Um clube de futebol é como uma máquina que precisa ter todas as suas engrenagens azeitadas e em pleno funcionamento para que o resultado dentro de campo seja o melhor possível.

Pelo Brusque Futebol Clube passaram diversos profissionais das mais diferentes áreas que, mesmo longe dos holofotes e trabalhando muitas vezes fora das quatro linhas, foram fundamentais para as campanhas do quadricolor.

Do massagista ao técnico, do roupeiro ao centroavante autor do gol da vitória, do motorista de ônibus ao presidente do clube: todos desempenham funções importantes com o intuito de levar o time às glórias. Conheça alguns dos personagens que dedicaram ou ainda dedicam grande parte de suas vidas ao Bruscão.

Doutor André: vida dedicada ao Brusque

André Karnikowski exibe quadros dos elencos do Bruscão a qual trabalhou. Foto: Cristóvão Vieira

Após se formar em Medicina e concluir a especialização em ortopedia em Passo Fundo (RS), André Karnikowski recebeu propostas para trabalhar em Blumenau, Itajaí e Florianópolis. Mas o médico conhecia Brusque, e nada o fez tirar da cabeça que faria sua carreira na cidade. Em 1996, com ajuda de colegas ortopedistas, ele conseguiu abertura para trabalhar no Hospital Evangélico, onde deu seus primeiros passos.

Procurando se consolidar na cidade e aproveitando para unir sua profissão com a paixão pessoal – o futebol -, ele aceitou o convite do então presidente do Bruscão, Ricardo Hoffmann, para ser o médico do quadricolor. “Eu estava recém começando minha carreira e então aceitei. Era um trabalho sem remuneração, mas que acabou me abrindo muitas portas”, completa. Ele lembra que, como gostava de jogar bola, chegava a participar dos tradicionais coletivos do time em 1996.

Ali iniciou-se uma trajetória que perdura até hoje. Karnikowski atende jogadores do Brusque todos os dias. Ele examina, trata, toma decisões e passa os prazos de recuperação. O médico também foi conseguindo parcerias com serviços de imagem, fazendo o clube evoluir em termos de saúde, prevenção e tratamento.

Karnikowski teve ainda uma passagem como presidente do Brusque, em 2000. Para ele, o período foi muito desgastante, já que dividia as funções de cartola, médico do clube, além o trabalho em seu consultório. Quando saiu, se afastou do clube, mas não demorou a voltar, sendo que permanece como o chefe máximo do departamento médico quadricolor. “É um grande orgulho ser médico do Brusque. Aonde passou sou reconhecido por isso, e é gratificante“, afirma.

Bob: treinando para a vitória
Quando se pensa em comissão técnica, a visão do treinador com sua prancheta e apito no pescoço logo aparece na cabeça. No entanto, o preparador de goleiros é também uma figura responsável pelo trabalho de uma posição que pode significar tanto o triunfo quanto o tropeço de um time de futebol.

Robson Machado, o Bob, foi o responsável por treinar, qualificar e preparar os goleiros do Bruscão no início dos anos 1990, em especial Carlos Alberto, que viria a ser o arqueiro do título de 92. Ex-atleta profissional e hoje vice-presidente do Carlos Renaux, Bob relembra seu retorno ao município. “Quando eu larguei o Novo Hamburgo, tinha 27 anos, voltei pra Brusque, de onde sou natural. Aí passei a treinar o amador do Carlos Renaux em 1986”.

No ano seguinte, após a fusão do Vovô com o Paysandú, Bob foi convidado para treinar as categorias de base do quadricolor. Lauro Burigo, primeiro técnico da história da nova equipe, convidou Bob para a preparação de goleiros. “Eu trabalhava em uma empresa têxtil e fiquei só um mês como preparador em 1988. Mas em 1992, o então presidente Chico Wehmut foi atrás de mim mais uma vez, e voltei, ficando no clube até encerrar a carreira como membro de comissão técnica profissional”, explica.

Bob sentiu, naquela temporada de 92, que tinha bom elemento humano em suas mãos. “Eu preparei o trio Carlos Alberto, Pedrinho e Leandro. Eles eram excelentes profissionais dentro e fora de campo. Me dei muito bem com eles e aprendi bastante”, conta. Além de técnico da base e preparador de goleiros, Bob chegou a ser técnico da equipe profissional em 1996, mas optou por sair após sete jogos e quatro vitórias.

Theobaldo: massoterapeuta vencedor

Massoterapeuta Theo em Madureira, na partida da Série D, em 2016. Foto: Arquivo Pessoal

A carreira de atleta profissional é repleta de lesões. A carga intensa de jogos e treinamentos é responsável por toda a sorte de acidentes de trabalho, mas muitos deles precisam de atendimento imediato para o alívio da dor e até mesmo para evitar o pior. Aí entra o trabalho do massagista, ou massoterapeuta, normalmente visto correndo pelo campo com sua maleta em direção a um atleta estirado no gramado.

Por muito tempo, Theobaldo Robinson Oliveira, o Theo, foi o massagista do Bruscão. “Cheguei em Brusque em 2000. Vim como preparador de goleiros, mas eu tinha o curso de massoterapeuta e aí assumi esse posto”, explica o gaúcho de Cruz Alta que, nos últimos 17 anos, viveu entre idas e vindas no quadricolor.

Theo ficou bastante reconhecido por ter sido o massagista do período de títulos do clube. Entre 2008 e 2010, ele foi o profissional responsável por proteger a integridade física do elenco que conquistou duas Copas Santa Catarina e a Recopa Sul-Brasileira.

Ainda teve passagem pelo time em 2015, ano em que o clube conquistou o Catarinense Série B. “Sempre fiz o meu trabalho com muita dedicação e fui tratado com bastante respeito pelo clube, guardo com carinho minhas passagens pelo Brusque”, diz.