Coleção de filmes clássicos de Carlos Gevaerd é mantida pela família

Acervo conta com centenas de fitas e DVDs de diversos gêneros, catalogadas e organizadas por ele

Coleção de filmes clássicos de Carlos Gevaerd é mantida pela família

Acervo conta com centenas de fitas e DVDs de diversos gêneros, catalogadas e organizadas por ele

Entre dramas, faroestes e comédias, centenas de filmes clássicos do cinema fazem parte do acervo de Carlos Gevaerd. Apaixonado por cinema, ele comprou diversas fitas em VHS, formando uma extensa coleção. Mesmo sete anos após seu falecimento, a família ainda os mantém, catalogados e organizados como ele os deixava.

A coleção começou em meados da década de 1980, quando Carlos conheceu o distribuidor de filmes Paulo Tardin, do Rio de Janeiro. “Ele começou a comprar, comprava um filme, outro, e assim foi juntando”, conta seu filho, Marcelo Gevaerd. Mas o amor pelo cinema vem de muito antes: ainda adolescente, Carlos trabalhou com o irmão Fernando no Cine Coliseu, e começou a projetar filmes nos bairros e cidades vizinhas com uma máquina de projeção 16mm.

Foi, inclusive, numa dessas projeções que Carlos conheceu a esposa, Enah. “Ele trabalhava no banco durante a semana e, nos finais de semana, projetava filmes nos salões. Nos conhecemos uma vez que ele foi passar um filme perto da minha casa”, relembra ela.

Equipamento utilizado por Carlos na projeção de filmes | Natália Huf

Para as projeções, além da máquina 16mm, ele utilizava uma tela grande, de plástico, onde os filmes eram exibidos. Os filmes eram clássicos do cinema dos anos 1920 a 1940, e Carlos, que não falava inglês, conhecia de cor e salteado os nomes dos artistas e diretores da época.

“Ele contava que a alegria do pessoal, quando assistiam às projeções, era o momento de rebobinar os rolos de filme e assistir as cenas passando de trás para frente”, riem Enah e Marcelo. Os filmes vinham em dois rolos e, quando o primeiro terminava, era preciso pausar e trocar para o próximo. Após a exibição, era o momento de Carlos rebobinar, e muita gente ficava até depois do fim dos filmes para ver as cenas ao contrário.

Miro Pires, de 82 anos, lembra que a primeira vez que viu o cinema foi numa das exibições de Carlos. Ele o conheceu ainda na adolescência e, quando Carlos ia aos bairros passar os filmes, era a grande atração, muito aguardado pelo pessoal. “O filme era ‘Tarzan contra o mundo’, tinha a Jane, a Chita, aquela coisarada toda. Que eu tenho lembrança, assisti três filmes que ele passou, um no Guarani, um na Guabiruba… Vi alguns do Carlitos também, do Chales Chaplin.”

Enah, que foi junto com o esposo em muitas projeções, conta que o cinema era o que fazia a alegria de Carlos. “Muitas pessoas que hoje têm a idade que ele teria assistiram filmes de cinema pela primeira vez nas projeções dele”, conta. Ele projetou filmes em Brusque, Guabiruba e Canelinha entre o início da década de 1950 e meados dos anos 1960, quando a televisão chegou à cidade. A família Gevaerd foi a primeira da rua onde moravam a adquirir um aparelho televisor, e ele convidava as crianças da vizinhança para assistirem à TV em sua casa.

A máquina de projeção dos rolos de 16mm, infelizmente, não sobreviveu à enchente que atingiu Brusque em 1984. “A água passou por cima de tudo, não sobrou nada. Lembro dele levando a máquina pra fora e jogando no lixo”, diz Enah. Muitos dos registros da época também se perderam, assim como o equipamento de Carlos.

Alguns anos depois, ele passou a adquirir as cópias dos filmes em VHS, e comprou também um aparelho videocassete. A coleção foi crescendo e está até hoje mantida, pelo menos a maior parte, no quarto de Carlos. São filmes de todos os gêneros, catalogados e organizados por ele, com a ajuda dos filhos e da neta.

Fitas VHS foram catalogadas por Carlos, com ajuda de familiares | Natália Huf

“Tem filme de tudo quanto é tipo, de terror, de amor. O que ele gostava mesmo era o bang-bang, os western, faroeste. Ele assistia o mesmo filme várias vezes, de tanto que gostava”, relembram. Os filmes estão numerados e organizados em sequência e, para melhor acomodar a coleção, Carlos mandou fazer capas especiais para cada um dos filmes que possuía.

“Estão todos numerados, 001, 002, assim por diante. Eu acredito que ele mantinha uma lista com todos os títulos, mas, infelizmente, isso se perdeu”, conta Marcelo.

Quando o VHS começou a ser substituído pelo DVD, ele também não ficou para trás: buscou realizar a conversão das mídias, para poder continuar vendo os filmes que tanto gostava. Embora esse trabalho não tenha sido concluído, muitos dos filmes possuem cópia em DVD e estão armazenados juntamente às fitas.

“Tem filmes faltando, essa estante estava abarrotada”, comenta Enah. Com o tempo, alguns itens da coleção foram se perdendo, mas a maior parte continua guardada em sua casa, preservada junto com o amor de Carlos pelo cinema.

Fita cassete de Mazzaropi foi convertido para o DVD | Natália Huf
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