João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Copa do Mundo e a derrota do Brasil

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Copa do Mundo e a derrota do Brasil

João José Leal

Todos sabem, inclusive no estrangeiro. Somos o país do futebol. De segunda a domingo, os brasileiros passam o tempo discutindo a colocação do seu time do coração na tabela do Brasileirão, termo criado pela linguagem marginal do futebolês. É ali que jogam os times da elite, com fanáticos torcedores corinthianos, flamenguistas, vascaínos e outros rivais, envergando camisas de marca registrada, que sem dinheiro não tem futebol. Esses fieis adoradores dos ídolos de pés de ouro, estão espalhados por todo o país.

A cada quatro anos, então, o brasileiro enlouquece durante a Copa do Mundo. Cada um discute apaixonado, escala sua equipe preferida, infalível, inderrotável, todos numa corrente pra frente, confiantes, certos de que vamos chegar ao hexa e trazer a taça de campeões do mundo. Esquecemos dos grandes problemas nacionais. Educação, saúde, segurança pública, educação e eleições presidenciais, questões importantes, problemas graves que desaparecem da tela global mágica e colorida e da cabeça dos brasileiros.

Não sei explicar, mas quando o Brasil joga, saio para caminhar. Foi o que fiz na última sexta-feira, quando nossa seleção foi derrotada pela Bélgica. Na avenida e ruas, quase nenhum carro ou moto circulando. Os poucos extraviados passavam em disparada, apressados, os motoristas doidos para chegar em casa, botar o olho na tela global e ver a nossa seleção ganhar. Afinal, sem esperança não se chega a vitórias e conquistas. e derrota para a equipe belga, era coisa impensável.

Caminhei por ruas desertas, calçadas sem gente. Cruzei um ou outro caminhante perdido, como eu, no vazio de uma tarde, geralmente, cheia de gente. Do interior das lojas fechadas, gritos histéricos, “juiz ladrão”, “juiz f.d.p.”, “levanta Neymar”. Não era só gritaria masculina. Também as mulheres que, geralmente, não assistem a futebol, coisa para homem, gritavam excitadas. Afinal, Copa é paixão alienada total. Estávamos vivendo a loucura da Copa, todos de olho na tela global, vitrine onde se exibiam ídolos movidos a milhões de euros, brasileiros por força de uma certidão de nascimento.

Quando terminou o jogo, Brasil derrotado, cheguei ao café para tomar o meu expresso. Havia recomeçado o movimento de carros nas ruas. As portas se abriram. Pessoas passavam em frente à mesa do café, carrancudas, a frustração estampada na fisionomia, por uma derrota até então impensável. Os palavrões continuavam, contra o juiz. E, também, contra nossos jogadores, que não souberam se manter em pé para defender a camisa da seleção brasileira, a melhor do mundo.

Então, pensei. Agora, o ano vai começar para os brasileiros.

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