Candidato a vice-prefeito, Flávio Bettinelli (PSOL) fala sobre o programa de governo da chapa

Se eleito, candidato pretende participar da vida nos bairros, para avaliar e melhorar o serviço público

Candidato a vice-prefeito, Flávio Bettinelli (PSOL) fala sobre o programa de governo da chapa

Se eleito, candidato pretende participar da vida nos bairros, para avaliar e melhorar o serviço público

Com 26 anos, Flávio Bettinelli é o candidato mais jovem em uma chapa majoritária em Brusque. Ele é postulante ao cargo de vice-prefeito ao lado de Chico Cordeiro, ambos do PSOL, e tem o desafio de desmistificar a ideologia de esquerda e de superar outros concorrentes com mais dinheiro e estrutura.

Bettinelli concedeu entrevista às 8h, “no primeiro horário”, porque continua a trabalhar durante campanha. Teve de pedir para outro funcionário substituí-lo por alguns minutos para poder comparecer.

O jovem candidato prega mais engajamento da população e coloca como o papel central do vice-prefeito o diálogo com a sociedade e com a Câmara de Vereadores. Ele também pretende, se eleito, fortalecer os conselhos municipais.

O candidato do PSOL diz que não é contrário ao empresariado, como algumas vertentes de esquerda são. Bettinelli, junto com Chico Cordeiro, quer tornar a prefeitura pró-ativa e modernizá-la.


Papel do vice

Muitas vezes tido como decorativo, o cargo de vice-prefeito é alvo de críticas. Recentemente, vários vices assumiram pastas no primeiro escalão em Brusque. “O papel do vice-prefeito é de estar em negociação constante com os vereadores, mas eu quero fazer diferente e fugir do passado dos outros vices, os quais assumiram secretarias e autarquias. Isso tudo é para agregar salários à função”.

Como vice “em tempo integral”, o jovem político pretende estar mais presente nos bairros. Ele diz que participará das reuniões em associações e percorrerá as localidades. “O vice-prefeito tem que acompanhar os bairros e as obras, sentir na pele todo o serviço público”, afirma.

Ainda sobre este engajamento, Bettinelli diz que uma das propostas do PSOL é, se eleito, fortalecer os conselhos municipais. “Queremos uma gestão na qual o cidadão vai entender que faz parte dela. O prefeito não vai ser aquele gerente, o coronel que senta na cadeira e só manda”, diz o candidato.

Bettinelli afirma que, se eleitos, ele e Chico Cordeiro querem propor uma redução de até 70% dos salários do prefeito e do vice. “Ah, mas isso é uma medida popular! Não é. Eu, como já trabalhei em empresa, sei que, em momento de crise, o empresário também reduz o pró-labore dele”.


Participação popular

O PSOL de Brusque tem como uma das propostas a criação e fortalecimento de conselhos de bairros, contudo, na prática, é algo complicado. Historicamente, as sessões da Câmara de Vereadores são vazias, salvo situações pontuais.

Quando perguntado do motivo da baixa participação popular nos conselhos, ele diz que a principal razão é a falta de divulgação. “Nunca fui convidado para um conselho. Sabemos que existe, mas nunca fui convidado. Usam o site da prefeitura, mas não consigo entrar no site e saber onde terá uma reunião de conselho. A mesma coisa com as audiências públicas, que fazem em horários ruins, que ninguém pode ir. Fazem às 15h, quem vai sair do trabalho para isso?”.

Além disso, Bettinelli diz que é preciso que o prefeito e o vice estejam presentes, pois, assim, a população verá que a reunião é importante. Na opinião dele, hoje, as pessoas enxergam os conselhos como uma formalidade e não um instrumento de mudança.


Governabilidade

O PSOL lançou candidatos apenas nas eleições majoritárias. O partido tem poucos filiados em Brusque e não conseguiu lançar nenhum para concorrer à Câmara de Vereadores. Caso eleito, o partido terá trabalho para ter a governabilidade.

“Governabilidade sem vereador é complicado. A gente aposta que a população vai ajudar”, afirma Bettinelli. A proposta é que os projetos sejam encaminhados primeiramente aos conselhos, para depois seguir para a Câmara Municipal.

Na visão do candidato a vice do PSOL, as propostas terão apoio dos vereadores porque já terão vindo de um órgão popular. Assim, os parlamentares serão compelidos a aprovar as matérias importantes.

Bettinelli diz que também buscará conversar com os vereadores, pois acredita que as questões importantes vão além das siglas partidárias.


Ideologia e preconceito

A ideologia de esquerda tem um certo afastamento da população em geral, que teme estatizações e o fim da iniciativa privada. A visão tem se intensificado nos últimos meses com o acirramento das divisões políticas no país.

Bettineli reconhece que o socialismo é visto com receio. “Tenho uns colegas que até brincavam comigo, falando que vamos acabar com as empresas”, comenta. Apesar disso, ele afirma que é a favor das empresas.

“Não queremos ter a imagem de que vamos nos afastar dos empresários. Pelo contrário, queremos que os empresários participem”, afirma. “Somos contrários à posição do Jones Bosio [DEM] de não deixar vir novas empresas [em tempos de crise, para evitar que as já estabelecidas sejam afetadas]. Não tenho esta visão. Se uma grande empresa quer vir para Brusque, por que não? Não é momento de crise?”, completa.


Gestão pública eficiente

Bettinelli usou os minutos finais dedicados às considerações finais para apresentar algumas propostas. A primeira delas diz respeito à Saúde. A ideia da chapa do PSOL é implementar um sistema de marcação de consultas no SUS por meio de aplicativo no celular e no computador. A pessoa poderia baixar os exames e ver a fila para consultas na hora.

Outra proposta é que os ônibus sejam movidos a Gás Natural Veicular (GNV), menos poluentes e barulhentos. Os ônibus também devem ter internet e ser climatizados. Para a segurança, a ideia é investir no monitoramento em parceria com a Polícia Militar.

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