em 2006 o projeto [da empresa de economia mista] entrou na Câmara, e na época não foi votado, perdemos os recursos. E o problema se agrava, a cidade vai crescendo”.


Demora no atendimento

O candidato foi questionado a respeito dos problemas de atendimento na média complexidade na saúde de Brusque, no qual se leva até um ano para consultar alguns especialistas, como oftalmologista, por exemplo. Ele diz que isso acontece porque o dinheiro da saúde é investido de forma errada.

“Quando eu fui prefeito, não tinha essa fila de espera para se fazer um exame. O que aconteceu, na verdade, é que tem que gastar 15% na saúde, mas não diz especificamente no que. Nós tínhamos bastante médicos contratados, e a estrutura auxiliar não era tão gigantesca quanto é hoje”, afirma.

Segundo Roza, “hoje quase que só a folha de pagamento já se atinge os 15%, aí não tem dinheiro pra comprar o remédio, pagar o exame”.


Vagas em creche

O candidato do PSB, questionado a respeito da fila de espera por vagas em creche em Brusque, estimada em 1 mil crianças, afirma que, caso eleito, irá retomar uma ideia implantada em seus mandatos anteriores, das chamadas creches domiciliares.

“Nós derrubamos o déficit [de vagas] no nosso governo, construímos algumas creches e fizemos as creches domiciliares, onde uma pessoa lá com 50 e poucos anos, fazíamos uma visita, ela cuidava de cinco, sete, até oito crianças. Porque veja bem, uma pessoa é avó, que já criou os filhos, já criou os netos, então essas creches domiciliares veio derrubar o déficit, porque as mães deixavam as crianças ali, estavam sempre bem cuidadas”.

Com o fim das creches domiciliares, conforme o candidato, a fila de espera se agravou porque “esqueceram também de fazer os investimentos”, disse, referindo-se à gestão que o sucedeu, de Paulo Eccel (PT).

Roza promete, se eleito, acabar com a fila. “No nosso governo, isso é prioridade. Vamos derrubar, em quatro nos, o déficit das creches, reestudar a possibilidade das creches domiciliares, que é um paliativo que foi bem sucedido”.


Trânsito: privilegiar carro ou bicicleta?

A bicicleta não é o modal de trânsito preferido do candidato, o qual criticou a estratégia pregada na campanha de 2012 pelo seu principal adversário, o PT, o qual tinha nesse meio de transporte uma de suas bases de proposta em mobilidade.

“O PT na campanha tinha um termo que utilizava muito: mobilidade urbana, mas não fizeram nada. Essa sempre foi uma preocupação nossa”, disse.

Roza lembra que, durante seu primeiro mandado, em 1989, havia 12 mil veículos no município. Atualmente, são quase 100 mil, e as ruas existentes são praticamente as mesmas. Para ele, encher a cidade de ciclofaixa não é solução para o trânsito.

“Fazer uma pista para ciclista nas ruas existentes, que já não tem a largura adequada para suportar o trânsito? Se fosse possível fazer desapropriações para fazer uma via adequada, louvável. Mas nós temos um número grande de veículos e nestas ciclovias diminui o fluxo”, diz o candidato

“E às vezes se passa numa ciclovia e não vê ninguém passando de bicicleta. quando vê, é em forma de lazer, mas não é um deslocamento. Isso tem que ser canalizado em alguns pontos, como na Beira Rio”, opina.


O prolongamento da Beira Rio

Paulo Eccel (PT), Roberto Prudêncio Neto (PSD) e Bóca Cunha (PP) tentaram financiamento de R$ 4 milhões no Badesc para o prolongamento da avenida Beira Rio, no sentido Santa Terezinha. Até agora, entretanto, nenhum real foi liberado.

Questionado sobre o tema, Roza diz que não precisará de dinheiro externo para financiar o projeto, caso eleito.

“Nós fizemos a Beira Rio sem financiamento do Badesc. E me causa estranheza, se tivessem conseguido esse financiamento, pelo trecho a ser feito, pelo valor que estava sendo aplicado, um absurdo, uma obra de um custo altíssimo”.

Ele defende a recriação de uma empresa pública para tocar as obras do município, a exemplo do que era a antiga Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Brusque (Codeb), hoje afundada em dívidas e processos judiciais.

“Fizemos um grande número de obras quanto tínhamos a Codeb. Quase todas as nossas obras eram feitas pela própria administração”.
Para o candidato, a contratação de empresas licitadas gera atraso na execução das obras, e torna-as mais caras.

“Porque quanto tu licitas uma obra, a firma que veio fazer tem que ter resultado, tem imposto, etc. As licitações eram feitas só dos materiais, para ter um custo menor. Pega o orçamento dos meus mandatos e dos atuais, e vê quantas obras foram feitas”.


Segurança pública e guarda municipal

Ciro Roza não é a favor da criação de uma guarda civil municipal, com status de polícia, para ajudar na segurança pública. para ele, a prefeitura não tem profissionais capacitados para tanto.

“A segurança pública precisa de profissionais altamente qualificados. Acho que a prefeitura não tem condições de formar esses profissionais, a menos que fizesse uma parceria com a Polícia Militar, para que as pessoas fossem preparadas por essa estrutura que tem ali”.

Durante a entrevista, como de costume, o candidato listou feitos dos seus mandatos. Disse que, no seu governo, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram superequipados, com a criação de fundos para as instituições.

Para melhorar a segurança da cidade, ele defende o aumento do efetivo, e a qualificação dos profissionais.

“Agora, a criminalidade avança. Seria fácil contratar pessoas, mas tem que buscar pessoas que entendem, é preciso investir na qualificação dos profissionais”, afirmou.


Reforma administrativa na prefeitura

“Se for prefeito, não deve passar de nove secretarias, mais as autarquias”, afirma Roza, ao ser perguntado sobre o tamanho da máquina pública, atualmente. Ele afirma que, além de corte de secretárias, também é necessário rever o número de funcionários da prefeitura.

“Quando repassei o cargo ao prefeito que me sucedeu [Paulo Eccel], tínhamos 1.920 funcionários na prefeitura. Pela informação que eu tenho, hoje são 3.270. Brusque cresceu, mas não ao ponto de quase que dobrar o número de funcionários”.

O candidato cita como exemplo da alegada má gestão dos recursos humanos a área da saúde, onde, segundo ele, há excesso de funcionários administrativos e faltam profissionais especializados.

“A saúde a fim mesmo, que são médicos e enfermeiros, é pequena, mas a estrutura da saúde é gigantesca, os que fazem parte dela, e com isso se absorve recursos. Percebo que a máquina está super inchada”.


Dificuldades na geração de emprego

Roza contou sua história como técnico têxtil em Brusque, quando confrontado com questionamento sobre a situação da empregabilidade no município, que vem caindo nos últimos anos.

Mais uma vez, ele ataca o governo do PT, o qual, diz, “pregou o divorciamento entre o capital e o trabalho”.

“Introduzimos em Brusque a terceirização, quando eu era empresário, e depois na prefeitura busquei a política de harmonia entre o capital o trabalho, e o PT veio pregando o contrário”.

“É com o mesmo pensamento que vamos voltar, buscando a estrutura para que possa voltar a atender bem, seja o empreendedor ou seja o trabalhador”, conclui o candidato.


Confira a entrevista na integra

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