“Quando comecei, tinha outra visão sobre educação ambiental, mas acabei vendo que é muito interessante e legal não só para gente, mas também para no futuro podermos passar as informações para outras pessoas”, afirma a estudante Raíssa Pedroso, de 14 anos. A mudança que ocorreu com ela é o objetivo do programa Protetor Ambiental, do qual participa. 

Sargento Luiz Antônio conversa com os alunos Juliano e Raíssa| Foto: Marcos Borges

O Protetor Ambiental é um projeto desenvolvido pela Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina. Em Brusque, ele é feito pelo 2º Pelotão, de Blumenau, em parceria com a Reserva Particular do Patrimônio Cultural (RPPN) e a Secretaria de Educação do município.

Raíssa entrou para a turma de protetores deste ano depois que o sargento Luiz Antônio Batista foi à Escola de Ensino Fundamental (EEF) Poço Fundo, onde ela estuda. Inicialmente, a adolescente ficou na dúvida se participaria, pois a maioria de seus colegas não se interessou.

Depois de conversar com a mãe, Raíssa resolveu abraçar a oportunidade. A atitude da jovem mudou a sua visão de mundo. Hoje, ela conta que, ao ver alguém jogar lixo na rua, dá “um aperto no coração”.

Assim como ela, Juliano Roberto, 14, aluno da EEF Professora Augusta Dutra de Souza e morador do bairro Limeira, participa desta turma. “Sempre fui muito próximo da natureza, gosto desse tipo de assunto. Quando o sargento foi na escola, senti uma oportunidade para o meu futuro para quem sabe até buscar uma função na área ambiental”, diz.

A mudança ocorrida com os dois adolescentes dá esperança de que, por meio da educação ambiental, a preservação ganhe espaço. O sargento Luiz Antônio fala com orgulho que o projeto já gerou frutos desde o seu início na região do 2º Pelotão: por exemplo, uma jovem que participou do programa em Timbó foi para área ambiental e hoje faz Medicina Veterinária.

Existem outros casos conhecidos de ex-alunos que hoje são biólogos ou têm outra profissão relacionada ao meio ambiente.

Marcos Borges

Projeto

O Protetor Ambiental é realizado em várias cidades do estado. Na região do 2º Pelotão, começou a ser aplicado em 2010, na gestão do sargento Luiz Antônio, e passou por vários municípios, como Timbó, Pomerode, Ilhota e Gaspar.

O projeto veio para Brusque em 2015 e teve mais uma turma no ano subsequente. Depois, foi para outras cidades da circunscrição da polícia ambiental e retornou em 2019.

Marcos Borges

Em Brusque, ele tem como diferencial a RPPN Chácara Edith, que, por meio de Wilson Morelli, um dos proprietários, é parceira da polícia. O sargento Luiz Antônio diz que a reserva proporciona um ambiente excelente para o aprendizado sobre fauna e flora.

Na Chácara, os estudantes recebem aulas teóricas em uma construção que serve como sala de aula e também realizam visitas técnicas em meio à mata.

O programa dura aproximadamente seis meses, com encontros semanais. São cerca de 180 horas de aulas teóricas e práticas. “Eles recebem aulas teóricas em gestão de fauna, flora, recursos hídricos, legislação e atividades potencialmente poluidoras, além de informações sobre a chácara”, esclarece Luiz Antônio.

Marcos Borges

Os futuros protetores ambientais também realizam duas visitas técnicas fora de Brusque. Uma delas é uma trilha na ilha de Porto Belo, no litoral. O sargento da PM Ambiental explica que lá o bioma é o mesmo, porém é mais diversificado. É uma forma diferente de conhecer a mata atlântica. 

O jovem Juliano fez a trilha recentemente junto com a turma de 2019. Ele conta que gostou muito, pois teve contato com muitas espécies que nem sequer conhecia.

Outra atividade externa é a trilha da Costa da Lagoa, em Florianópolis. Os alunos percorrem os cinco quilômetros, depois almoçam, atravessam a água de barco e terminam a visita no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).

Consciência ambiental

Ao final do curso, ocorre uma formatura dos jovens que passam a ser protetores ambientais. Mas independentemente das formalidades, o objetivo central do programa é a promoção da consciência ambiental das novas gerações.

“A nossa missão é orientá-los para que futuramente não tenhamos degradadores ambientais”, afirma o sargento, que lida diariamente com transgressores. Ele avalia que a conscientização das novas gerações é fundamental para melhorar a preservação e combater a cultura da caça e da degradação inconsequente.

O policial afirma que a educação ambiental de Brusque é referência no estado devido ao número de projetos e, sobretudo, pela disponibilidade da família dona da Chácara Edith em ceder o espaço para estudos. “São pequenas sementes que brotam para o bem da causa ambiental”, declara.