Candidato ao Senado pelo PSOL, Pedro Cabral apresenta propostas para o mandato

Professor defende um Estado presente para manter as instituições nacionais

Candidato ao Senado pelo PSOL, Pedro Cabral apresenta propostas para o mandato

Professor defende um Estado presente para manter as instituições nacionais

Um dos candidatos do PSOL ao Senado por Santa Catarina é Pedro Cabral, professor formado em educação artística pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Também fez mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutorado na Universidade de São Paulo (USP).

Natural de Florianópolis, já atuou como diretor de escolas na capital catarinense, foi vice-presidente do Conselho Municipal de Educação em duas ocasiões e é suplente na Câmara Municipal. O professor de Ensino Fundamental tem 58 anos, atua há 32 no magistério e chegou a ser candidato a vereador por Florianópolis nas eleições de 2016. Ele visitou o jornal O Município na semana passada e falou sobre suas propostas e suas posições sobre a conjuntura atual.

Estado presente

Cabral afirma que as propostas, enquanto candidato por um partido de esquerda, giram em torno da ideia de um Estado forte. Isto significa defender o país e as instituições nacionais, na visão do professor. “É completamente ao contrário das propostas neoliberais. É apoiar uma reformulação da reforma trabalhista, ser contra a reforma da previdência da forma em que está proposta.”

O candidato enxerga que o programa de governo do presidente argentino, Maurício Macri, é o que está em andamento na atualidade, reforçado pela então oposição ao fim das eleições presidenciais de 2014. “Propostas de desmonte do país, de venda, entrega ao capital privado. O Macri fez isto na Argentina. O mesmo processo. O mesmo programa de governo. O Macri acabou com a Argentina. É só ver. Nossa proposta é outra. Queremos um estado forte. Que o petróleo seja nosso. Que as empresas aéreas brasileiras continuem sendo brasileiras. É por aí.”

Funções de senador

O candidato é contrário ao fato de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ser avaliado pelo Senado, após indicação do presidente da República. Ele admite a falta de discussão sobre o assunto e de ideias concretas para solucionar o que é considerado problema.

“Os senadores avaliam o que vem da Câmara e indicam o ministro do Supremo. É um complicador o fato de serem indicações políticas. Nós vimos no que isto resulta: maior severidade para uns e maior liberdade para outros, em todos os governos. Também precisamos estar atentos ao fato de o orçamento do presidente da república ser definido pelo Senado.”

Governo de Santa Catarina

Cabral acredita que o candidato do PSOL ao governo de Santa Catarina, Leonel Camasão, conquiste bons resultados, por apresentar, segundo ele, a alternativa de mudança real, principalmente quando comparados a outros candidatos.

“Se as pessoas estavam dispostas a acabar com a corrupção e colocar alguém novo, o Leonel está eleito. Ou então as pessoas podem querer continuar com os mesmos que só brincaram com a democracia indo para a rua e fazendo toda a cena de indignação seletiva. A eleição do Leonel poderia ser uma faxina.”

Eleições presidenciais

Na visão do professor, uma das principais dificuldades para que o presidenciável do PSOL, Guilherme Boulos, consiga maior destaque, está no modelo que permite as grandes coligações atuais. Isto acarreta em falta de tempo para que outros candidatos discutam suas propostas.

“Tenho certeza que o Boulos defende os princípios do PSOL, e é uma pessoa preparada para dirigir o país. Mas o nosso processo eleitoral não é de igualdade. Faz com que não consigamos disputar em mesmo nível com o Alckmin, por exemplo, que está em uma coligação com o chamado Centrão.”

Atentado a Jair Bolsonaro

O candidato repudia e lamenta o atentado a faca realizado contra o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, e vê que a repercussão do caso dependerá de como a imprensa tratará o caso. Ele lembra que Renato Almeida Freitas Jr, candidato do PT a deputado estadual pelo Paraná, foi baleado pela Guarda Municipal de Curitiba durante panfletagem em 9 de setembro, e afirma que a repercussão deveria ter sido maior.

“O que aconteceu com ele é deplorável, e nós lamentamos que tenha acontecido. Pensei o que ele faria se fosse qualquer outra pessoa que tivesse pensamento diferente dele. No mínimo, diria que foi pouco”, palpita.

Cabral afirma ainda que a ascensão de Jair Bolsonaro faz parte de um processo anti-civilizatório que ocorre em escala mundial. “Quando vemos uma pessoa dessas dizendo o que diz e muita gente achando que é natural com um ódio de classes no meio, o processo civilizatório está em risco. Tivemos isto na França, com a Marine Le Pen, no Reino Unido com o BrExit. Na Alemanha, onde um membro do partido nazista chegou a ser eleito.”

Ceticismo com a esquerda e taxação

Cabral admite que o eleitorado está cético e amargurado com a esquerda. Quando perguntado sobre a taxação de heranças e grandes fortunas, prometida pelo PT nos anos 80, e que nunca se concretizou nos governos Lula e Dilma, ele afirma que justamente por este tipo de diferenças o PSOL foi criado e resolveu tomar outra linha, mais próxima ao do PT de décadas atrás.

“O PT é um dos grandes responsáveis por isto. Dizendo que são incorruptíveis. E o PT esqueceu de combinar isto com as pessoas com as quais iria governar. A grande taxa tributária é arcada pela classe média, que acredita que os males vêm das camadas mais pobres. A classe média se vira contra os mais pobres, quando está sendo achatada por cima. Se a proposta neoliberal continuar, basta olhar para a Argentina, é o que vai acontecer.”

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