Diversas instituições foram atingidas pela água do rio Itajaí-Mirim na enchente em setembro de 2011. O cenário foi desolador em diversos espaços, como na Escola de Educação Básica Santa Terezinha. A atual diretora da unidade, Marcela Perilli, que trabalha há 21 anos no local, recorda os momentos de aflição.

Na quinta-feira, 8 de setembro de 2011, o dia iniciou normal na escola e Marcela, que era assessora de direção, recorda que todos foram trabalhar. Durante o dia a equipe ligava para a Defesa Civil a fim de monitorar a situação.

“Eles informaram que não teriam problemas. Aí começaram a chegar os pais, desesperados. Nós chamamos os ônibus, os pais e liberamos as crianças. Fechamos tudo e saímos. Foi bem triste”, relembra.

Sarita Gianesini/Arquivo O Município

Eles só puderam retornar até a escola no domingo, 11. Ao chegar, a diretora conta que encontrou um cenário de guerra. “Meu Deus, muito triste. A tristeza tomou conta, não sabíamos se a gente chorava. Por causa dos muitos alunos que moravam perto e perderam tudo”, continua.

No pátio, o lodo dividiu a cena com as pilhas de entulhos que cresciam a cada passo da hora. Lá, o que não era lama, virou pó: o pátio da entrada principal, as pilhas de livros desfolhados ao sol, salas de aula, corredores, paredes, móveis.

Na parte nova da EEB Santa Terezinha, inaugurada menos de um ano antes, o nível das águas chegou a um metro. Já a ala mais antiga, que resistiu à enchente de 2008, registrou água até 1,70 metro. Salvou-se apenas o piso superior da parte recém inaugurada. Quinze das 26 salas foram invadidas pela água. Dentre os quase 1400 alunos.

Naquele dia, a instituição de ensino começou a recuperação. Professores, pais e alunos da escola que não foram atingidos pela cheia se mobilizaram para a limpeza do local. Marcela lembra da força da equipe, que trabalhou durante dez dias de limpeza. “Cansativo, muita sujeira e triste. A gente se olhava e chorava”, diz.

Sarita Gianesini/Arquivo O Município

Escola recuperada

Ela aponta que a prefeitura ajudou a tirar os livros perdidos da biblioteca e o barro da entrada na frente da escola. Após isso, retornaram às aulas. Nos dias que se passaram, o governo do estado mandou aos poucos a reposição do material perdido.

“Eu imaginava que seria pior, aí tudo foi voltando ao normal. O povo de Brusque levanta rápido. Voltamos a ativa, conquistamos as coisas”, comenta. “Hoje, eu vejo que a gente dá a volta por cima e seguimos em frente. Essas memórias a gente tenta apagar e quem não viveu isso, como alunos e professores novos, nem sabem dessa história”, finaliza.

Divulgação

Desafios no Santos Dumont

Outro local que também foi desafiado pela cheia foi a Sociedade Beneficente e Recreativa Santos Dumont. A memória da destruição no local é das vias no entorno cobertas de lama, pequenos montes de entulho e carrinhos de mão e pás.

Após a baixa das águas, a cor amarela marcou boa parte das paredes do ginásio esportivo do clube. O pátio ficou coberto de lama, em frente ao Salão Social. A fúria das águas atingiu praticamente todos os espaços do complexo recreativo.

Sociedade Santos Dumont/Arquivo O Município

Na época, o presidente do clube era Paulino Marcelino Coelho, o Paulico, já falecido. Em reportagem do jornal O Município, então chamado Município Dia a Dia, mais de dez dias após a enchente, o Santos Dumont ainda calculava os prejuízos.

Todo o piso inferior da secretaria do clube, onde funcionava a coordenação das escolinhas de futebol do Santos Dumont, foi tomado pelas águas. O verde do campo usado nos treinos e jogos deu lugar ao marrom da lama e do lodo e mesmo no andar de cima da sede social, a água alcançou mais de 40 centímetros de altura.

O ginásio de esportes e as canchas de bocha foram as áreas mais afetadas. Todo o piso do ginásio literalmente saltou do lugar, em um amontoado de borracha, isopor e madeira.

“Na escolinha ficou tudo embaixo da água, a roupa da gurizada foi fora, sobrou pouca coisa. Dentro do ginásio é uma piedade, a água chegou quase aos dois metros. Lá estamos tirando o barro da frente pra depois poder tirar o pantano de dentro, quebrou o piso, se acabou tudo. Dentro do salão entrou uns dois metros de água”, relatou Paulico em 21 de setembro de 2011.

Naquele momento, a expectativa era que R$ 250 mil não pagaria o prejuízo. Só o assoalho do ginásio custava em torno de R$ 160 mil. As águas das piscinas não foram atingidas pela enchente, apenas as casas das máquinas, que estavam desligadas. Já as canchas de bocha ficaram inativas por meses.

Sociedade Santos Dumont/Arquivo O Município

A volta por cima

Na semana após a cheia, o Salão Social já tinha sido completamente limpo e voltava a receber festas e bailes. Apenas o estacionamento ainda estava com lama sobre a brita. As escolinhas de futebol também reiniciaram as atividades no final de setembro, com os treinos em um terreno vizinho. Mesmo com as dificuldades, o momento foi de união para a recuperação do clube.

O atual presidente da sociedade, Pércio Dalago, explica que o Santos Dumont vive da mensalidade de R$ 100 dos sócios e R$ 70 para quem escolinha. “Então, qualquer prejuízo extra neste volume a gente deixa de investir para retomar”, continua.

Pércio destaca que o ginásio tinha sido recém inaugurado. Para a construção dele, foram usados boa parte dos recursos. “Depois da cheia, ele ficou quase um ano e meio parado, e aí veio uma verba do governo do estado. O ginásio foi totalmente recuperado”, finaliza.

Divulgação

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