Candidato a deputado estadual: Álisson Castro defende melhor gestão no setor público

Historiador da Fundação Cultural concorre pela primeira vez a um cargo eletivo

Candidato a deputado estadual: Álisson Castro defende melhor gestão no setor público

Historiador da Fundação Cultural concorre pela primeira vez a um cargo eletivo

Idade: 33 anos
Naturalidade: Brusque
Profissão: Historiador
Grau de instrução: Ensino Superior Completo
Religião: Agnóstico
Nome na urna: Álisson Castro
Número na urna: 50123
Candidato a presidente: Guilherme Boulos (PSOL)
Candidato a governador: Leonel Camasão (PSOL)

Álisson Castro, historiador da Fundação Cultural de Brusque, concorre pela primeira vez a um cargo eletivo. Ele disputa uma das cadeiras na Assembleia Legislativa pelo PSOL.

É casado, pai de dois filhos e mora em Brusque há 11 anos. Nesta entrevista, ele explica porque decidiu se candidatar e fala de suas propostas de campanha. Acompanhe.

Assista à entrevista na íntegra:

Por que decidiu ser candidato a deputado estadual?
“Uma das principais tarefas do historiador é interpretar a realidade, e quando a gente vai interpretando a realidade, vê o que está acontecendo com o nosso país. Alguns teóricos dizem que não basta ficar interpretando a realidade, e sim agir para modificá-la. Só que quando nós, cidadãos comuns, vemos dólar na cueca, mala de dinheiro do chão até o teto, políticos com helicópteros com 500 kg de cocaína, virando ministro e ocupando cargo no alto escalão do governo Temer, a gente vê que as coisas estão erradas. A minha candidatura nasce de uma indignação, as pessoas estão indignadas, só que a gente precisa transformar as coisas”.

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Qual é o primeiro projeto de lei que pretende propor, caso eleito deputado estadual?
“Não adianta o candidato vir aqui dizer que vai lutar pela saúde, pela educação, porque tem que entrar dinheiro em caixa. Se não entrar dinheiro em caixa, não tem como fazer investimento. Em Santa Catarina, a cada cinco reais que deveriam ser arrecadados em impostos, aproximadamente, um real é concedido em isenção fiscal [ver checagem], é o chamado bolsa empresário. Então o meu principal projeto, num primeiro momento, é abrir a caixa preta da isenção fiscal. Sem abrir essa caixa preta e sem arrecadar dinheiro, não adianta a gente prometer coisa”.

Qual será seu investimento prioritário com os recursos de suas emendas parlamentares? Elas serão aplicadas 100% na região?
“Com certeza. Eu fui criado em Itajaí e há 11 anos sou casado com uma brusquense, tenho dois filhos em Brusque, e eu vejo que o principal investimento deve ser nos hospitais filantrópicos, tanto no Marieta Konder Bornhausen, como aqui no Hospital Dom Joaquim, Hospital Azambuja, porque não pode recair somente sobre os contribuintes de Brusque arcar com o hospital. Eu creio que seja papel dos parlamentares trazerem um verba para esses hospitais que atendem a região”.

Qual o principal problema de Santa Catarina hoje, e o que você pode fazer para combatê-lo?
“O principal problema é a caixa preta que é a isenção fiscal para grandes empresários. A gente tem difundida a ideia de que nós da classe média sustentamos as pessoas que não têm condições e que estão com Bolsa Família. Mas na realidade a classe média está sustentando o estado inteiro, porque quando a gente vê que quem ganha milhões não está pagando imposto, então tá errada a coisa”.

A Assembleia Legislativa foi avaliada como a terceira mais cara do país. O que fazer para mudar essa realidade? Está disposto a abrir mão de privilégios?
“A gente tem que ter clareza ao tratar o que é privilégio e o que é direito. Alguns direitos são meio que camuflados como privilégios. O que eu vou manter, vai ser o essencial para que eu possa desenvolver um bom trabalho”.

Não tens como listar o que achas que é privilégio e o que achas que não é privilégio?
“Não, não tenho como listar”.

Por que decidiu se candidatar pelo PSOL? O que te atraiu no partido?
“O PSOL surge como um partido de deputados que foram expulsos do PT, os deputados que votaram a favor dos trabalhadores, e o governo PT. É como se a gente pegasse um ônibus pra ir a Curitiba, então chegando na BR-101 a gente vai pegar a esquerda. Só que o ônibus quando chega na BR-101 decide pegar à direita, mas a gente embarcou para ir a Curitiba, então na BR-101 tem que pegar a esquerda. O que é o pessoal do PSOL? É o povo que puxou a cordinha: “vocês vão pra Florianópolis, fiquem a vontade, mas nós vamos para a esquerda, porque nós embarcamos num ônibus para ir a Curitiba”. Então o PT seguiu para Florianópolis, que não era o caminho inicial almejado e nós continuamos, mesmo que a pé, a gente vai pra Curitiba, ou seja, mantendo a coerência”.

Boa parte do eleitorado de Brusque é bastante conservador. Como eles têm recebido as propostas do PSOL?
“Eu fiz campanha também em Itajaí, e aqui em Brusque até que foi mais tranquilo. Em Itajaí encontrei algumas pessoas fanáticas, porque a gente tem fanáticos de todos os lados, pessoas que não aceitam conversar. Uma das nossas grandes críticas também a esse sistema político é justamente se interditar do debate de alguns temas que de repente pode perder voto. Não vou discutir aborto porque pode perder voto, não vou discutir identidade de gênero porque pode perder voto. A minha candidatura tem esse papel de discutir”.

De onde vem os recursos para financiar sua campanha, e quanto você pretende investir nela?
“Eu não vou investir um real além das minhas calorias para pedalar de bicicleta. Todo o recurso que veio da minha campanha foi R$ 3,6 mil [ver checagem], que foi do fundo eleitoral. O PSOL foi o primeiro partido a pedir a proibição o recebimento de doação de empresas, e eu estou vendo como que é o desequilíbrio da campanha eleitoral. Eu com R$ 3,6 mil estou competindo com quem recebeu mais de R$ 65 mil, mais de R$ 100 mil, tem candidato que recebeu um milhão de reais. Eu digo que eu sou Davi contra Golias, porque enquanto estou entregando material, casa por casa, de bicicleta, tem candidato com equipe de 20, de quarenta panfleteiros. É uma competição muito desigual”.

É contra ou a favor da manutenção das Agências de Desenvolvimento Regional (ADR)?
“Eu sou contra justamente por conta daquilo que eu vivenciei como servidor público, de ver que o estado é usado como cabide de emprego, como o local que vai sustentar cabo eleitoral. A proposta inicial do Luiz Henrique da Silveira que era descentralização, era muito bonitinha. Mas na prática, é esse negócio de assentamento de candidato que perdeu a eleição. O que a gente tem que ter é descentralização dos serviços, de saúde principalmente, que muitas vezes você vai fazer um tratamento tem que ir pra Florianópolis, pra Blumenau”.

O governo estadual tem déficit de profissionais em áreas de segurança pública e está com os gastos com pessoal no limite. Como prover esses cargos sem estourar as contas públicas?
“Se falava muito de gestão. E aí quando a gente concede essas isenções fiscais, que giram em torno de 20%, e o estado não arrecada, porque você está com rabo preso com quem te deu dinheiro para sua campanha eleitoral. O governo tem que arrecadar, tem que parar de dar arrego para empresário grande. Enquanto a gente não quebrar com esse mecanismo do uso da máquina pública para fins eleitorais, nada vai mudar”.

Qual a sua avaliação sobre o grande número de candidatos em Brusque? Há candidatos que querem fazer desta eleição um trampolim para 2020?
“Não posso responder pelos outros candidato. Eu tenho certeza que nós do PSOL teremos um ou até dois deputados estaduais, vai ser a primeira vez que o PSOL vai ter deputado em Santa Catarina. Com base nisso, de repente a minha candidatura, seja a mais viável. É muito triste ver que a estrutura da prefeitura e os cargos comissionados e o prefeito estão fazendo campanha para candidatos de fora”.

Por que começar numa campanha pra deputado estadual e não como vereador, por exemplo?
“Porque nas últimas eleições eu ainda não estava filiado. Além disso, você tem que ter toda uma construção interna dentro do partido, e essas são as primeiras eleições que eu pude concorrer como candidato após a minha filiação”.

Qual a sua opinião sobre o uso do critério político para nomeação de conselheiros do Tribunal de Contas?
“Essa questão de aparelhar o Judiciário com critério político é muito complicada. Veja recentemente como os deputados votaram, no caso em que criaram mais de 800 cargos comissionados [ver checagem]. O que de repente eles ganham em troca com isso? De repente eles vão indicar esses cargos comissionados e quando aparecer um processo deles lá na Justiça, fica complicado. Eu sou radicalmente contra essa questão de misturar política com Judiciário”.

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Em Santa Catarina, a cada cinco reais que deveriam ser arrecadados em impostos, aproximadamente, um real é concedido em isenção fiscal?
Quase isso. O governo catarinense concede R$ 5,93 bilhões ao ano em benefícios fiscais a empresas, ou seja, o valor deixar de entrar nos cofres públicos para investimentos e custeio. O montante representa 25% da arrecadação total. As informações são da Secretaria de Estado da Fazenda e do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Todo o recurso da campanha de Castro veio do fundo eleitoral, no valor de R$ 3,6 mil?
Sim. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Castro arrecadou até agora o montante de R$ 3.641,12, provenientes somente da direção estadual do partido, por meio do fundo eleitoral.

Recentemente os deputados estaduais aprovaram a criação de mais de 800 cargos comissionados?
Exato. Em junho deste ano, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) autorizou a contratação de 800 cargos comissionados. São 462 cargos de assessor jurídico e 402 para assessor de gabinete. As funções foram criadas sem a realização de concurso público.

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