A cidade de Troia
resistiu bravamente ao cerco dos gregos, graças à sua poderosa muralha. Os
gregos fingiram ir embora, deixando um enorme cavalo de madeira em homenagem
aos troianos. Estes levaram o “presente” para dentro e, depois de se embriagarem
na comemoração da vitória, os gregos saíram de dentro do cavalo, abriram os
portões e a cidade foi invadida e destruída. O cavalo de Troia simboliza a
estratégia do invasor, que “é convidado” a adentrar o território inimigo, e
também o invadido, que baixa a guarda, deixando que o inimigo se instale dentro
de si.

Lembrei-me do cavalo
ao reler o famoso “Decálogo” atribuído a Lênin, cujo objetivo era “minar” a
estrutura da sociedade e permitir que os comunistas chegassem ao poder. O
primeiro item é: “Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual”. Não me
interessa se o autor é ou não o próprio Lênin. O fato é que, há décadas,
vivemos os efeitos dessa regra. Na década de 1960, começou um movimento em prol
da liberdade sexual, culpando a religião e a sociedade tradicional pela
repressão que se exercia sobre os jovens. Os efeitos da liberdade sexual já
eram percebidos na década de 1970. O Pe. Zezinho, com muita propriedade, já
alertava sobre isso naquela época, apontando como os jovens estavam
desorientados e se perdendo nas ilusões de liberdade que lhes eram
apresentadas. Pouca gente, no entanto, deu atenção às suas palavras. Hoje,
temos crianças e adolescentes que não tem ideia do que é “pretérito imperfeito”,
mas certamente já aprenderam, na escola, como colocar uma camisinha. Todos
parecem apreciar o presente que a história lhes deu, e não percebem que se
trata de um cavalo oco, que esconde dentro de si inimigos poderosos. Essa
liberdade sexual, aliada à decadência dos sistemas de ensino e da autoridade
familiar, inoculou na alma das pessoas um vírus poderoso, que mina sua força
moral. Essa terrível fraqueza espiritual mostra a cara no mundo do trabalho.
Nunca se viu tanta gente preguiçosa e desleixada, amparada por direitos e garantias
sem conta, que apavoram as empresas. Nas escolas e universidades, o números de
analfabetos funcionais e gente totalmente desconectada da realidade é
assustador. Além disso, os relacionamentos estão cada vez mais deteriorados, e
as famílias já nascem marcadas por essa deterioração, porque o verdadeiro amor
conjugal já se tornou praticamente um mito. Não é mais possível deixar de
enxergar que estamos sendo vítimas desse HIV moral, que solapa nossas
estruturas. Será que ainda é possível reconstruir nossas defesas?