Conheça a história de peregrinos da região que cumpriram promessas na Semana Santa

Fiéis caminham e pedalam por horas para pagarem promessas, fazerem pedidos ou agradecimentos

Conheça a história de peregrinos da região que cumpriram promessas na Semana Santa

Fiéis caminham e pedalam por horas para pagarem promessas, fazerem pedidos ou agradecimentos

Eles vêm de diversos lugares da região para se encontrar no mesmo local, movidos por um único sentimento: a fé. A peregrinação religiosa da Sexta-feira Santa é tradição. Pelo caminho, os fiéis realizam atividades diversas até chegarem ao destino final. Os caminhos escolhidos geralmente são o Santuário Santa Paulina ou Morro da Cruz, em Nova Trento. Há também os que optam pelo Morro Santo Antônio, em Guabiruba, ou o Santuário de Azambuja, em Brusque.

A saída de suas residências é cedo, antes do nascer do sol. Não importa o frio, a chuva ou a neblina. A motivação é maior do que qualquer obstáculo. O dia escolhido é de reflexão, quando a história de Jesus Cristo, que morreu na cruz e pagou pelo pecado de toda a humanidade, é relembrada.

Por isso, os peregrinos se preparam para percorrerem todo um percurso em forma de gratidão, pagamento de promessas ou para fazer algum pedido em especial. As maneiras como as peregrinações acontecem são diversas, desde uma longa caminhada, cavalgada ou também pedalada.

Os vizinhos Ronaldo César Vieira, 61 anos, e Egerson Corrêa, 49, saíram às 2h de Gaspar. Vieira foi caminhando e Corrêa o acompanhava de bicicleta. Para o aposentado, a peregrinação é especial. Este é o quarto ano que realiza o trajeto. Ele revela que em 2008 descobriu um problema na próstata e iniciou uma luta contra a doença.

Foi então que fez uma promessa à Santa Paulina: caso não precisasse operar, completaria o caminho a pé. “E por um milagre eu não precisei fazer a cirurgia. Então cumpri minha promessa e a cumpro todos os anos e o farei enquanto eu puder”, afirma.

Há três anos, Corrêa decidiu acompanhar o vizinho de bicicleta por sentir muito apreço por Vieira. Enquanto o contador pedala, o vizinho intercala o percurso entre caminhadas e corridas de dar inveja aos mais jovens.

O brusquense Hallef Dalagnoli, 20, percorre o caminho a pé até o Morro da Cruz também em forma de pagamento de promessa. Este é o segundo ano que faz o percurso e desta vez recebe a companhia do irmão Hallan Rhuan Dalagnoli, 23, e do colega Vinícius Soares, 18. “Ano passado uma amiga descobriu um câncer e então fiz uma promessa. Graças a Deus ela venceu a doença e desde então faço o trajeto”, diz.

O irmão Hallan conta que sobe o Morro da Cruz há quatro anos, mas nos dois primeiros ia de carro até o início da subida e descia. “Depois da promessa para nossa amiga, decidimos ir de Brusque até Nova Trento”.

Três gerações
Às 6h, o pai Gaspar Antônio Schmitz, 66, o filho Rogério Schmitz, 37, e os netos Gabriel Schmitz, 12, e Alexsandro Schmitz de Oliveira, 13, saíram de casa, em Brusque, para seguirem para Santa Paulina.

A caminhada é feita por Gaspar há nove anos, quando pediu por um sobrinho com deficiência. Ele conta que o homem mal enxergava e tinha graves problemas no coração. Os médicos deram de 1% a 6% de chance de vida. Após passar por duas cirurgias no coração e na visão, ele se curou e voltou a enxergar bem. “Hoje ele dirige por tudo e antes tinha que andar guiado. Se isso não é milagre, me diga o que é então”, emociona-se.

Desde que foi concebido o milagre, Gaspar não parou de pagar a promessa. Por três anos a peregrinação foi em pedido e agradecimento à cura do sobrinho. Depois, em outros três anos, o objetivo se voltou para os pedidos de mais tempo de vida à sua mãe e a outra familiar. “Agora eu faço o caminho pedindo proteção à família, vizinhos, cidade e nação, porque todo mundo precisa de oração”, diz.

Hoje, o caminho percorrido por eles dura em torno de cinco horas. Gaspar revela que a intenção é poder caminhar até os 90 anos. “Quero completar o trajeto aos 90 anos, em dez horas. Vai dobrar a caminhada, mas não vou desistir”, afirma.

Auxílio ao meio ambiente
O grupo de peregrinos de Brusque, Adriana Batisti de Souza, 36, o marido Alex de Souza, 40, Julia Graciela Batisti, 24, Francieli Batisti, 20, e Ademilson Batistel, 29, saiu às 6h30 para ir até Santa Paulina. Este é o quinto ano que realizam a peregrinação.

Cada ano, um novo pedido, um novo agradecimento. O trajeto para eles é especial, pois rezam o terço enquanto caminham. Neste ano, tiveram uma nova ideia para agregar o percurso. “Trouxemos sacos de lixo para recolher os objetos jogados pela estrada”, conta Adriana.

Em pouco tempo de caminhada pela rodovia, o grupo encheu diversos sacos. O objetivo da ação é de preservação ao meio ambiente e, até mesmo, servir de exemplo para as pessoas que transitam pela rodovia Gentil Battisti Archer (SC-108).

Homenagem a um amigo
Era 3h quando um grupo de 200 ciclistas se preparava para deixar Balneário Camboriú em direção a Nova Trento. Antes da partida, uma oração foi feita em frente à igreja matriz da cidade.

Este é 14º Passeio Ciclístico de Camboriú à Santa Paulina. Porém, este foi ainda mais especial e emotivo, pois teve como objetivo homenagear um dos coordenadores do grupo, Gica, que morreu no ano passado. “Ele participou desde o primeiro passeio até ano passado”, conta o pintor Ederson Ribeiro, 38, que estava acompanhado do filho Endriu Gabriel Ribeiro, 13.

André Juliano de Castro, 31, Elielson Ferreira Batista, 27, e Mauricio Nogueira, 35, também acompanhavam o grupo. Eles realizaram o percurso de forma religiosa pela primeira vez, mas antes já haviam participado de outros passeios ciclísticos. “Sinto que é diferente, o clima e a harmonia do pessoal é diferente”, comentam.

12º Pedal da Paixão
Os ciclistas de Brusque também fizeram a peregrinação. Porém, neste ano o horário foi antecipado. O grupo saiu do Santuário de Azambuja por volta das 20h30 de quinta-feira, 13, e chegaram por volta das 22h30 no Santuário Santa Paulina.

Este foi a 12ª edição do Pedal da Paixão. No ano passado foi necessário cancelar o passeio por conta da chuva que caiu pela manhã da sexta-feira. Com isso, um dos organizadores, Leo Imhof, conta que decidiram antecipar o encontro para evitar contratempos com o clima. “É uma pedalada diferente das que costumamos fazer no dia a dia. Todos estão mais centrados e com foco religioso”, diz.

Ao chegar a Nova Trento, o grupo realizou o ato religioso individual e depois de um tempo retornaram para Brusque de bicicleta. As integrantes do grupo Elas e as Magrelas também participaram do Pedal da Paixão.

A balconista Shirlei Batista, 37, participa há sete anos da peregrinação. A pedalada religiosa é realizada em forma de agradecimento pela família, amigos e saúde de todos. “O Pedal da Paixão é mais silencioso. Eu fico emocionada nesse pedal e me sinto diferente”, diz.

Diana Formento, 25, participou pela primeira vez do pedal e a experiência foi gratificante. “Acredito que todos deveriam fazer a peregrinação, seja a pé ou de bicicleta. É muito importante, pois cada momento do percurso eu agradecia e pedia ajuda para chegar ao destino”, relata. Para ela, este foi o primeiro de muitos anos que participará.

Campanha Ame Jonatas
Além do foco religioso, este ano o Pedal da Paixão teve também a intenção de contribuir com a campanha Ame Jonatas – bebê de nove meses, diagnosticado com Síndrome de Werdning Hoffmann, doença conhecida como Atrofia Muscular Espinhal (AME).

Jonatas Henrique Openkoski está internado há meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, e necessita de um caro medicamento para continuar a viver.

A ideia de arrecadar dinheiro para o bebê partiu de Diana, que expôs para a coordenadora do grupo e as demais integrantes. “Todas abraçaram a causa e então decidimos contribuir com a campanha e cada um fez uma doação espontânea”, conta.

Foram arrecadados aproximadamente R$ 300, que serão depositados na conta da campanha oficial. Até o momento, a família de Jonatas já arrecadou pouco mais de R$ 2 milhões. Porém, para adquirir o medicamento, oferecido principalmente nos Estados Unidos e fazer um tratamento experimental no exterior, é necessário R$ 3 milhões.

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