Não foi apenas com o futebol que o Paysandú conquistou Brusque. Ao longo das décadas, o clube verde e branco revolucionou os eventos sociais da cidade, sendo palco de memoráveis bailes, festas, shows e carnavais. Criou tradições, como as festas juninas, e promoveu jantares de gala que reuniram a sociedade em um ambiente com clima festivo e amigável.

Os concursos que elegiam a rainha do Carnaval do Paysandú – com direito a desfile pelas ruas, em caranava – também eram motivo de ansiedade na comunidade brusquense. Com o tempo, a escolha dos moradores de Brusque pelo lazer nas praias da região enfraqueceu os clubes, que, naturalmente, foram perdendo público e interesse nos eventos.

Mas, em épocas remotas, quando a comunidade passava o ano inteiro na cidade, era ao Paysandú que muitos recorriam em busca de festas, lazer e diversão. Os eventos tinham lotação máxima, e os carnavais dentro da sede chegavam a ter notificação dos bombeiros para que o piso em que era realizado, o segundo, não cedesse, tamanha era a festa.

Os primeiros eventos

Carnaval do Paysandú em 1930. Acervo Casa de Brusque

O primeiro evento social do Paysandú que se tem notícia data de 1919, ano seguinte a fundação, mostrando que era já de interesse dos fundadores que o esmeraldino não se resumisse a entrar na casa dos brusquenses apenas pelo futebol. Na ocasião foi realizado um baile no salão do hotel Schaefer, onde hoje está o Casarão Schaefer, na esquina entre as ruas Adriano Schaefer e Conselheiro Rui Barbosa.

A partir de 1920, na medida que amadurecia tanto o clube quanto a equipe de futebol, foi se fazendo necessária a realização de eventos para entreter jogadores e unir a comunidade. Mesmo sem sede, os dirigentes organizavam ‘domingueiras’ e bailes em salões emprestados.

Mas foi em 1932 que o primeiro evento firmado no calendário paysanduano passou a existir. O “Natal dos Jogadores” era uma celebração que reunia atletas, familiares e associados do Paysandú, sempre na véspera de Natal. Aproveitando o clima natalino, fortalecia-se ali os laços entre comissão técnica, time e torcida.

A primeira sede do clube, Maria Luiza, foi fundada em 1933, já inspirada para receber os eventos que se consolidavam. Acompanhando as festividades, passaram a ser realizados jogos de mesa e tabuleiro, reuniões familiares e jogos de salão. Isso fortaleceu o Paysandú como um clube completo e disposto para atender várias demandas de associados. As reuniões dançantes também eram promovidas no local, quase sempre ao som da Jazz Band Ideal, fundada e dirigida pelo próprio presidente do Paysandú.

A partir do fim dos anos 40, com a fundação da nova sede, o Paysandú passou a se capacitar para grandes eventos, a nível estadual, atraindo muitas pessoas ao local. Foi a partir dali que os bailes de carnaval e as festividades de São João tomaram corpo. O clube era o destino de quem queria sair de casa para fazer festa.

Em 1953, foram realizados os primeiros bailes de debutantes, com a presença de orquestras para animar o evento. O clube alviverde passou também a sediar concusos de miss e desfiles. No fim dos anos 1950 também passou a ser realizado um evento de fim de ano, conhecido como Baile de São Silvestre.

Os carnavais do Paysandú

Bloco de carnaval paysanduano nos anos 1970. Acervo Casa de Brusque

Na cabeça dos foliões brusquenses, assim que o período de carnaval chegava, já surgia o Clube Esportivo Paysandú. A cada ano que passava, o alviverde e seus diretores sociais conseguiam realizar carnavais mais animados. Além da festividade em si, havia também a escolha do Rei Momo, da Rainha do Carnaval, o concurso da melhor fantasia e dos melhores blocos.

Os visitantes chegavam ao clube já com carros alegóricos. Além das festas internas, a diretoria promovia o carnaval de rua, em frente à sede, onde os blocos desfilavam e mostravam criativdade com as fantasias, confetes e serpentinas. Associados e não associados eram bem-vindos.

A rivalidade entre Paysandú e Carlos Renaux não se resumia aos gramados. Assim como o alviverde, os tricolores também realizavam o carnaval de rua. Havia sempre uma disputa para saber quem fazia o carnaval mais bonito, com mais pessoas envolvidas e embelezando ainda mais as ruas da cidade.

Queda e revitalização
Pelo fim dos anos 1970, com graves dificuldades financeiras, o Paysandú decidiu formar uma diretoria renovada. Foi aí que entrou o vice-presidente Aliomar Luciano Santos, e Darcy Pruner sagrou-se presidente. Conforme explica Luciano, os eventos sociais estavam desgastados. “O presidente anterior, Gerhard Appel, não estava preocupado com a parte social. Estava deixada de lado. Buscou pessoas mais jovens, com vontade de fazer acontecer, e por isso aceitamos este desafio”.

Como Pruner era bastante ligado ao futebol e tinha conhecimento dos meandros do esporte, Luciano assumiu a parte social do Paysandú. Darcy sempre foi um apaixonado pelo alviverde, sendo que dedicou mais de duas décadas de sua vida ao clube. Sobrou para sua responsabilidade, portanto, administrar o clube em um período de revitalização do futebol e dos demais setores. Foi de Darcy Pruner a iniciativa da construção de um novo lance de arquibancadas, em 1980.

Enquanto isso, Luciano tocava os eventos sociais. Com ele, o carnaval do alviverde foi revitalizado. “Nós fechavamos carnavais com tanta gente que tinha de proibir alguns de entrar. Os bombeiros pediam pra gente tomar cuidado, ou então o salão ia abaixo, já que os eventos eram no segundo andar”.

Durante os anos 1980, portanto, o Paysandú seguiu animando com os bailes de carnaval. Em 2008, após a revitalização da sede e no aniversário de 90 anos, o clube retomou o carnaval até 2013, uma vez que as festas foram esvaziando na medida em que o interesse foi diminuindo.

Festas de São João

Registro de uma festa de São João paysanduana, entre 1940 e 1950. Publicada no grupo Fotos Antigas de Brusque

Era 1936 e na sociedade brusquense criava-se a vontade e a necessidade de realizar eventos festivos. Por unanimidade, os diretores e associados do clube decidiram que era necessário investir cada vez mais não só no futebol do Paysandú, mas também na parte social.

Foi neste período que surgiram as comemorações em homenagem a São João. Eram notórias e ativas as participações femininas nas festas juninas do Paysandú. As mulheres se faziam em maior número, e também eram as mais empolgadas na elaboração e organização.

O clube aproveitou este período, também, para angariar fundos. Roda da fortuna, pescaria, barracas de pinhão quentão e doces eram as maiores vendas durante a festa. Chamava a atenção também os prêmios destes sorteios, que iam desde um leitão até máquinas de costura.

Uma tradição que nasceu em 1939, dentro da festa de São João do Paysandú, foi a corrida do facho. Era uma prova de corrida noturna pelas ruas da cidade em que os atletas carregavam uma pequena tocha, conhecida como facho, para iluminar o caminho. Havia um revezamento, no qual os atletas da equipe passavam o facho de um para o outro.

A corrida do facho permaneceu uma grande tradição paysanduana até 1970. Equipes de diversas associações e agremiações esportivas participaram, tanto de Brusque quanto de municípios vizinhos, como Itajaí e Blumenau. O Tiro de Guerra foi uma das equipes mais vencedoras da disputa.


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– 100 anos de esporte e cultura

– Datas, fundadores e hino do Paysandú
– Conquistas históricas
– Os ídolos alviverdes
– Coração paysanduano
– Zelo pelo patrimônio
– Vocação ao esporte
– Formando vencedores
– O alviverde em palavras