Cerca de 70% dos alunos do 9º ano do Fundamental afirmam ter sofrido bullying

Escolas de Brusque trabalham para evitar humilhações entre estudantes

Cerca de 70% dos alunos do 9º ano do Fundamental afirmam ter sofrido bullying

Escolas de Brusque trabalham para evitar humilhações entre estudantes

Muitas vezes sutil ou interpretado apenas como brincadeira de mau gosto, o bullying está cada vez mais presente nas escolas. Em Santa Catarina, sem especificar motivos ou causas, 68,1% dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental afirmaram já terem se sentido humilhados por provocações de colegas.

O dado, disponível na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em agosto, coloca o estado na primeira posição do ranking do país. Foram ouvidos 3.615 estudantes de 145 escolas públicas e privadas de Santa Catarina.

Em Brusque, as escolas municipais, estaduais e particulares, registram esporadicamente casos de bullying. Geralmente, o problema também é resolvido facilmente. A secretária de Educação da cidade, Gleusa Fischer, afirma que as unidades escolares possuem uma equipe pedagógica, que junto aos professores, atendem e resolvem os casos, quando identificados.

Desde 2010, a rede municipal conta com o Programa de Saúde Emocional, que monitora o comportamento das crianças e adolescentes. Além disso, as escolas de Ensino Fundamental nos Anos Finais têm um profissional especializado em Educação Especial que auxilia em situações de bullying. “São casos pontuais, resolvidos na própria escola mesmo. Nada que possa ser tão ofensivo. É uma ou outra situação que necessita de um trabalho com os pais dos alunos”, diz Gleusa.

A Gerência de Educação da Agência de Desenvolvimento Regional de Brusque (Gered) também salienta que registros de casos de bullying nas escolas estaduais da cidade são esporádicos. A assistente técnico-pedagógica, Luciene Mara do Nascimento Ribeiro, afirma que o que ocorre às vezes é por desconhecimento. “Se vê como uma brincadeira sem saber que isso é ofensivo”.

A Gered possui o Núcleo de Educação e Prevenção (Nepre), que tem o intuito de prevenir o bullying e caso notificado alguma situação, também intervir. Além disso, são realizadas palestras e trabalho sobre o tema nas disciplinas da grade curricular. Segundo Luciane, a escola é orientada a fazer a intervenção na primeira instância. Se não resolver, são chamados os responsáveis pelos estudantes e, ainda, numa situação mais grave, leva-se o problema à gerência.

No Colégio São Luiz existe o programa Habilidades Sociais, destinado aos alunos do quinto ao oitavo ano, que auxilia o estudante a lidar com essas situações e a desenvolver habilidades sociais de forma justa. Ainda há comissões de bullying que são responsáveis por observar o comportamento de alunos que podem estar praticando ou sofrendo bullying. “Professores ou funcionários observam anonimamente estas atitudes, fazem um relatório e se perceberem que está acontecendo realizam intervenção com as famílias dos estudantes”, explica o assessor pedagógico do colégio, Fabrício Bado.

Pesquisa

Na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, Santa Catarina ficou acima da média da região Sul, de 63,4%, e também da proporção nacional, fixada em 61,1%. Nas outras especificações referentes ao bullying sofrido – cor ou raça, religião, aparência do rosto, aparência do corpo, orientação sexual e região de origem -, o estado não figura entre os primeiros da lista, exceto quando a motivação é a localidade de onde o estudante veio: 1,5% frente à média nacional de 1,3%.

Pais devem ficar atentos

O bullying, considerado um transtorno comportamental, é desencadeado por alguns fatores, como a má educação dos pais – permissiva ou agressiva demais e a negligência na educação dos filhos. O psicólogo Ademir Bernardino da Silva – coordenador do curso de Psicologia do Centro Universitário de Brusque (Unifebe), aconselha que os pais de crianças que praticam o bullying monitorem mais os filhos e participem ativamente de sua formação. “É preciso que estejam mais atentos e não deleguem essa função para a escola, ou para o clube”.

Silva diz também que os pais de crianças que sofrem bullying precisam ser estimuladas para poder expressar o que gostam e o que não gostam. Segundo o psicólogo, geralmente estas crianças são mais tímidas e com autoestima baixa. Quanto à escola, ele afirma que é necessário que se desenvolva um olhar observador por parte dos professores e de todos que estão ligados com a educação dos alunos.

“É preciso observar sinais de violência e isolamento. Para isso se deve aumentar a supervisão na hora do intervalo, dos recreios, além de promover debates com as crianças sobre o assunto”.

Silva ainda alerta para o cyberbullying – quando a agressão se passa pelos meios de comunicação virtual, como nas redes sociais, telefones e nas demais mídias virtuais. “É comum que o bullying se faça presente em meio a essas tecnologias. É importante que os pais monitorem seus filhos nestes meios também”.

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