Aliciar, segundo o Houaiss, é o ato ou efeito de angariar elementos para a formação de um grupo, ou alistar adeptos para uma determinada causa, corromper, subornar, incitar. Podemos dizer que uma pessoa foi aliciada quando alguém a convence a fazer algo que ela não faria, por ser contra seus princípios ou gostos. Essa é a arte do traficante, quando convence alguém a experimentar a droga que vende.
A pessoa que é aliciada costuma sentir certo constrangimento por ter agido de modo que, a princípio, não queria ou não aprovava. O mais comum é que racionalize esse fato, e acabe minimizando sua atitude, passando a pensar que o ato praticado não era assim tão ruim como pensava. Dessa forma, o ato acaba por modificar as crenças e padrões da pessoa.
Esse é um dos elementos mais significativos trabalhados pelo autor francês Pascal Bernardin em seu livro “Maquiavel Pedagogo: ou o ministério da reforma psicológica”. O livro denuncia como a Educação mundial, nas últimas décadas, deixou de ter por objetivo a formação intelectual do indivíduo, e passou a ser a transformação dos padrões morais. Por esse ponto de vista, não podemos dizer que a escola tenha fracassado, pela sua crassa incapacidade de alfabetizar com qualidade, de promover leitura e escrita em níveis aceitáveis, raciocínio lógico, matemática, etc. Na verdade, esse fracasso intelectual é parte do sucesso dos objetivos denunciados por Bernardin. A ênfase da Educação não está mais na formação intelectual, mas na modificação dos padrões de comportamento.
A mais descarada forma de aliciar crianças e jovens para alterar seu comportamento é a onipresente “ideologia de gênero”, essa imbecilidade que tomou de assalto a Ministério da “Deseducação”, e tantas outras instâncias da organização educacional. A superexposição de temática sexual (não importa se homo ou hetero) incita, suborna e corrompe crianças e jovens para que experimentem comportamentos sexuais que, a princípio, não lhes apeteceriam ou trairiam seus valores. Com essa overdose de propaganda sexual fica muito difícil para as famílias ou as comunidades religiosas educarem as pessoas para o que acreditam. O Estado, através da escola, ocupa esse espaço, enquanto esvazia o que lhe seria próprio. As últimas novelas da TV Globo também têm servido muito a essa causa, sob a alegação de mostrarem a “vida como ela é”.
Estamos diante de uma mega operação de aliciamento, que vem transformando nossos valores. E esse processo está sendo confundido com liberdade. Ora, nada menos livre que um ato aliciado e a adesão acrítica a qualquer ideia. Vamos usar o que ainda nos resta de capacidade crítica para enxergar e denunciar esses claros abusos.