Conheça Denise Fischer, vereadora cega que assumiu cadeira na Câmara de Guabiruba

Radialista perdeu a visão quando era criança, mas a deficiência não a impediu de sonhar

Conheça Denise Fischer, vereadora cega que assumiu cadeira na Câmara de Guabiruba

Radialista perdeu a visão quando era criança, mas a deficiência não a impediu de sonhar

Denise Fernandes Fischer, 37 anos, fez história na sessão da última terça-feira, 5, da Câmara de Guabiruba. Ela assumiu a cadeira de Cristiano Kormann (PP) e, com isso, tornou-se a primeira cega a atuar no Legislativo guabirubense.

Denise (PP) nasceu em Canoinhas, no Planalto Norte catarinense, mas se mudou para Tijucas aos 7 anos de idade. Foi no Vale do Rio Tijucas que estudou e surgiu o desejo pela política.

A suplente conta em um ano de votação foi feita uma eleição de brincadeira na escola. “Foi feita a brincadeira, tinha candidatos a presidente, deputados, tudo. Fizemos tudo o que tinha direito e isso despertou o interesse em mim”.

Aos 10 anos de idade, a então menina perdeu a visão. Denise tinha glaucoma e passou por cinco cirurgias, na última, teve complicações e perdeu a visão completamente. Devido à doença, ela sabia que ficaria cega, mas seria mais no futuro, não naquele momento.

Denise passou pelo processo de adaptação à deficiência, assim como sua família. Com muita força de vontade, ela superou a limitação e se tornou comunicadora. 

Há sete anos, ela tem a web rádio Bom Gosto Gospel, onde ela mesma faz de tudo, desde a locução até a programação. Neste meio-tempo, ela trabalhou por três anos na Rádio Cidade, em Brusque, com um programa de música sertaneja e participação dos ouvintes.

Em 2016, ela se desligou da rádio já com a ideia de concorrer nas eleições em Guabiruba. “Eu era motivo de piadinha das pessoas. Chegavam a apostar dinheiro de que eu não faria nem o número do meu sapato de votos, mas com a graça de Deus, consegui”, conta Denise, que obteve 150 votos.

A suplente mora em Guabiruba porque é a cidade de origem de seu marido Anderson Fischer. Agora que chegou ao Legislativo, Denise quer aproveitar a oportunidade e, com a mesma resiliência que a fez superar a cegueira, lutar por duas bandeiras: mulheres e deficientes na política.

“Nesses 30 dias, quero dar o meu melhor, ser a porta-voz do povo”, afirma Denise. Ela já tem ideias de indicações para enviar à prefeitura e também de um projeto de lei.

A suplente também vai propor a realização de uma palestra sobre depressão e suicídio. Ela avalia que é um assunto importante porque Guabiruba tem alta taxa de pessoas que se matam em decorrência da doença.

Com a experiência de conviver diariamente com a deficiência e com o preconceito, que, infelizmente, ainda existe, Denise quer passar uma mensagem com o seu mandato: de que não se deve usar a deficiência como obstáculo, mas sim erguer a cabeça e lutar.

“Não ficar se fazendo de coitado, porque não somos, a gente é capaz e eu estou aqui para representar nossa linda Guabiruba, a mulher na Câmara, a pessoa com deficiência e de uma maneira geral todos, os que votaram em mim e os que não votaram”, diz Denise.

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