Conheça histórias de fiéis que foram para Nova Trento na Sexta-Feira Santa

Santuário de Santa Paulina é o principal destino dos peregrinos que passam por Brusque

Conheça histórias de fiéis que foram para Nova Trento na Sexta-Feira Santa

Santuário de Santa Paulina é o principal destino dos peregrinos que passam por Brusque

A tradição católica dita que a Sexta-Feira Santa, ou Sexta-Feira da Paixão, é um dia de penitências e reflexão sobre o sacrifício de Jesus Cristo. Em todo o mundo, milhares de fiéis cumprem rituais que, por menores que sejam, têm um significado maior de fé. Nova Trento destaca-se neste cenário, com o Santuário de Santa Paulina, que atrai muitos católicos de todas as partes.

Durante a Semana Santa, que antecede a Páscoa, Brusque vira uma rota de passagem para tropeiros, ciclistas, caminhantes ou simplesmente peregrinos. A maior parte vai para o Santuário, mas outros optam pelo Morro da Cruz, também em Nova Trento, ou mesmo pelo Santuário de Azambuja.

Nesta sexta-feira, 30, cedo, quem passava pela rodovia Gentil Batistti Archer, que liga Brusque a Nova Trento, avistava pequenos grupos de pessoas, ciclistas e até famílias. No semblante das pessoas, apesar do esforço de subir os morros, a sensação de que tudo vale a pena pela fé.

Milhares de fiéis
Durante a semana antes da Páscoa, o Santuário Santa Paulina deve receber mais de 20 mil visitantes. Principal destino religioso do estado, Nova Trento recebe todos os anos milhares de fiéis e devotos da santa.

Agradecimento por recuperação de acidente
Edson Luiz Pacheco, morador do Primeiro de Maio, e Darci Juliano, do Limeira, partiram cedinho de Brusque em direção ao Santuário. A dupla pegou a bike pela primeira vez em nome da fé.

Edson é o mais experiente dos dois, pois já havia feito o caminho por duas vezes. Ele começou a pagar penitência na Sexta da Paixão após sofrer um acidente de moto que machucou bastante a sua perna direita.

Apesar da gravidade, Edson conseguiu se recuperar e voltar a ter uma vida normal. Como forma de agradecimento e para testar os seus limites físicos, ele decidiu ir a pé até cidade vizinha.

Noutra vez, Edson tentou fazer uma trilha a pé, por outro caminho. “Acabei me perdendo”, diz. Por isso, neste ano, ele não teve dúvidas de que era hora de pegar a bicicleta para ver se a perna está boa e também para dar graças.

O colega de trabalho Darci resolveu acompanhá-lo. Ele frequenta a igreja às vezes, mas, independentemente do envolvimento religioso, não hesitou ao apoiar o colega. Para ele, o desafio físico e mental também o motivou a fazer o trajeto.

Edson (à esq.) e Darci são de Brusque e fizeram o trajeto de bicicleta | Foto: Marcos Borges

 

Dando graças por cirurgia bem-sucedida
Assim como muitos outros fiéis, Valmir Krin, Paulina Zang e Adonis Zang pegaram a estrada com um objetivo claro: dar graças pela benção concedida a um parente. O irmão de Paulina fez uma cirurgia cardíaca importante em Francisco Beltrão (PR) e hoje está bem.

Foi a segunda vez que Valmir, morador do Zantão, peregrinou em direção a Nova Trento. Adepto de caminhadas, ele conta que a primeira vez foi há três ou quatro anos. “Eu queria caminhar neste ano, para mim é uma questão de fé”, confidencia.

Devota de Santa Paulina, a integrante Paulina foi com o marido Adonis, moradores do Steffen. “Vim agradecer pelo sucesso da cirurgia do meu irmão”, conta.

Adonis foi acompanhar a esposa e também celebrar a saúde do cunhado no Paraná. Para ele, a peregrinação é importante, tanto que muita gente quer fazê-la todos os anos.

Na ordem, Adonis, Paulina e Valmir foram agradecer pela recuperação de um parente | Foto: Marcos Borges

Itajaienses retribuindo as bênçãos
A fé tem um caráter de retribuição. É comum, principalmente, católicos fazerem sacrifícios para agradecer pelo ano que tiveram. Entre os peregrinos que percorreram a rodovia entre Brusque e Nova Trento, o agradecimento foi o motivo campeão para o ato de fé.

Márcio Rincon Lisboa foi com o filho, Ryan, e o colega de trabalho Celso da Silva Pereira para Nova Trento bem cedinho. Os três moram no bairro Cordeiros, em Itajaí, mas a peregrinação teve início em frente ao Bradesco da avenida Lauro Muller, o antigo HSBC.

Católico, Celso é o mais falante. “Para mim, é uma questão de agradecimento em geral, pela família, pela saúde e pelos obstáculos que vencemos na vida. Sem Deus não somos nada”, diz.

Márcio fez o caminho pelo terceiro ano consecutivo. Seus passos foram guiados e motivados pela fé, como ele conta. “A primeira vez eu vim por causa do desafio de percorrer os quilômetros, na segunda já foi por questão de fé”, afirma.

“Viemos agradecer pelas graças recebidas e que ainda estamos recebendo”, completa Márcio. O filho Ryan, apesar de apenas 15 anos de idade, decidiu acompanhar o pai na caminhada. Para Ryan, o objetivo principal é agradecer pela vida e pelas graças.

Celso (à esq.) acompanhou Ryan (centro), filho de Márcio | Foto: Marcos Borges

Da Praia Brava a Nova Trento para renovar promessa
O empresário Ednei Saes é contumaz peregrino. Ele mora na Praia Brava, em Itajaí, e saiu cedinho de lá, passou por Brusque e foi até o Santuário. O objetivo foi o pagamento de uma promessa.

Ednei carrega no pescoço o lembrete da sua promessa. O crucifixo foi comprado por ele no santuário neotrentino no ano passado. Na Sexta-Feira da Paixão, ele voltou a fazer o caminho de aproximadamente 70 quilômetros.

“Venho para pagar promessas por conseguir alcançar os objetivos, então vim agradecer”, diz o empresário. “Não só pelos bens materiais, mas pela família. Venho agradecer pelo alimento material e pelo espiritual”, complementa.

Ednei explica que o caminho é feito sozinho. Os quilômetros de bicicleta servem, também, para refletir sobre os atos e pensamentos, e para rezar.

Em Nova Trento, o empresário agradeceu e também renovou a promessa. Ele estabeleceu novos objetivos para os meses daqui em diante.

Ednei Saes fez o caminho para pagar promessa | Foto: Marcos Borges

Dezenas de quilômetros de fé
Dentre os peregrinos, muitos estavam de bicicleta. E dentre estes, destacava-se um grupo de quatro ciclistas – que saíram de Blumenau em direção a Nova Trento. Primeiro passaram pelo Morro da Cruz, ponto bastante famoso na região, e depois passaram pelo Santuário Santa Paulina.

O grupo é formado por apaixonados pelo ciclismo. Durante o ano, eles percorrem várias cidades. A ida a Nova Trento é um misto de esporte e fé. Os quatro são unânimes ao afirmar que o principal é agradecer pela saúde que lhes permite pedalar.

Gerson Voltolini faz caminho Blumenau-Nova Trento há 15 anos. “Venho para agradecer pela saúde, para ver se consigo chegar aos 80 anos pedalando”, brinca o ciclista.

Mário Hort destaca que o caminho proporciona um desafio para quem gosta de andar de bike. Além disso, é possível conhecer novas pessoas e renovar a fé.

Há dez anos sem fazer a peregrinação, Alex Alves se juntou ao grupo. “Vim pelo prazer e também para agradecer pela saúde”, comenta.

Rudimar Rampanelli é outro integrante. O jovem diz que o mais importante é rezar e dar graças pela saúde concedida ao longo do ano.

Com ida e volta, o trajeto tem aproximadamente 150 quilômetros. O trajeto, em vez de provocar cansaço, é motivo de animação para os ciclistas-peregrinos.

Mário, Gerson, Rudimar e Alex saíram de Blumenau e passaram pelo Morro da Cruz| Foto: Marcos Borges

Anos de fé e amor ao ciclismo
Aos 63 anos de idade, Antônio Guerreiro veio firme e forte no trajeto de Blumenau até Nova Trento. Ele pratica o ciclismo há mais de 40 anos. Com físico invejável, o senhor fala com orgulho da sua disposição.

Nesta Sexta-Feira da Paixão, ele afirma que a peregrinação é uma mistura. “Tem fé,  mas também o desafio motiva”, diz Antônio.

O ciclista comenta que fez o mesmo caminho em 2017. Ele resolveu pegar a bike mesmo tendo passado por uma operação apenas 38 dias antes. “Passei mal, mas consegui”, confidencia o morador de Blumenau.

Antônio fez o trajeto de Blumenau a Nova Trento aos 63 anos de idade | Foto: Marcos Borges
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